Bolsonaro condenado por tentativa de golpe é o desfecho de um julgamento que mobilizou o país e expôs fissuras políticas profundas.
Nesta quinta-feira (37 minutos atrás, horário de Brasília), o Supremo Tribunal Federal alcançou maioria de três votos para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por organizar uma tentativa de golpe e liderar grupo armado após a derrota eleitoral de 2022. A decisão o torna passível de uma pena que pode se estender por toda a vida, embora a sentença definitiva ainda não tenha sido definida.
Bolsonaro condenado por tentativa de golpe no Brasil
O processo, transmitido ao vivo pelas redes sociais e principais canais de televisão, revelou provas contundentes. Entre elas, um plano elaborado por aliados do ex-presidente para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, com métodos que incluíam “veneno”. O documento foi impresso no Palácio do Planalto, segundo o Ministério Público.
A defesa de Bolsonaro alegou ausência de vínculo entre o ex-mandatário e tanto o plano de assassinato quanto os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando milhares de apoiadores invadiram prédios dos Três Poderes em Brasília, em cenas comparadas aos distúrbios de 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos.
O STF também destacou ações anteriores de Bolsonaro para desacreditar o sistema eleitoral, como a reunião com embaixadores estrangeiros repleta de alegações falsas sobre as urnas eletrônicas e operações de órgãos de segurança que dificultaram o acesso de eleitores a seções de votação sob pretexto de “inspeção veicular”.
Críticos do ex-presidente celebram o veredicto como marco contra investidas antidemocráticas, citando a história recente de golpes no país entre 1964 e 1985. “O Brasil quase retornou à ditadura”, advertiu Moraes, ao lembrar que a democracia nacional ainda é jovem.
Já os simpatizantes de Bolsonaro, que contam com o apoio declarado do ex-presidente dos EUA Donald Trump, classificam o julgamento como perseguição política. Trump chegou a utilizar o caso para justificar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Apesar da condenação, o destino de Bolsonaro permanece incerto. Ele deve recorrer ao plenário completo do STF, onde dois dos cinco ministros precisam votar por sua absolvição para que o recurso avance. Somente após o trânsito em julgado é possível o cumprimento de pena no Brasil. Há ainda chance de prisão domiciliar por motivos de saúde, considerando as complicações decorrentes do esfaqueamento sofrido em 2018.
No Congresso, onde o Partido Liberal detém maioria, corre um projeto de anistia. Além disso, um pré-candidato de direita para 2026 sinalizou que concederia perdão ao ex-presidente, ampliando as incertezas sobre eventuais consequências práticas da condenação.
Segundo a BBC (https://www.bbc.com/portuguese), a decisão representa a primeira vez que um ex-chefe de Estado brasileiro é julgado por tentativa de golpe, criando precedente sem registros de anistia automática.
O desenlace deste capítulo deve influenciar o clima político e as eleições vindouras. Para acompanhar mais análises sobre democracia, tecnologia e tendências, acesse nossa editoria de Ciência e Tecnologia e fique por dentro das próximas atualizações.
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