Sanções da ONU ao Irã voltam após avanço nuclear

Sanções da ONU ao Irã serão restabelecidas às 00h GMT de domingo, uma década depois de suspensas, em resposta ao descumprimento dos termos do acordo nuclear de 2015.
O retorno das medidas punitivas foi acionado por Reino Unido, França e Alemanha, que notificaram o Conselho de Segurança de que Teerã não cumpriu suas obrigações. O prazo de 30 dias para uma solução diplomática expirou sem acordo.
Sanções da ONU ao Irã voltam após avanço nuclear
Uma resolução de última hora, apresentada por China e Rússia para adiar o processo por seis meses, recebeu apenas quatro votos favoráveis entre os 15 membros do Conselho, insuficiente para barrar a retomada das restrições.
Entre as punições previstas estão embargo de armas, proibição de enriquecimento de urânio, veto a atividades ligadas a mísseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares, congelamento de bens e proibição de viagens a indivíduos e entidades iranianas, além da autorização para inspeção de cargas da Iran Air e da Iran Shipping Lines.
O presidente Masoud Pezeshkian classificou as sanções como “injustas” e “ilegais” durante discurso na Assembleia Geral da ONU. Ele reiterou que o país “jamais buscará construir uma bomba nuclear”, mas exigiu garantias de que suas instalações não serão atacadas por Israel.
As tensões cresceram desde que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) em 2016, ainda no governo Donald Trump. Após a saída de Washington, Teerã ampliou níveis de enriquecimento considerados proibidos. Inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foram suspensas temporariamente depois de bombardeios a instalações nucleares iranianas atribuídos a Israel e EUA em junho, mas foram retomadas nesta semana, confirmou a agência.
O chanceler iraniano, Abbas Aragchi, declarou na sexta-feira que “as negociações com os Estados Unidos estão em um beco sem saída” e acusou o trio europeu de “sepultar” a diplomacia. Mesmo assim, Teerã afirma que continuará signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Segundo dados do Reuters, caso não haja recuo iraniano, as sanções da União Europeia entrarão em vigor na próxima semana, aprofundando a pressão sobre a já combalida economia do país.
No mesmo dia em que a ONU confirmava a retomada das restrições, a Rússia assinou acordo de US$ 25 bilhões para construir quatro reatores nucleares no sul do Irã, sinalizando o interesse de Moscou em manter laços estratégicos com Teerã.
Em meio à escalada, ministros europeus pedem que o Irã volte às negociações e apresente explicações detalhadas sobre seus estoques de urânio altamente enriquecido. Sem avanços, analistas alertam para riscos de novas crises no Oriente Médio.
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Crédito: EPA
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