Anvisa define novas cepas da vacina contra a gripe para 2026 e mantém versão quadrivalente durante transição

São Paulo — A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) formalizou a composição que integrará as vacinas contra a gripe aplicadas no Brasil a partir de 1º de fevereiro de 2026. A decisão, publicada em 27 de junho e baseada nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), estabelece quais subtipos do vírus influenza estarão presentes nas fórmulas trivalentes e quadrivalentes distribuídas tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na rede privada.
- Decisão alinha o País às recomendações globais
- Composição definida para o Hemisfério Sul em 2026
- Diferenciação entre trivalentes e quadrivalentes
- Manutenção transitória das vacinas quadrivalentes
- Processo produtivo: ovos de galinha versus métodos celulares
- Disponibilidade na rede pública e privada
- Atualização anual garante proteção populacional
- Possibilidade de uso de lotes do Hemisfério Norte
- Rotulagem facilita identificação pelo usuário
- Recomendação permanente de vacinação
Decisão alinha o País às recomendações globais
O vírus influenza sofre mutações frequentes, fenômeno que obriga a revisão anual dos imunizantes para assegurar cobertura adequada. Para orientar esse processo, a OMS monitora de forma permanente os subtipos que mais circulam em cada região do planeta e, anualmente, indica a composição sugerida para os hemisférios Norte e Sul. Seguindo esse protocolo internacional, a Anvisa atualizou o portfólio brasileiro, preservando a segurança sanitária e a efetividade das campanhas nacionais.
Composição definida para o Hemisfério Sul em 2026
As doses destinadas ao Hemisfério Sul, identificadas nos rótulos com o aviso “CEPAS 2026 HEMISFÉRIO SUL”, terão três formatos principais: trivalente, quadrivalente e não baseada em ovos. Cada modalidade contemplará conjuntos específicos de cepas:
Vacinas trivalentes: conterão A/Missouri/11/2025 (H1N1)pdm09, A/Singapore/GP20238/2024 (H3N2) e B/Austria/1359417/2021 (linhagem Victoria).
Vacinas quadrivalentes: apresentarão as três cepas citadas e, adicionalmente, B/Phuket/3073/2013 (linhagem Yamagata).
Vacinas não baseadas em ovos: reunirão A/Missouri/11/2025 (H1N1)pdm09, A/Sydney/1359/2024 (H3N2) e B/Austria/1359417/2021 (linhagem Victoria).
Diferenciação entre trivalentes e quadrivalentes
As fórmulas trivalentes combinam dois vírus do tipo A, os subtipos H1N1 e H3N2, e um vírus do tipo B, pertencente à linhagem Victoria. Já as quadrivalentes incluem uma quarta cepa da linhagem B / Yamagata. Essa inclusão foi introduzida em anos anteriores para ampliar o espectro de proteção quando os dois ramos de vírus B circulavam simultaneamente.
Manutenção transitória das vacinas quadrivalentes
Desde 2020, a circulação do vírus B / Yamagata não tem sido detectada com consistência global, levando a OMS a sugerir que a indústria encerre a produção das quadrivalentes após 2027. Incluir uma cepa ausente eleva custos, exige processos laboratoriais adicionais e não adiciona benefício comprovado neste momento. Mesmo assim, a Anvisa decidiu manter a oferta quadrivalente até 2026, estratégia que assegura estoque suficiente enquanto o mercado adapta linhas de produção, contratos de compra e rotinas de distribuição à futura predominância das formulações trivalentes.
Processo produtivo: ovos de galinha versus métodos celulares
A maior parte das vacinas contra influenza é fabricada a partir de vírus cultivados em ovos de galinha fertilizados, técnica consolidada há décadas e respaldada por extensos dados de segurança. Nesse método, milhões de ovos são inoculados com o vírus, que se replica no interior do embrião. Após período controlado, o líquido alantoide contendo altos títulos virais é coletado, purificado, inativado e formulado.
Já as chamadas vacinas não baseadas em ovos utilizam sistemas de cultura celular ou plataformas recombinantes. Essas alternativas reduzem a dependência de granjas especializadas e possibilitam ajustes mais céleres quando há necessidade de responder a mutações emergentes. Independentemente da tecnologia, ambas as abordagens seguem padrões de qualidade equivalentes, e a segurança para quem recebe o imunizante permanece a mesma.
Disponibilidade na rede pública e privada
Durante a transição estabelecida pela Anvisa, a variedade de apresentações — trivalentes, quadrivalentes e versões celulares — poderá diferir entre SUS e clínicas particulares. O órgão regulador não especificou volumes nem cronogramas de entrega, mas indicou que os estoques quadrivalentes serão mantidos até que a cadeia de suprimentos esteja totalmente adaptada à produção concentrada nas três cepas prioritárias. Em todas as situações, a autoridade sanitária reafirma que a proteção contra formas graves da gripe se mantém elevada.
Atualização anual garante proteção populacional
A cada ciclo de 12 meses, a composição dos imunizantes é revisada porque o vírus influenza apresenta elevada taxa de mutação, fenômeno conhecido como drift antigênico. Quando os antígenos de superfície sofrem pequenas alterações, a resposta imune produzida pela vacinação do ano anterior tende a perder eficácia. Ao selecionar os subtipos mais circulantes, a OMS possibilita que os países alinhem suas campanhas de imunização ao risco epidemiológico real, minimizando complicações respiratórias, hospitalizações e óbitos.
Possibilidade de uso de lotes do Hemisfério Norte
O Brasil apresenta dimensões continentais e, em determinadas fronteiras, padrões de sazonalidade diferentes do restante do território. Nesses cenários, o Ministério da Saúde poderá importar lotes formulados para o Hemisfério Norte, cujos frascos ostentarão a indicação “CEPAS 2025 – 2026 HEMISFÉRIO NORTE”. Caso essa alternativa seja ativada, a composição de referência será:
Trivalentes: A/Victoria/4897/2022 (H1N1)pdm09, A/Croatia/10136RV/2023 (H3N2) e B/Austria/1359417/2021 (linhagem Victoria).
Quadrivalentes: as três cepas anteriores acrescidas de B/Phuket/3073/2013 (linhagem Yamagata).
Não baseadas em ovos: A/Wisconsin/67/2022 (H1N1)pdm09, A/District of Columbia/27/2023 (H3N2) e B/Phuket/3073/2013 (linhagem Yamagata).
Rotulagem facilita identificação pelo usuário
Para evitar confusões, todos os frascos destinados ao mercado brasileiro trarão de forma ostensiva a expressão “Cepas 2026 Hemisfério Sul”. Esse cuidado simplifica o trabalho das equipes de imunização e garante que a população receba a formulação adequada ao período sazonal nacional. Quando houver necessidade de aplicar lotes do Hemisfério Norte, a distinção gráfica nos rótulos permitirá rápida conferência, reduzindo risco de erros operacionais.
Recomendação permanente de vacinação
A Anvisa reforça que integrantes dos grupos prioritários — como crianças pequenas, gestantes, idosos, profissionais de saúde e pessoas com comorbidades — devem buscar os postos de vacinação assim que as campanhas forem iniciadas. Embora a proteção nunca alcance 100 %, a imunização diminui consideravelmente a gravidade dos quadros clínicos e, por consequência, o impacto sobre o sistema de saúde.
No cenário de 2026, portanto, o Brasil contará com vacinas atualizadas, alinhadas às evidências epidemiológicas e produzidas em diferentes tecnologias, assegurando continuidade da política de imunização sazonal da gripe enquanto se conduz a retirada gradual da cepa Yamagata das formulações quadrivalentes.

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