Atestados falsos no Telegram disparam 20 vezes, diz estudo
Atestados falsos no Telegram disparam 20 vezes, diz estudo
Atestados falsos no Telegram disparam 20 vezes desde 2018, segundo levantamento do Laboratório de Desordem Informacional e Políticas Públicas da FGV. O estudo revela que anúncios que ofertam documentos médicos falsificados e medicamentos controlados saltaram de 686 para mais de 15 mil por ano, acumulando quase meio milhão de visualizações apenas em 2025.
Explosão de anúncios e alcance nas redes sociais
A pesquisa, conduzida pelo especialista Ergon Cugler, mapeou mais de 27 mil usuários distribuídos em comunidades do Telegram, TikTok, X, redes da Meta e Google. Esses grupos funcionam como verdadeiros marketplaces, operados por bots que agilizam pagamentos e entregas de atestados, receitas e remédios tarja-preta.
O que está à venda no mercado ilegal
Entre os itens ofertados estão:
• Receitas amarelas para entorpecentes e psicotrópicos de uso restrito, acompanhadas de carimbos autênticos;
• Receitas azuis para psicotrópicos controlados e receitas brancas para medicamentos comuns;
• Atestados médicos personalizáveis, nos quais o comprador define dias de afastamento, CID e recomendações;
• Medicamentos tarja-preta, como opioides, benzodiazepínicos, drogas Z, abortivos e inibidores de apetite.
Para aumentar a aparência de legitimidade, muitos desses documentos trazem nomes e registros verdadeiros de profissionais de saúde, frequentemente usados sem o conhecimento dos médicos.
Tentativas de conter a fraude
O Conselho Federal de Medicina (CFM) criou um sistema de rastreamento que checa a autenticidade dos atestados, mas a ferramenta foi suspensa após questionamentos de fornecedores privados. Já a Anvisa testa uma plataforma eletrônica de prescrição que permite verificar a validade da receita no ato da compra, com lançamento previsto até o fim deste ano.
Enquanto isso, plataformas como Telegram, Google e Meta permanecem em silêncio sobre lucros com anúncios suspeitos. O TikTok afirma dispor de equipes especializadas na remoção de conteúdo fraudulento.
Riscos à saúde e consequências legais
A proliferação de atestados falsos no Telegram e em outras redes facilita o acesso a substâncias potencialmente perigosas sem supervisão médica, elevando o risco de efeitos adversos graves. Além do dano à saúde pública, portar ou utilizar documentos médicos falsificados é crime, sujeito a sanções civis e penais.
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Crédito da imagem: Getty Images

Imagem: Internet