Cérebro ao ver um filme reage como se a narrativa fosse real, segundo pesquisa publicada na revista Neuron. Utilizando ressonância magnética funcional (fMRI), neurocientistas analisaram voluntários enquanto assistiam a diferentes gêneros cinematográficos e identificaram um mosaico de áreas ativadas de acordo com cada cena.
Os dados mostraram que sequências de ação intensificam a atividade no córtex visual e na amígdala, região ligada ao mecanismo de luta ou fuga. Já passagens emotivas ativam o sistema límbico, com destaque para hipocampo e córtex cingulado anterior, responsáveis pela empatia e conexão afetiva.
Cérebro ao ver um filme: estudo mapeia reações neurais
Outro achado relevante foi a sincronia entre cérebros de pessoas diferentes. Participantes que assistiam ao mesmo filme exibiram padrões semelhantes no córtex temporal e na junção temporoparietal, áreas associadas à linguagem e interpretação social. Para os autores, essa sintonia explica por que espectadores costumam rir, assustar-se ou comover-se simultaneamente em uma sala de cinema.
Diversos gêneros provocaram respostas distintas. Filmes de terror aumentaram o alerta na amígdala, enquanto comédias estimularam o núcleo accumbens, circuito de prazer e recompensa dopaminérgica. Dramas complexos, por sua vez, mobilizaram o córtex pré-frontal dorsolateral, ligado ao pensamento crítico e à resolução de problemas.
Os cientistas também correlacionaram essas ativações com preferências pessoais: voluntários que demonstraram maior excitação no sistema de recompensa diante de comédias tendiam a escolher esse gênero com mais frequência. O mesmo ocorreu com fãs de suspense, cuja amígdala respondeu intensamente a cenas de tensão.
De acordo com o estudo, compreender como o cérebro interpreta narrativas audiovisuais pode ampliar o uso terapêutico dos filmes, auxiliando no treinamento emocional, na reabilitação pós-trauma e no desenvolvimento de habilidades sociais. A própria revista Neuron destacou que esses resultados reforçam a validade de obras audiovisuais como ferramentas científicas de investigação cognitiva. Para detalhes metodológicos, confira a publicação no site da Cell Press.
Em síntese, assistir a um filme envolve muito mais do que diversão: é um exercício cerebral intenso que espelha experiências reais, sincroniza espectadores e, potencialmente, ajuda na saúde mental.
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Imagem: Jeremy Yap/Unsplash