Startup Cameo processa OpenAI por uso do termo “cameo” em recurso do Sora 2

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A startup Cameo ingressou com uma ação no Tribunal Federal da Califórnia contra a OpenAI, criadora do ChatGPT, por suposta violação de marca registrada e concorrência desleal. O processo questiona o emprego da palavra “cameo” em um novo recurso do aplicativo de geração de vídeos por inteligência artificial Sora 2. A empresa de vídeos personalizados alega que a escolha do termo provoca confusão entre consumidores, dilui a identidade construída desde 2017 e associa sua marca a conteúdos possivelmente falsos ou de baixa qualidade.
- Origem do conflito entre as empresas
- Quem é a Cameo e como o serviço funciona
- O que é o Sora 2 e qual a função chamada “cameo”
- Alegações apresentadas no processo de 28 de outubro
- Evidências de confusão relatadas pela Cameo
- Pedidos encaminhados ao Tribunal Federal da Califórnia
- Tentativas de solução extrajudicial e posicionamento da OpenAI
- Próximos passos do processo
Origem do conflito entre as empresas
O desentendimento começou após a OpenAI introduzir, no Sora 2, uma funcionalidade que recebeu o nome “cameo”. O recurso permite que usuários criem avatares digitais, próprios ou de figuras públicas, para utilização em vídeos. Na avaliação da Cameo, a adoção desse rótulo infringe direitos de marca e se aproveita da reputação acumulada pela plataforma de vídeos personalizados ao longo de sete anos de operação.
Quem é a Cameo e como o serviço funciona
Fundada em 2017, a Cameo conecta fãs a artistas, atletas e influenciadores, oferecendo vídeos sob medida nos quais personalidades gravam mensagens curtas para ocasiões como aniversários, comemorações ou simples saudações. O nome da empresa deriva do conceito de “cameo”, termo em inglês que descreve participações rápidas e especiais de celebridades em filmes, séries ou outros formatos audiovisuais. A escolha buscou transmitir a mesma ideia de aparição breve, porém personalizada, agora transposta para o ambiente digital.
Desde o lançamento, a startup consolidou um modelo de marketplace que envolve três frentes principais: cadastro de talentos, oferta de pedidos pela base de fãs e entrega do conteúdo final em vídeo. Esse formato reforçou a associação direta entre a palavra “cameo” e o serviço de mensagens exclusivas, criando, segundo a ação judicial, um reconhecimento de marca patenteado ao longo de anos.
O que é o Sora 2 e qual a função chamada “cameo”
Sora 2 é a segunda versão do aplicativo de vídeos gerados por inteligência artificial desenvolvido pela OpenAI. A plataforma promete converter comandos de texto em sequências visuais, possibilitando a criação de material audiovisual sem a necessidade de câmeras ou atores reais. Dentro desse contexto, a OpenAI introduziu um conjunto de ferramentas que abrange a geração de avatares digitais — e batizou um desses recursos como “cameo”.
O procedimento descrito no processo indica que usuários podem selecionar suas próprias imagens ou, quando permitido, utilizar fotos de celebridades para compor esses avatares. Entre os nomes que teriam autorizado o uso estão o boxeador e influenciador Jake Paul e o empresário Mark Cuban. A Cameo sustenta que essa dinâmica se assemelha ao seu produto tradicional, o que potencializaria uma sobreposição na percepção do público.
Alegações apresentadas no processo de 28 de outubro
Protocolada em 28 de outubro, a petição registra duas acusações centrais: violação de marca registrada e concorrência desleal. A primeira refere-se ao uso indevido do termo “cameo” por uma companhia que não detém os direitos sobre a marca em serviços de vídeo personalizado. A segunda sustenta que a OpenAI estaria se beneficiando da reputação estabelecida pela Cameo para impulsionar a adoção do Sora 2, prática enquadrada como competição desleal pelas leis de propriedade intelectual dos Estados Unidos.
A ação afirma que a escolha intencional do nome causa risco de associação a “conteúdos falsos, apressados e de baixa qualidade” gerados por inteligência artificial, o que poderia impactar negativamente a imagem da startup perante consumidores e talentos cadastrados.
Evidências de confusão relatadas pela Cameo
Para sustentar a tese de confusão no mercado, o processo lista situações específicas. A Cameo relata ter recebido contatos de usuários que, ao procurar suporte, faziam referência ao aplicativo da OpenAI supondo tratar-se da própria plataforma de vídeos personalizados. Além disso, foram identificadas publicações em redes sociais marcando erroneamente o perfil oficial da empresa quando o assunto era o novo recurso do Sora 2.
Outro ponto citado é o surgimento de domínios de terceiros, como “SoraCameos.app” e “CameoSora.com”, registrados depois do lançamento da funcionalidade. Segundo a petição, esses sites reforçam a percepção pública de que os dois serviços teriam relação direta, contribuindo para a diluição da marca e para a perda de caráter distintivo do nome.
Pedidos encaminhados ao Tribunal Federal da Califórnia
A Cameo pleiteia duas providências principais. A primeira é uma indenização — o processo não especifica montante — destinada a reparar danos financeiros e reputacionais que a empresa afirma ter sofrido. A segunda é uma ordem judicial que impeça a OpenAI de empregar o termo “cameo” em qualquer produto ou serviço atual ou futuro. A companhia argumenta que tais medidas são necessárias para resguardar consumidores, talentos cadastrados e a solidez do seu marketplace.
Tentativas de solução extrajudicial e posicionamento da OpenAI
De acordo com a ação, a Cameo buscou resolver o impasse antes de recorrer aos tribunais. O processo menciona abordagens diretas à OpenAI com o objetivo de cessar o uso do nome em caráter voluntário. Essas conversas, porém, não resultaram em um acordo. Em declaração pública, o diretor-executivo da Cameo, Steven Galanis, afirmou que a companhia não toma litígios “de forma leviana” e que mover a ação foi a alternativa considerada necessária para proteger usuários e parceiros.
A OpenAI, por sua vez, indicou que está analisando as acusações. Por meio de nota encaminhada à agência de notícias Reuters, um porta-voz da organização declarou não concordar com a suposta exclusividade do termo “cameo”, classificando-o como palavra de uso comum que não poderia ser apropriada em caráter exclusivo por qualquer entidade.
Próximos passos do processo
Após a distribuição da ação, caberá ao Tribunal Federal da Califórnia avaliar se a marca registrada da Cameo confere proteção suficiente para impedir o uso do termo pela OpenAI em contexto distinto, porém dentro do mesmo setor de vídeos personalizados. O andamento incluirá etapas de contestação, coleta de provas e possível audiência, caso as partes não cheguem a um acordo intermediário.
Panorama geral
O litígio entre Cameo e OpenAI gira em torno de uma palavra que se tornou sinônimo de participação especial no entretenimento e, desde 2017, identificou um serviço de vídeos sob medida. A disputa judicial agora definirá se esse sinal distintivo possui abrangência para bloquear sua adoção por um aplicativo de inteligência artificial que também opera no mercado de criações audiovisuais.
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