Activision confirma uso de arte gerada por IA em Call of Duty: Black Ops 7 e desperta questionamentos sobre transparência

Call of Duty: Black Ops 7 chegou oficialmente ao público nesta sexta-feira, 14 de novembro de 2025, e, poucas horas após o lançamento, a utilização de imagens criadas por inteligência artificial se tornou o centro das discussões sobre o jogo. A Activision confirmou a presença desse tipo de asset depois que jogadores identificaram elementos visuais com características típicas de geração automatizada, como mãos com número irregular de dedos, olhares desalinhados e objetos de contorno impreciso.
- Quem identificou a presença de IA no jogo
- O que a Activision confirmou
- Quando e onde surgiram as evidências
- Como a prática foi justificada internamente
- Por que a comunidade reagiu negativamente
- Impacto sobre artistas e sobre a percepção do consumidor
- Histórico da franquia com IA generativa
- Situação atual: dúvidas permanecem
- Disponibilidade do jogo
- Perguntas que seguem em aberto
Quem identificou a presença de IA no jogo
Os primeiros relatos partiram de usuários em redes sociais e fóruns dedicados à franquia. Assim que Black Ops 7 ficou disponível nas lojas físicas e digitais, jogadores começaram a divulgar capturas de tela de banners de menu, cartões de jogador e material presente na campanha. Nas imagens, destacavam-se traços geralmente associados a ferramentas de IA generativa, o que rapidamente motivou comparações e debates.
Além dos indícios técnicos, o estilo artístico de certos cartões de visita chamou atenção. Parte dos itens ofertados como recompensa de missões apresentava traços que lembram a estética do Studio Ghibli, referência frequente em resultados de ferramentas de geração de arte automática. Esse detalhe reforçou a suspeita de que parte do conteúdo não teria sido criada por artistas tradicionais do estúdio responsável.
O que a Activision confirmou
Em resposta à repercussão, a Activision emitiu um comunicado a veículos internacionais. A empresa declarou que sua equipe recorreu a “uma variedade de ferramentas digitais, incluindo ferramentas de IA” com o objetivo de dar suporte e empoderar o time criativo. A editora frisou que o processo continua liderado por profissionais humanos, mas não especificou quais assets foram produzidos total ou parcialmente por algoritmos.
A mesma informação já constava, de forma resumida, na página de Black Ops 7 na Steam. Na seção de descrição, havia a menção de que a equipe de Call of Duty “usa ferramentas de IA generativa para ajudar a desenvolver alguns assets”. Assim como no comunicado posterior, o texto evita detalhar escopo, volume ou exemplo concreto dos elementos afetados.
Quando e onde surgiram as evidências
Os registros dos usuários foram publicados logo nas primeiras horas do dia 14 de novembro de 2025, momento em que o título se tornou jogável em todas as plataformas confirmadas. Conforme as postagens se multiplicaram, diferentes partes do mundo puderam comparar as mesmas anomalias visuais, reforçando a percepção de que os problemas eram globais, não restritos a uma versão ou região específica do jogo.
As evidências mais citadas concentram-se em três áreas:
• Banners de interface com elementos humanóides disformes;
• Cartões de identificação de jogador com proporções corporais atípicas;
• Ilustrações de campanha contendo objetos pouco definidos.
Como a prática foi justificada internamente
Meses antes do lançamento, em agosto de 2025, Miles Leslie, diretor associado de criação da Treyarch, já havia comentado publicamente sobre a adoção de IA na produção da série. Segundo ele, “tudo que vai para o jogo é tocado pela equipe”, e as ferramentas automatizadas seriam utilizadas para acelerar fluxos de trabalho, não para substituir artistas. O mesmo executivo afirmou que a aparição de artes geradas por IA em Black Ops 6 teria sido um acidente.
A declaração serviu de referência para o debate atual. Para parte do público, o retorno de ilustrações claramente associadas a IA em Black Ops 7 indica que o recurso vem se consolidando como prática cotidiana — ainda que o discurso oficial seja o de cautela e validação humana.
Por que a comunidade reagiu negativamente
Três fatores concentram a insatisfação de jogadores e criadores de conteúdo:
1. Qualidade percebida: as falhas anatômicas e objetos sem definição reforçam a ideia de que houve pouca ou nenhuma revisão manual em determinados assets.
2. Falta de transparência: embora a Activision admita o uso de IA, o comunicado não esclarece quais artes específicas foram geradas, nem quantos elementos finais dependem de intervenções humanas.
3. Histórico recente: relatos semelhantes ocorreram em Black Ops 6 e Modern Warfare 3. Para críticos, a recorrência sugere normalização do método sem aprimoramento evidente.
Impacto sobre artistas e sobre a percepção do consumidor
O debate ocorre em um contexto de demissões em estúdios vinculados à Activision. Parte da comunidade associa a adoção de ferramentas de IA à redução de mão de obra humana, embora a empresa não estabeleça essa correlação em seus comunicados. Simultaneamente, o aumento recente no preço do Game Pass, serviço que também disponibiliza Black Ops 7, contribui para a percepção de que o público paga mais por um produto que, em alguns pontos, pode ter recebido menos atenção artesanal.
Histórico da franquia com IA generativa
Este não é o primeiro episódio em que Call of Duty se vê envolvido em discussões sobre arte automatizada. Durante o ciclo de Black Ops 6, jogadores relataram banners com erros semelhantes aos observados agora. Modern Warfare 3, título lançado anteriormente, também teve menções a possíveis experimentos com geração de imagens por rede neural. Em todas as ocasiões, a editora reconheceu o uso de ferramentas, mas sem apresentar inventário completo das criações afetadas.
Situação atual: dúvidas permanecem
Apesar da confirmação de que Black Ops 7 contém arte criada via IA, a Activision não revelou a extensão exata da prática nem listou quais itens específicos foram gerados por algoritmo. Com base nas informações oficiais, sabe-se apenas que a tecnologia foi aplicada “para auxiliar” o desenvolvimento e que o conteúdo passou, em alguma etapa, pelas mãos da equipe interna.
No momento, o principal ponto de interrogação permanece: qual foi o grau de intervenção humana na seleção, correção e validação dos assets? Sem essa resposta, comunidades online continuam examinando cada detalhe gráfico em busca de novas evidências.
Disponibilidade do jogo
Call of Duty: Black Ops 7 já pode ser jogado em PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S e Xbox Series X. O título também integra o catálogo do Game Pass Ultimate e do PC Game Pass desde o primeiro dia. O lançamento, portanto, atingiu simultaneamente a base instalada das principais plataformas de geração atual e anterior.
Perguntas que seguem em aberto
• Quais imagens específicas de Black Ops 7 foram criadas inteiramente por IA?
• Houve correção manual de todos os assets gerados, ou alguns passaram inalterados?
• A prática permanecerá em atualizações futuras e em próximos títulos da franquia?
• Como a utilização de IA afetará o quadro de artistas e o cronograma de produção?
Enquanto essas questões não recebem resposta detalhada, a confirmação oficial da Activision permanece como o fato concreto mais recente: Black Ops 7 utiliza arte gerada por inteligência artificial, e a adoção da tecnologia se transforma em um novo fator de escrutínio para uma das séries mais populares da indústria de games.

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