Fóssil de dinossauro surge a 2,6 km de profundidade e quebra recorde no Mar do Norte

Fóssil de dinossauro surge a 2,6 km de profundidade e quebra recorde no Mar do Norte

Um fragmento ósseo recuperado em 1997, a mais de dois quilómetros abaixo do leito marinho do Mar do Norte, foi confirmado como o fóssil de dinossauro mais profundo alguma vez localizado. A peça, com apenas quatro centímetros de diâmetro, estava alojada num núcleo de perfuração extraído do campo petrolífero Snorre, na parte norte da Bacia Norueguesa, a 2 256 metros sob o fundo do mar — o equivalente a 2 615 metros abaixo do nível do mar.

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Descoberta acidental em perfuração petrolífera

O achado ocorreu durante operações de prospeção conduzidas por uma companhia de energia. Entre os sedimentos recolhidos, técnicos identificaram um fragmento que se destacou pelo padrão interno. Posteriormente, o material chegou ao Museu de História Natural da Universidade de Oslo, onde o paleontólogo Jørn Hurum liderou a análise. O investigador comparou a raridade do encontro a “procurar uma agulha em dez palheiros”, sublinhando a improbabilidade de detectar restos de dinossauro em amostras tão profundas e limitadas.

Estudos histológicos revelaram que o osso pertence a um prossaurópode, grupo de dinossauros herbívoros do Período Triássico Superior. As características correspondem ao género Plateosaurus, comum na Europa há cerca de 210 milhões de anos. O espécime norueguês representa o primeiro registo do género no país e, simultaneamente, o primeiro fóssil de dinossauro identificado em território norueguês.

Quem era o Plateosaurus?

O Plateosaurus era um antepassado dos grandes saurópodes de pescoço comprido que dominaram o Jurássico. Embora pudesse atingir dez metros de comprimento e superar quatro toneladas, deslocava-se maioritariamente sobre duas patas. Membros anteriores robustos e mãos ágeis permitiam-lhe manipular vegetação, escavar ou defender-se.

O fragmento recuperado não ultrapassa quatro centímetros de diâmetro, mas conserva traços microscópicos suficientes para identificar o tipo de osso e o padrão de crescimento. Estas marcas internas possibilitaram comparações directas com amostras de Plateosaurus provenientes de outras regiões europeias, confirmando a correspondência taxonómica.

Profundidade extrema e condições de conservação

A profundidade a que o fóssil foi depositado resulta de processos geológicos posteriores à morte do animal. Camadas de sedimentos acumularam-se durante milhões de anos, empurrando os estratos triássicos para níveis actualmente situados a mais de dois quilómetros sob o fundo do mar. A elevada pressão e a temperatura moderada presentes a essa profundidade favoreceram a preservação da microestrutura óssea, crucial para a sua identificação.

Novas pistas sobre o clima pré-histórico

Além de estabelecer um recorde de profundidade, a amostra juntou-se a um conjunto mais vasto de fósseis usados para reconstituir a composição atmosférica da era mesozóica. Investigadores analisam isótopos de oxigénio presentes em ossos e dentes de vertebrados como forma de estimar níveis de dióxido de carbono e padrões climáticos do passado. Em particular, o isótopo oxigénio-17, raro mas estável, fica retido no esmalte dentário e no tecido ósseo, registando variações ambientais com grande detalhe.

Ao comparar a proporção de oxigénio-17 em fósseis de diferentes épocas, cientistas procuram compreender de que modo actividades vulcânicas extensas ou flutuações do nível do mar influenciaram o clima global. Estes dados complementam modelos geológicos e paleoatmosféricos, oferecendo uma janela precisa para o estudo de mudanças ambientais que ocorreram há mais de 150 milhões de anos.

Importância para a paleontologia norueguesa

Até à descoberta de Snorre, a Noruega não tinha qualquer registo directo de dinossauros. A ocorrência confirma que, durante o Triássico Superior, o território hoje submerso no Mar do Norte integrava rotas de dispersão de grandes herbívoros europeus. O achado abre novos campos de investigação sobre a paleogeografia da região e incentiva a revisão de amostras de perfuração já recolhidas, que podem conter outros vestígios de vertebrados pré-históricos.

Para a indústria, o caso destaca o potencial científico de resíduos de perfuração aparentemente banais. A cooperação entre empresas de energia e instituições académicas revelou-se decisiva para transformar um fragmento casual num marco da paleontologia, sublinhando a importância de protocolos que salvaguardem materiais geológicos passíveis de interesse científico.

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Imagem: Reimar via olhardigital.com.br

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