Morro escorpião pode marcar solstícios há mil anos

Morro escorpião pode marcar solstícios há mil anos é a conclusão de arqueólogos que estudam um complexo pré-hispânico no Vale de Tehuacán, ao norte da Cidade do México. A formação artificial de 62 metros de largura teria auxiliado agricultores locais a prever o início das chuvas e o momento da colheita entre 600 e 1100 d.C.
O monte, construído com terra e pedras empilhadas a até 80 centímetros de altura, foi identificado em 2014 junto a uma série de artefatos cerâmicos encontrados em seu “ferrão”. Essas peças permitiram datar o sítio arqueológico e reforçar sua função ritual e agrícola.
Morro escorpião pode marcar solstícios há mil anos
Segundo o estudo publicado na revista Ancient Mesoamerica, a posição do Sol no solstício de verão, vista do “ferrão”, surge sobre a garra norte do escorpião. Já no início do inverno, o pôr do sol observado da ponta da garra esquerda desaparece além do ferrão, indicando o reinício do ciclo agrícola.
O conjunto integra outros 12 montes distribuídos em aproximadamente 9 hectares, com covas e fossas de armazenamento. Apenas o morro escorpião possui formato definido, detalhe incomum em sítios mesoamericanos e que sugere planejamento alinhado a fenômenos astronômicos.
A equipe liderada por James Neely, da Universidade do Texas em Austin, destaca que a descoberta demonstra como o conhecimento dos astros não se restringia à elite. “É a primeira evidência de que o controle dos fenômenos cósmicos baseados em observações solares não estava totalmente sob domínio da alta classe”, afirmou o pesquisador ao portal Live Science.
Para os povos mesoamericanos, o escorpião — chamado de Tlāhuizcalpantēcuhtli pelos astecas — era associado ao planeta Vênus e às estações. Entre os objetos recuperados no local, estão molcajetes, fragmentos de jarros, pratos, queimadores de incenso e uma estatueta oca, itens que reforçam a realização de rituais ligados à agricultura.
Estudos prévios já apontavam a importância do solstício de verão para cerimônias que antecediam a época chuvosa. Agora, a hipótese ganha força com a existência física de um marcador monumental, preservado quase intacto após mil anos.
Descobertas como essa ajudam a compreender a autonomia dos agricultores pré-históricos em relação ao poder centralizado, revelando práticas de observação celeste que orientavam a produção de alimentos e a vida comunitária.
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Crédito da imagem: James Neely 2025
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