Biomas brasileiros perto do ponto de não retorno, aponta relatório Geo Brasil 2025

Biomas brasileiros perto do ponto de não retorno, aponta relatório Geo Brasil 2025

Biomas brasileiros enfrentam um risco crescente de colapso ambiental, segundo o relatório Geo Brasil 2025, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. O documento indica que diferentes ecossistemas nacionais caminham para o ponto de não retorno, estágio em que alterações climáticas e degradação florestal desencadeiam transformações irreversíveis.

Índice

Biomas brasileiros e o conceito de ponto de não retorno

O estudo define o ponto de não retorno como a linha crítica a partir da qual as mudanças ambientais deixam de ser reversíveis, comprometendo ciclos ecológicos essenciais. Quando esse limite é ultrapassado, a perda de biodiversidade, a alteração no regime de chuvas e a modificação da temperatura média tendem a se realimentar, agravando o cenário. O alerta não se restringe a impactos ecológicos: o relatório adverte que a economia e o bem-estar da população dependem diretamente da estabilidade desses ecossistemas.

As pressões que conduzem os biomas brasileiros a essa situação incluem desmatamento, degradação do solo e aquecimento global. Cada fator atua isoladamente e de forma combinada, acelerando processos de alteração climática regional e reduzindo a capacidade de recuperação natural dos habitats.

Amazônia: epicentro da preocupação com os biomas brasileiros

Entre todos os ecossistemas analisados, a Amazônia é o mais ameaçado. O documento aponta que, no sul da bacia amazônica, do Atlântico até a fronteira boliviana, a estação seca passou a durar de quatro a cinco semanas a mais desde a década de 1970. Concomitantemente, esse setor da floresta tornou-se de 20% a 30% mais seco e registrou aumento de temperatura entre 2 °C e 3 °C.

A combinação de menos chuva e calor mais intenso afetou o balanço de carbono da região. Partes do leste amazônico já emitem mais dióxido de carbono do que conseguem absorver — inversão causada pelo avanço do desmatamento e pela elevação térmica. A superação desse equilíbrio é considerada um dos indicadores mais claros de que o ponto de inflexão da floresta pode ter sido alcançado em determinados trechos.

Outro dado crítico refere-se à reciclagem de umidade. A Amazônia mantém boa parte de sua pluviosidade por meio da evapotranspiração da vegetação. O relatório sinaliza perda gradual dessa capacidade. Caso o desmatamento chegue a valores entre 20% e 25% da cobertura original, grandes áreas podem se converter em savana, alterando drasticamente a biodiversidade e o regime de chuvas de toda a América do Sul.

Cerrado: aquecimento acelerado e perda de vegetação nativa

O Cerrado já apresenta aquecimento superior à média global, ultrapassando 2 °C. Entre 2008 e 2023, mais de 150 mil km² de vegetação nativa desapareceram do bioma. A contínua remoção de cobertura vegetal reduz a disponibilidade de água, fragiliza o solo e ameaça a condição do Cerrado como savana tropical mais biodiversa do planeta.

De acordo com o relatório, a continuidade do desmatamento e do aquecimento comprometerá o papel desse bioma como caixa d’água natural do país. Rios que nascem ali abastecem outras regiões e sustentam atividades agrícolas. A perda de vegetação nativa, portanto, coloca em xeque a segurança alimentar e hídrica não apenas do Centro-Oeste, mas de todo o território nacional.

Caatinga e Pantanal: vulnerabilidades múltiplas nos biomas brasileiros

Na Caatinga, observa-se uma expansão progressiva da aridez. O documento alerta para a possibilidade de deslocamento populacional em massa, caso as condições de seca se intensifiquem. Milhões de habitantes do Nordeste dependem de agricultura de subsistência e de recursos locais; o avanço da desertificação pode gerar conflitos por água e terra, além de perdas culturais associadas à migração forçada.

O Pantanal, por sua vez, entrou em zona de risco climático. As precipitações caíram 32% em relação à média histórica, enquanto a área de inundação permanente encolheu 68%. Esse fenômeno compromete a reprodução de espécies aquáticas, a regeneração da vegetação ribeirinha e atividades fundamentais para a economia local, como pesca artesanal e turismo de observação da fauna.

Pampa e Mata Atlântica: desafios adicionais para os biomas brasileiros

O Pampa enfrenta processo de substituição de áreas naturais por monoculturas e pastagens. Registros de 1913 a 2006 revelam verões mais chuvosos, aumentando risco de enxurradas e lixiviação do solo. A remoção de nutrientes minerais solúveis ameaça a fertilidade e, por consequência, a produtividade agrícola, pilar econômico da região sul.

Na Mata Atlântica, mais de 80% da vegetação original já foi desmatada. O aquecimento médio de 1,1 °C é atribuído à ação conjunta do aquecimento global, da urbanização e da mudança de uso do solo. Embora o estudo não indique um ponto de não retorno definido para esse bioma, o índice elevado de desmatamento reforça a vulnerabilidade a crises hídricas e perda de biodiversidade.

O relatório Geo Brasil 2025 conclui que o combate ao desmatamento continua sendo a medida central para evitar cenários irreversíveis, destacando que na Mata Atlântica ainda não há indicação de ponto de não retorno ecológico.

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