Ataque DDoS de 843 Gbps é neutralizado no Brasil e expõe desafios de infraestrutura crítica

Ataque DDoS de 843 Gbps é neutralizado no Brasil e expõe desafios de infraestrutura crítica

Um ataque de negação de serviço distribuído (ataque DDoS) que alcançou o pico de 843,4 Gbps foi detectado e contido na terça-feira (2) pela NSFOCUS, empresa responsável pela proteção de um provedor de infraestrutura crítica no Brasil. A investida começou pouco depois do meio-dia, derrubou trafego falso sobre a rede durante mais de duas horas e exigiu resposta imediata para preservar a continuidade dos serviços.

Índice

Dimensão do ataque DDoS e números-chave

De acordo com dados divulgados pela NSFOCUS, a ofensiva combinou inundações baseadas em UDP com técnicas de amplificação e reflexão. Essa combinação elevou o volume de pacotes a 73,6 Mpps (milhões de pacotes por segundo) e levou o tráfego total a ultrapassar 600 Gbps em poucos minutos, atingindo o ápice de 843,4 Gbps exatamente às 13h. A empresa relata que 99,9 % do fluxo malicioso foi mitigado antes de alcançar o destino, o que impediu interrupções longas ou danos permanentes ao provedor alvo.

Como o ataque DDoS se desenrolou minuto a minuto

O relógio marcava 12h05 quando o primeiro pico foi registrado nos sensores da operação de Segurança Gerenciada da NSFOCUS (MSS). A partir daí, o volume de dados espúrios escalonou rapidamente. Às 12h20, a chuva de pacotes já excedia 600 Gbps, sufocando links de comunicação e colocando em risco aplicações dependentes da rede visada. O ponto máximo ocorreu às 13h, momento em que o gráfico de tráfego chegou a 843,4 Gbps e 73,6 Mpps. A normalização só foi confirmada às 14h16, depois da aplicação contínua de filtros pela solução Cloud DPS e da coordenação com rotas de trânsito para descartar pacotes não legítimos.

Tecnologias usadas para mitigar o ataque DDoS

A NSFOCUS empregou sua plataforma Cloud DPS para absorver e filtrar o excesso de tráfego. O sistema, operado em conjunto com a equipe de Serviços de Segurança Gerenciados, identifica assinaturas de volume fora do padrão, redireciona o fluxo suspeito para sistemas de limpeza e devolve apenas requisições consideradas legítimas. Segundo o arquiteto de soluções Raphael Dias, é fundamental que provedores mantenham largura de banda dedicada e equipamentos de mitigação dimensionados para o pior cenário, sobretudo quando o vetor é uma inundação UDP, historicamente capaz de gerar volumes superiores a centenas de gigabits por segundo.

Origem aparente dos pacotes e papel das botnets

A análise dos endereços IP revelou origens espalhadas por Estados Unidos, Singapura e China. A presença desses pontos geográficos, entretanto, não significa que os responsáveis residam nesses locais. O padrão observado sugere a atuação de uma botnet distribuída globalmente, composta por dispositivos comprometidos que obedecem a comandos remotos para disparar grandes quantidades de pacotes. Esse comportamento mascarado dificulta a atribuição e amplia o alcance das ondas de dados, pois multiplica a capacidade agregada de envio de tráfego fraudulento.

Impacto potencial para a infraestrutura crítica brasileira

O alvo protegido integra o grupo de infraestruturas críticas nacionais, categoria que abrange serviços cuja indisponibilidade pode comprometer atividades essenciais de usuários, empresas e órgãos públicos. Se a contenção não tivesse sido eficaz, usuários legítimos enfrentariam atrasos, falhas de acesso ou perda total de conectividade. A detecção precoce e o bloqueio de 99,9 % do volume evitaram repercussões operacionais e financeiras que, em ataques dessa magnitude, podem ser substanciais.

Ataque DDoS: escala e características técnicas

Os especialistas classificam o evento como uma inundação UDP ampliada por reflexão. Nessa modalidade, os atacantes exploram serviços abertos na internet que respondem automaticamente a pequenas requisições, devolvendo respostas bem maiores que o pedido original. O truque consiste em falsificar o endereço de origem para que as réplicas volumosas sejam enviadas ao alvo. Desse modo, cada máquina vulnerável multiplicada em uma botnet passa a atuar como refletor involuntário, intensificando o fluxo e reduzindo o esforço direto do agressor.

Relevância do tempo de resposta na defesa contra DDoS

A janela entre o primeiro alerta (12h05) e a retomada da normalidade (14h16) ilustra a importância de monitoramento permanente. Em menos de vinte minutos, o tráfego malicioso saltou de zero para a casa dos 600 Gbps, o que deixaria qualquer provedor sem contramedidas à beira da ruptura. Ao inserir as rotas de mitigação ainda na fase de escalada, a NSFOCUS impediu que o pico representasse uma queda total de serviço, preservando as conexões legítimas.

Desafios futuros e recomendação de capacidade

Embora em 2025 a marca de 843 Gbps seja considerada expressiva, especialistas dentro da NSFOCUS alertam que a tendência histórica mostra crescimento constante no tamanho dos ataques. Por isso, Raphael Dias enfatiza a necessidade de capacidade preventiva em provedores de serviços, com enlaces dedicados suficientemente largos e infraestruturas de filtragem aptas a lidar com múltiplos terabits por segundo, caso o cenário continue evoluindo.

A ocorrência relatada encerrou-se às 14h16 da terça-feira (2), quando os gráficos de tráfego voltaram aos níveis usuais e os usuários do provedor de infraestrutura crítica puderam retomar as operações sem registrar falhas adicionais.

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