O filme Ainda Estou Aqui, realizado por Walter Salles, foi o grande vencedor da 24.ª edição do Prémio Grande Otelo, entregues na quarta-feira, 30 de julho, na Cidade das Artes Bibi Ferreira, no Rio de Janeiro. A longa-metragem arrecadou 13 estatuetas, entre as quais Melhor Longa-Metragem de Ficção, Melhor Direção, Melhor Atriz e Melhor Ator.
A cerimónia no Rio de Janeiro
A apresentação ficou a cargo das atrizes Isabel Fillardis e Bárbara Paz. Ao longo da noite sucederam-se homenagens à história do cinema brasileiro e aos profissionais que marcaram diferentes gerações. Ainda Estou Aqui confirmou o favoritismo ao liderar praticamente todas as categorias técnicas e artísticas em que estava nomeado, consolidando-se como um dos títulos mais premiados da produção nacional recente.
Além da vitória principal, o filme levou distinções em Fotografia, Montagem, Direção de Arte, Figurinos, Maquilhagem, Som, Efeitos Visuais e Banda Sonora. Selton Mello e Fernanda Torres, que interpretam o casal Rubens e Eunice Paiva, conquistaram os prémios de interpretação principal.
Destaques além do vencedor
Malu, primeira longa de Pedro Freire, foi outra produção em evidência. O drama recebeu Melhor Primeira Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz Secundária para Juliana Carneiro da Cunha. Entre os documentários, 3 Obás de Xangô, de Sérgio Machado, saiu vencedor, enquanto Arca de Noé, do mesmo realizador em parceria com Alois di Leo, triunfou na animação.
Na categoria infantil, o júri distinguiu Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, de Fernando Fraiha. O prémio de Melhor Longa-Metragem Ibero-Americano foi entregue a Grand Tour, do português Miguel Gomes, submetido pela Academia Portuguesa de Cinema.
Lista completa de vencedores
Longas-metragens
– Melhor Filme de Ficção: Ainda Estou Aqui
– Melhor Documentário: 3 Obás de Xangô
– Melhor Animação: Arca de Noé
– Melhor Filme Infantil: Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa
– Melhor Filme Ibero-Americano: Grand Tour (Portugal)
– Melhor Direção: Walter Salles (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Primeira Direção: Pedro Freire (Malu)
– Melhor Atriz: Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Ator: Selton Mello (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Atriz Secundária: Juliana Carneiro da Cunha (Malu)
– Melhor Ator Secundário: Ricardo Teodoro (Baby)
– Melhor Fotografia: Adrian Teijido (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Roteiro Original: Pedro Freire (Malu)
– Melhor Roteiro Adaptado: Murilo Hauser e Heitor Lorega (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Montagem: Affonso Gonçalves (Ainda Estou Aqui)
– Melhores Efeitos Visuais: Claudio Peralta (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Som: Laura Zimmerman e Stéphane Thiébaut (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Direção de Arte: Carlos Conti (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Figurino: Claudia Kopke (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Maquilhagem: Marisa Amenta e Luigi Rochetti (Ainda Estou Aqui)
– Melhor Banda Sonora: Warren Ellis (Ainda Estou Aqui)
Séries de televisão e streaming
– Melhor Série de Ficção: Senna (temporada única)
– Melhor Série Documental: Falas Negras (4.ª temporada)
– Melhor Série de Animação: Irmão do Jorel (5.ª temporada)
– Melhor Atriz em Série de Ficção: Adriana Esteves (Os Outros)
– Melhor Ator em Série de Ficção: Gabriel Leone (Senna)
Curtas-metragens
– Melhor Curta de Ficção: Helena de Guaratiba
– Melhor Curta Documental: Você
– Melhor Curta de Animação: A Menina e o Pote
– Voto Popular: Milton Bituca Nascimento
Reconhecimento aos intérpretes
Ao receber o prémio de Melhor Atriz, Fernanda Torres agradeceu a Walter Salles e recordou o impacto da ativista Eunice Paiva, figura que interpreta no ecrã. Segundo a atriz, a personagem ensinou-lhe a evitar o melodrama e a tratar o medo e a insegurança com dignidade, valores que considerou relevantes para o momento atual do país.
Selton Mello, distinguido como Melhor Ator, realçou a importância das obras que revisitam o passado político brasileiro e reforçou o empenho de toda a equipa na recriação de factos históricos.
Peso crescente do prémio
Criado para celebrar a produção cinematográfica e audiovisual do Brasil, o Grande Otelo ganhou projeção nos últimos anos e é frequentemente referido como o equivalente nacional aos Óscares. A 24.ª edição confirmou essa relevância ao reunir profissionais de diferentes áreas e aplaudir a diversidade de géneros, formatos e temáticas.
Com 13 troféus, Ainda Estou Aqui posiciona-se agora entre os filmes mais premiados da história do certame, reforçando também a presença internacional do realizador Walter Salles e o reconhecimento do cinema brasileiro em mercados exteriores.

Imagem: tecmundo.com.br