Brasil pode adicionar US$ 400 bilhões ao PIB com economia verde, aponta estudo apresentado na COP30

Brasil pode adicionar US$ 400 bilhões ao PIB com economia verde, aponta estudo apresentado na COP30

Lead — Um relatório apresentado durante a COP30 indica que o Brasil tem condições de tornar-se protagonista mundial na economia baseada na natureza. O documento, produzido pelo Instituto Aya em parceria com a consultoria Systemiq e apoio do UKPact, projeta a adição de mais de 400 bilhões de dólares ao Produto Interno Bruto nacional e a criação de 10 milhões de empregos até 2030, caso o país concentre investimentos em setores considerados decisivos para a transição ecológica.

Índice

O estudo e seu contexto

Intitulado Diversidade econômica, comercial, humana e financeira para a transformação ecológica do Brasil, o trabalho foi divulgado na 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O ponto central é a convergência entre preservação ambiental e expansão econômica, apresentada como caminho necessário para atender à crescente demanda global por soluções de baixo carbono.

A publicação coincide com um momento em que o país ocupa espaços diplomáticos relevantes — como Brics, G20 e a própria conferência do clima —, o que, segundo os autores, amplia a capacidade de negociação de compromissos internacionais favoráveis a projetos verdes.

Metodologia: sete critérios de avaliação

Para determinar as áreas com maior potencial de crescimento, os pesquisadores estabeleceram sete critérios principais: demanda internacional, capacidade de descarbonização, potencial de geração de PIB, competitividade de custos, disponibilidade de recursos naturais, maturidade tecnológica e viabilidade de implementação até 2030. A partir dessa matriz, identificaram as cadeias mais promissoras para impulsionar a economia verde nacional.

Setores prioritários para acelerar a transição

O relatório detalha sete cadeias consideradas essenciais:

1. Bio-Combustível Sustentável de Aviação (Bio-SAF)
Apontado como a oportunidade de crescimento mais imediata, o Bio-SAF atende à demanda global por combustíveis renováveis no setor aéreo. O Brasil dispõe de ampla oferta de soja, milho e cana-de-açúcar, matérias-primas que reduzem custos logísticos e aumentam a competitividade.

2. Minerais críticos
Elementos como lítio, níquel e cobalto são indispensáveis para tecnologias de armazenamento de energia e mobilidade elétrica. A disponibilidade desses recursos no território brasileiro posiciona o país como fornecedor estratégico.

3. Baterias e veículos elétricos
A cadeia engloba desde a produção de componentes até a montagem de automóveis. O estudo destaca a sinergia entre minerais críticos e fabricação local, reforçando a possibilidade de geração de valor agregado interno.

4. Biossaúde e superalimentos
Produtos derivados da biodiversidade — como fitoterápicos e alimentos funcionais — atendem a uma demanda crescente por alternativas naturais, com origem rastreável e baixo impacto ambiental.

5. Circularidade de plásticos e têxteis
Iniciativas de reciclagem avançada e desenvolvimento de biopolímeros reduzem resíduos e capturam valor em cadeias antes lineares.

6. Adaptação e infraestrutura urbana verde
Projetos que aumentam a resiliência climática nas cidades, como soluções baseadas em natureza para controle de enchentes, são considerados vitais para proteger a população e preservar ativos econômicos.

7. Data centers
A expansão de serviços digitais requer instalações energeticamente eficientes. A combinação de fontes renováveis e políticas de eficiência pode transformar o país em polo de hospedagem de dados com baixa pegada de carbono.

Distribuição geográfica das oportunidades

Durante a conferência, os responsáveis pelo estudo também apresentaram uma plataforma que mapeia investimentos verdes por unidade federativa. Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia e Pará aparecem com maior número de anúncios relacionados ao Bio-SAF, refletindo a disponibilidade de biomassa e a infraestrutura agrícola desses estados.

Além das cadeias específicas, a ferramenta evidencia diferenças regionais em necessidades de qualificação profissional, infraestrutura logística e incentivos fiscais, informações consideradas essenciais para orientar formuladores de políticas públicas e investidores.

Ganho macroeconômico e geração de empregos

O impacto quantitativo estimado é expressivo. Caso as iniciativas sejam implementadas conforme o cenário de referência, o Produto Interno Bruto brasileiro pode receber acréscimo superior a 400 bilhões de dólares em apenas sete anos. No mercado de trabalho, o número de empregos diretos e indiretos gerados pode alcançar 10 milhões no mesmo período.

Os autores também avaliaram o efeito da economia verde sobre a substituição tecnológica. Processos de automação e uso de inteligência artificial tendem a eliminar postos de trabalho tradicionais; entretanto, o relatório prevê até 28 milhões de novas oportunidades em áreas como biotecnologia, silvicultura, biossaúde e processos químicos, compensando perdas e exigindo requalificação massiva da força laboral.

Infraestrutura verde: gargalos e necessidades

Apesar do potencial, a análise aponta a infraestrutura como principal obstáculo. Sistemas de transporte, armazenagem e distribuição adaptados aos novos fluxos de biomassa e minerais críticos precisam de expansão rápida. A ausência de corredores logísticos dedicados aumenta custos e pode retardar metas de descarbonização.

Parcerias Público-Privadas são destacadas como mecanismo essencial para viabilizar projetos de grande escala, dados os volumes de capital necessários e a urgência das metas climáticas. A cooperação internacional surge como complemento, seja pelo financiamento de longo prazo, seja pela transferência de tecnologia.

Corredores verdes e diplomacia climática

Nos debates da COP30, o conceito de corredores verdes foi apresentado como solução para acelerar a articulação regional e global. Esses corredores consistem em rotas de comércio e investimento pautadas por critérios de baixa emissão de carbono, capazes de integrar diferentes cadeias de valor. O papel do Brasil, posicionado entre os maiores detentores de biodiversidade e de capacidade agrícola, torna-se estratégico para estruturar acordos com múltiplos mercados.

Capacitação e qualificação profissional

A rápida expansão dos setores listados exigirá programas de treinamento específicos. Competências em química verde, engenharia florestal, ciência de dados aplicada à sustentabilidade e design de materiais circulares despontam como demandas prioritárias. Sem a formação adequada, a criação de vagas projetada pode não se converter em empregos ocupados, o que ampliaria desigualdades regionais.

Perspectivas até 2030

Com base nos números apresentados, o horizonte de sete anos para cumprir as projeções é considerado apertado, porém factível. A combinação de recursos naturais abundantes, crescente pressa internacional por cadeias de valor sustentáveis e participação ativa em fóruns multilaterais compõe um cenário favorável. Contudo, a materialização dos benefícios depende de:

• Consolidação de marcos regulatórios que reduzam riscos a investidores.
• Ampliação do acesso a financiamento de longo prazo, doméstico e estrangeiro.
• Integração de políticas industriais, de inovação e de preservação ambiental.
• Incentivos para pesquisa, desenvolvimento e adoção de novas tecnologias.
• Programas de capacitação alinhados às demandas de cada cadeia.

Conclusões do relatório

O documento apresentado na COP30 reforça que prosperidade econômica e conservação ambiental não competem entre si; ao contrário, formam eixo único de desenvolvimento para o Brasil. O aproveitamento de cadeias estratégicas, aliado a políticas públicas consistentes e cooperação internacional, pode transformar o país em referência global de economia verde, gerando crescimento, empregos e maior resiliência climática até o fim da década.

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