China avalia nave de resgate para trazer trio da Shenzhou-20 após suspeita de dano por detritos espaciais

China avalia nave de resgate para trazer trio da Shenzhou-20 após suspeita de dano por detritos espaciais

Pequim lida com um desafio crítico no programa de voos tripulados: a cápsula Shenzhou-20, que deveria ter trazido de volta à Terra os astronautas Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie, permanece acoplada à estação espacial Tiangong porque há indícios de que sofreu impacto de fragmentos orbitais. Com o pouso cancelado na última quarta-feira, 5, a Agência Espacial Tripulada da China (CMSA) iniciou um extenso protocolo de segurança e estuda lançar uma segunda nave, potencialmente a Shenzhou-22, para executar uma operação de resgate.

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Quem está em órbita e há quanto tempo

Os protagonistas do impasse são três taikonautas veteranos: Chen Dong, comandante com extensa experiência, Chen Zhongrui e Wang Jie. O trio partiu da base de Jiuquan em 24 de abril de 2025 a bordo de um foguete Long March-2F. A missão já ultrapassou seis meses, período que supera a duração nominal das estadias chinesas em órbita baixa. A extensão da permanência, decorrente do adiamento do retorno, projeta Chen Dong a um novo recorde pessoal e nacional: ele somará mais de 416 dias acumulados em voo, reforçando sua posição como astronauta chinês com maior tempo total fora da Terra.

O que deveria ter acontecido

O plano original seguia o roteiro padrão adotado desde a construção da estação Tiangong. Após concluir os experimentos científicos e as tarefas de manutenção, a Shenzhou-20 abandonaria o módulo central Tianhe, realizaria uma série de frenagens atmosféricas calculadas e aterrissaria em área pré-definida no Deserto de Gobi. Esse procedimento costuma levar poucas horas entre o desacoplamento e a abertura dos paraquedas sobre solo chinês, permitindo rápida recuperação da equipe médica e técnica.

Como o problema foi identificado

Horas antes da janela de reentrada, sensores da Shenzhou-20 registraram anomalias compatíveis com microimpacto de detritos. Mesmo partículas inferiores a um centímetro podem comprometer sistemas de proteção térmica, vedação ou controle de atitude. Diante da incerteza, a CMSA optou por cancelar a descida e preservar a segurança da tripulação. A decisão ativou automaticamente protocolos que incluem inspeções visuais por câmeras externas, varreduras estruturais por ultrassom e simulações digitais para estimar o comportamento da cápsula durante o atrito atmosférico.

O que está sendo feito agora

A agência informa que Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie continuam em boas condições físicas e psicológicas. Na Tiangong, os três executam rotinas de exercícios, conduzem experimentos planejados e iniciam procedimentos de preparação para eventual retorno, como ajustes nutricionais e verificações médicas. Em paralelo, engenheiros da CMSA realizam testes de bancada na cápsula reserva mantida em solo. Esse veículo de contingência, idêntico ao que se encontra em órbita, passa por checagens minuciosas de pressurização, sequências de ignição e autonomia elétrica a fim de garantir que possa ser lançado sem tripulação, caso o cenário exija.

Plano alternativo: envio de uma nave de resgate

Se as inspeções confirmarem qualquer risco para a Shenzhou-20, o caminho mais prudente será enviar uma nova cápsula — citada por órgãos de imprensa como Shenzhou-22 — exclusivamente para o resgate. O cronograma preliminar prevê lançamento por outro foguete Long March-2F, acoplamento automático ao porto livre da Tiangong e transferência dos astronautas. Após a transferência, duas possibilidades estão em análise: direcionar a Shenzhou-20 a uma reentrada controlada sem tripulação ou mantê-la estacionada, servindo como plataforma de testes para futuras missões. A decisão dependerá do diagnóstico final sobre a extensão do suposto dano.

Pontos ainda indefinidos

A CMSA não divulgou laudo detalhado sobre a área atingida nem estimativas de comprometimento dos sistemas térmicos. Também não há data oficial para retorno, seja pela Shenzhou-20, seja pela eventual Shenzhou-22. Critérios como magnitude do dano, disponibilidade de foguetes e condições meteorológicas na zona de pouso serão considerados na escolha do próximo passo. Igualmente indefinidos estão o roteiro de acoplamento caso se confirme a missão extra e o tempo que a tripulação passará em órbita até a solução final.

Condições de vida a bordo da Tiangong

Com 55 metros de comprimento distribuídos em três módulos pressurizados, a estação espacial chinesa possui aproximadamente metade do volume interno da ISS. Projetada para operar com três membros de forma contínua, tem capacidade de receber seis pessoas durante trocas de turno, o que reduz desconfortos gerados por estadias prolongadas. Entre os recursos disponíveis estão sistemas de reciclagem de ar e água, áreas de exercícios resistidos e laboratórios de microgravidade. Esses fatores oferecem margem operacional para que o trio permaneça em segurança por algumas semanas adicionais caso necessário.

Precedentes e lições para a cooperação internacional

A situação remete a episódios recentes de prolongamentos forçados em voos tripulados. Em 2023, os astronautas da NASA Butch Wilmore e Sunita Williams ficaram nove meses na Estação Espacial Internacional por conta de falhas encontradas após o acoplamento da cápsula Boeing Starliner, missão originalmente planejada para pouco mais de uma semana. Casos como esses evidenciam a vulnerabilidade das espaçonaves a micrometeoritos e lixo orbital e reforçam debates sobre um sistema de resgate multilateral que permita assistência rápida independentemente da nacionalidade da tripulação.

Consequências técnicas e programáticas

A verificação dos danos na Shenzhou-20 servirá como estudo de caso para reforçar blindagens, atualizar modelos de risco e otimizar estratégias de fuga em futuras missões. Além disso, a experiência pode influenciar o calendário chinês de voos, já que a necessidade de usar o foguete Long March-2F para resgate impactaria a fila de lançamentos subsequentes. Ainda que a CMSA mantenha o cronograma oficial inalterado por enquanto, qualquer alteração de prioridade em recursos logísticos tem reflexo direto no avanço dos módulos laboratoriais planejados para a Tiangong e nas atividades científicas programadas.

Possível destino da cápsula danificada

Caso a investigação conclua que a Shenzhou-20 não deva realizar reentrada tripulada, duas opções são avaliadas. A primeira consiste em enviá-la a uma trajetória de desintegração controlada sobre áreas oceânicas remotas, padrão para veículos descartados. A segunda prevê mantê-la em órbita como alvo para experimentos de acoplamento autônomo e testes de sistemas de bordo em ambiente real. Essa alternativa transformaria um inconveniente operacional em oportunidade tecnológica, mas exigiria alocação extra de banda de comunicação e monitoramento contínuo da órbita para evitar colisões com outros satélites.

Impacto na carreira dos taikonautas

Enquanto a decisão técnica não é anunciada, Chen Dong consolida o posto de astronauta chinês com maior tempo cumulativo no espaço. A extensão da missão também amplia a experiência de Chen Zhongrui e Wang Jie, que poderão contribuir com dados biomédicos valiosos sobre permanências prolongadas em microgravidade. Essas informações alimentam pesquisas sobre saúde óssea, desempenho cardiovascular e adaptação psicológica, essenciais para futuros voos de longa duração rumo à Lua ou a Marte.

Próximos passos aguardados

Relatórios internos da CMSA definirão se a Shenzhou-20 receberá autorização para reentrada ou se a opção pelo lançamento de uma nave vazia será confirmada. Até que haja conclusão dos testes estruturais, Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie continuarão seguindo rotinas regulares na Tiangong, executando experimentos, fazendo manutenção e mantendo preparação física voltada para a alta aceleração do retorno. A expectativa é que o veredito técnico seja divulgado assim que houver garantia absoluta de segurança, princípio que norteia todas as etapas das missões tripuladas chinesas.

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