Falha em maçanetas eletrônicas motiva processo contra Tesla após acidente fatal com Model S 2016 em Wisconsin

Um novo processo judicial coloca a Tesla no centro de debates sobre segurança veicular depois de um acidente ocorrido em 2024, no Estado de Wisconsin, ter resultado na morte de cinco pessoas que viajavam em um Model S fabricado em 2016. As famílias de duas das vítimas, Jeffrey Bauer e Michelle Bauer, protocolaram a ação em um tribunal local alegando que o design das maçanetas eletrônicas impediu a evacuação rápida dos ocupantes após a colisão. O documento sustenta que a falta de acessibilidade aos mecanismos de abertura de emergência tornou inviável qualquer tentativa de resgate, contribuindo para as fatalidades.
- Quem está processando e por quê
 - O que aconteceu no dia do acidente
 - Consequências imediatas da colisão
 - Como funciona o sistema de abertura do Model S 2016
 - Reclamações anteriores e evolução do design
 - Questões estruturais ligadas à bateria e ao incêndio
 - Normas voluntárias de segurança mencionadas
 - Partes responsabilizadas e valores reclamados
 - Argumentos centrais apresentados no processo
 - Contexto regulatório e atenção pública
 - Possíveis encaminhamentos judiciais
 - Implicações para usuários e para a indústria
 
Quem está processando e por quê
Os autores do processo são parentes de Jeffrey Bauer, que ocupava o banco dianteiro do passageiro, e de Michelle Bauer, que estava no assento traseiro. Eles responsabilizam a montadora pela suposta negligência na concepção do sistema de portas do Model S 2016. O principal argumento aponta que as maçanetas externas, ativadas por meio eletrônico, dependem de energia elétrica para destravar. Após o impacto e a consequente perda de energia, o acesso aos ocupantes teria ficado comprometido.
O que aconteceu no dia do acidente
O veículo era conduzido por Barry Sievers em uma estrada semi-rural situada em Verona, nas proximidades de Madison, quando saiu da pista e colidiu com uma árvore. Informações confirmadas pelo Escritório do Xerife do Condado de Dane indicam três fatores que contribuíram para o sinistro: condições adversas da via, velocidade acima do recomendado e condução sob efeito de substâncias. Após o choque, iniciou-se um incêndio que rapidamente tomou o automóvel. Uma moradora que vive nas proximidades relatou ter ouvido o estrondo, acionado o serviço de emergência e escutado gritos vindos do interior do carro durante aproximadamente cinco minutos.
Consequências imediatas da colisão
Todos os cinco ocupantes — o motorista e quatro passageiros — faleceram no local. Para as famílias que agora litigam contra a Tesla, a incapacidade de abrir as portas do modelo foi determinante para esse desfecho. O documento protocolado em tribunal acrescenta que, caso os mecanismos fossem mais intuitivos ou visíveis, haveria chances de sobrevivência, dado o intervalo de tempo em que os gritos ainda eram percebidos.
Como funciona o sistema de abertura do Model S 2016
Na versão de 2016, o Model S utiliza maçanetas embutidas na carroceria, que emergem quando acionadas eletronicamente. Esse design depende de fornecimento elétrico: sem energia, as maçanetas permanecem recolhidas. Há, contudo, liberação mecânica nas portas dianteiras, programada para destravar automaticamente em caso de perda total de alimentação. Já nas portas traseiras o mecanismo de emergência existe, mas fica oculto sob o carpete, abaixo do assento. Segundo os demandantes, essa localização invisível impediu que passageiros ou socorristas localizassem a alavanca a tempo.
Reclamações anteriores e evolução do design
O processo menciona que críticas ao projeto das portas do Model S circulavam antes mesmo do acidente. Entre os pontos citados está um comentário de 2025 atribuído ao chefe de design da Tesla, Franz von Holzhausen, sobre esforços para integrar as funções eletrônica e mecânica em um único botão. A ação afirma que em modelos mais recentes foram introduzidas etiquetas informativas indicando a posição das travas de emergência, o que, na visão dos familiares, demonstra reconhecimento prévio de que a solução inicial carecia de clareza.
Questões estruturais ligadas à bateria e ao incêndio
Além das portas, os autores sustentam que o pacote de baterias do Model S 2016 não contava com materiais projetados para retardar a propagação de fogo. Entre as barreiras inexistentes estariam materiais intumescentes capazes de expandir diante de altas temperaturas, criando isolamento adicional. Os demandantes citam a adoção desses componentes em veículos lançados posteriormente, como o Model 3, ressaltando que o índice de ocorrências semelhantes teria caído nesses automóveis mais novos.
Normas voluntárias de segurança mencionadas
O documento judicial alega que a Tesla não acompanhou recomendações voluntárias publicadas por organizações do setor, incluindo a Underwriters Laboratories (UL) e a SAE, relativas à segurança de baterias automotivas. Para os familiares das vítimas, o fato de a empresa ter incorporado contramedidas em gerações seguintes do produto implicaria admissão tácita de que o projeto anterior apresentava falhas críticas.
Partes responsabilizadas e valores reclamados
O pedido de indenização contempla danos materiais e punições adicionais, conhecidas no ordenamento jurídico dos Estados Unidos como punitive damages. A intenção declarada é aplicar uma sanção capaz de desencorajar condutas semelhantes. Barry Sievers, o motorista, e sua seguradora também figuram como réus, sob a acusação de negligência relacionada à velocidade e ao consumo de substâncias antes de dirigir.
Argumentos centrais apresentados no processo
Entre os tópicos destacados pelos advogados das famílias constam:
• Maçanetas externas dependentes de energia elétrica
• Liberação mecânica dianteira existente, mas alegadamente inoperante na ocasião
• Liberação mecânica traseira oculta sob o carpete inferior
• Histórico de reclamações sobre a arquitetura das portas
• Ausência de materiais retardantes de chamas no pacote de baterias
• Não observância de recomendações da UL e da SAE
Contexto regulatório e atenção pública
O caso se soma a um período de aumento de escrutínio público e regulatório sobre as soluções de segurança desenvolvidas pela Tesla em suas linhas de veículos. Embora o processo se concentre no acidente específico ocorrido em Wisconsin, o episódio reforça discussões mais amplas sobre o equilíbrio entre design inovador e requisitos de segurança tradicionais, particularmente em áreas críticas como acessibilidade de portas e gerenciamento térmico de baterias.
Possíveis encaminhamentos judiciais
Com a inclusão de danos punitivos no pedido, o litígio ganha contornos de alto impacto financeiro, visto que esse tipo de indenização pode exceder os valores compensatórios para cobrir prejuízos diretos. Ainda não há cronograma oficial para audiências, e a Tesla não apresentou contestação pública registrada nos autos até o momento em que as informações foram tornadas disponíveis.
Implicações para usuários e para a indústria
Para os proprietários de veículos similares, o processo destaca a importância de conhecimento prévio dos mecanismos de emergência, sobretudo em automóveis dotados de soluções eletrônicas de travamento. Já para a indústria automotiva, o episódio reacende o debate sobre a necessidade de padronização de instruções visuais e adoção de materiais de proteção térmica já na fase de projeto, evitando dependência de energia para operações críticas em cenários de sinistro.
O avanço da ação judicial e o desfecho das alegações serão monitorados por consumidores, fabricantes e autoridades, uma vez que a decisão pode estabelecer diretrizes relevantes no tocante ao design de portas eletrificadas e ao isolamento de baterias em veículos elétricos de alto desempenho.
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