Uso de cotonetes nos ouvidos: riscos, sintomas e métodos seguros de limpeza auditiva

Limpar os ouvidos com cotonete é uma prática incorporada à rotina de higiene de muitas pessoas. Embora pareça simples, esse hábito cotidiano carrega riscos que especialistas classificam como relevantes para a saúde auditiva. O alerta parte de otorrinolaringologistas que observam aumento de infecções, inflamações e até perfurações de tímpano associadas ao uso incorreto das hastes flexíveis.
- Como o cotonete se popularizou na higiene pessoal
- A função protetora da cera ou cerume
- O que acontece quando o cotonete entra no canal auditivo
- Riscos identificados por profissionais de saúde
- Perfuração do tímpano: um dano grave
- Otites e infecções recorrentes
- Lesões na pele do canal auditivo
- Sintomas que sinalizam problemas após o uso de cotonetes
- Limpeza recomendada: apenas a parte externa
- Uso limitado do dedo mínimo
- Itens proibidos na higiene do canal auditivo
- Excesso de cerume: quando a produção é maior que o normal
- Soluções farmacológicas sob prescrição
- Irrigação com água morna em ambiente clínico
- Aplicação de óleos para amolecer a cera
- Quando procurar o otorrinolaringologista
- Conduta profissional para remoção de cerume
- Mensagem central dos especialistas
Como o cotonete se popularizou na higiene pessoal
O cotonete tornou-se um item comum no banheiro doméstico pela facilidade de aquisição e pela crença de que a haste, quando introduzida no canal auditivo, removeria a sujidade interna. Essa percepção, segundo profissionais da saúde, contrapõe-se à real função do cerume, frequentemente ignorada por quem busca a sensação de ouvido “limpo”.
A função protetora da cera ou cerume
Especialistas explicam que a cera do ouvido, também chamada de cerume, não é resíduo dispensável. Ela age como barreira física contra água, poeira, microrganismos e pequenos insetos, além de manter a pele do canal hidratada. Ao retirar essa substância, a pessoa elimina um mecanismo de defesa natural que o organismo desenvolveu para afastar agentes externos potencialmente nocivos.
O que acontece quando o cotonete entra no canal auditivo
Contrariamente ao objetivo de limpar, a haste não remove a cera; ela empurra o cerume para regiões mais profundas. Esse movimento favorece a formação de tampões, situação que provoca diminuição da audição, zumbido e sensação de ouvido entupido. Além disso, o atrito do algodão pode causar pequenas lesões na pele interna, criando porta de entrada para germes e aumentando o risco de infecções.
Riscos identificados por profissionais de saúde
O otorrinolaringologista Antônio Roberto Setton, do Hospital de Urgência de Sergipe, observa que o cotonete pode agravar desconfortos aparentemente simples, como a percepção de ouvido cheio após contato da cera com água. Ao empurrar o cerume, a haste intensifica inflamações e eleva a gravidade do quadro clínico.
Perfuração do tímpano: um dano grave
Movimentos bruscos ou acidentes durante a limpeza podem perfurar o tímpano, membrana fina que separa o ouvido externo do médio. A perfuração causa dor intensa, zumbido e perda auditiva, exigindo avaliação médica imediata. Por sua delicadeza, a membrana não tolera contato direto com objetos rígidos, tampouco com hastes de algodão quando manuseadas sem precisão.
Otites e infecções recorrentes
Quando o cotonete retira o cerume, o ouvido perde sua barreira de proteção contra bactérias e fungos. A exposição facilita o desenvolvimento de otites, inflamações dolorosas que, sem intervenção adequada, podem evoluir para quadros mais graves. O uso repetido da haste flexível figura entre as principais causas de otite externa aguda, segundo relatos clínicos observados por especialistas.
Lesões na pele do canal auditivo
Não apenas cotonetes, mas também grampos de cabelo, tampas de caneta ou pinças são citados pelos médicos como fontes de traumatismo no canal auditivo. Objetos pontiagudos ou de superfície rígida ferem a pele sensível, provocam coceira, secreção e aumentam a chance de infecção. O simples ato de “cutucar” o ouvido, portanto, pode resultar em complicações que demandam tratamento profissional.
Sintomas que sinalizam problemas após o uso de cotonetes
Dor, coceira, abafamento, secreção e redução da audição estão entre os sinais mais reportados. A presença desses sintomas, principalmente se persistentes, indica necessidade de avaliação por otorrinolaringologista. Ignorar o desconforto pode agravar inflamações ou perfurações não percebidas no momento da higiene.
Limpeza recomendada: apenas a parte externa
Para o cotidiano, os especialistas resumem a higienização segura à região da orelha e da concha auditiva, sem introduzir objetos no canal. Um pano ou toalha úmida remove resíduos visíveis na porção externa. Após o banho, secar suavemente o ouvido com toalha macia é considerado suficiente para manter a área livre de umidade.
Uso limitado do dedo mínimo
Alguns profissionais admitem a utilização do dedo mínimo envolto em pano limpo para alcançar pontos superficiais, desde que não haja pressão ou tentativa de penetrar no canal. Esse cuidado evita o contato direto da pele com unhas ou objetos, reduzindo a probabilidade de arranhões.
Itens proibidos na higiene do canal auditivo
Em nenhuma circunstância devem ser introduzidos cotonetes, pinças, grampos ou tampas de caneta. A recomendação abrange qualquer instrumento que ultrapasse a porção visível do ouvido, pois a anatomia interna é sensível e sujeita a danos irreversíveis quando manipulada sem o devido conhecimento.
Excesso de cerume: quando a produção é maior que o normal
Algumas pessoas apresentam produção de cerume em volume acima da média, o que pode ocasionar tampão e sensação de entupimento. Nesses casos, há métodos seguros, sempre com supervisão médica, para remoção controlada da cera.
Soluções farmacológicas sob prescrição
Produtos otológicos, como o Cerumin, são formulados para amolecer e dissolver a cera. Contudo, especialistas frisam que o uso deve ocorrer somente com prescrição, pois substâncias líquidas no ouvido podem ser perigosas se houver perfuração de tímpano ou infecções ativas.
Irrigação com água morna em ambiente clínico
O procedimento de lavagem auditiva com água morna, realizado por meio de seringa de bulbo, mostra-se eficaz para remover o tampão. A técnica requer execução por profissionais de saúde, que controlam pressão, temperatura e quantidade de líquido, evitando danos ao canal.
Aplicação de óleos para amolecer a cera
Duas gotas de óleo mineral ou de amêndoas podem ser indicadas para amolecer o cerume antes da limpeza. A orientação, no entanto, deve partir do especialista, que avaliará a integridade do tímpano e as condições do canal auditivo antes de autorizar a aplicação.
Quando procurar o otorrinolaringologista
Sensação de ouvido tapado, zumbido constante, tonturas, coceira intensa, dor persistente, secreção ou sangramento são considerados sinais de alerta. Tais manifestações podem indicar tampão de cerume ou infecção. Em consultório, a remoção é feita de forma segura e indolor, seja por lavagem controlada, seja por extração com cureta.
Conduta profissional para remoção de cerume
No ambiente clínico, o médico dispõe de iluminação adequada, instrumentos estéreis e solução de irrigação em temperatura correta. A intervenção elimina o tampão sem risco de empurrar a cera para partes mais internas ou lesionar estruturas delicadas.
Mensagem central dos especialistas
O consenso entre os profissionais de saúde auditiva é claro: o cotonete não deve ser inserido dentro do ouvido. Sua utilização limita-se, no máximo, à limpeza superficial da parte externa, e mesmo assim existem alternativas mais seguras, como toalhas macias. Quando surge a necessidade de remover excesso de cera, a consulta médica é o caminho indicado para preservar a integridade do canal auditivo e evitar complicações.
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