Xi, Putin e Kim exibem força conjunta em parada militar na China

Os presidentes da China, Rússia e Coreia do Norte surgiram lado a lado em Pequim, numa grande parada militar que assinalou o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e sublinhou a modernização das Forças Armadas chinesas.

Primeira aparição pública conjunta dos três líderes

Xi Jinping, Vladimir Putin e Kim Jong-un encontraram-se publicamente pela primeira vez este miércoles, recebidos por cerca de 50 000 espectadores previamente credenciados na Praça Tiananmen. Antes do início do desfile, Xi cumprimentou Kim com um aperto de mão prolongado e, de seguida, saudou Putin. A presença simultânea dos três dirigentes, todos alvo de sanções ocidentais em graus diversos, reforçou a imagem de alinhamento estratégico entre Pequim, Moscovo e Pyongyang.

Além dos três presidentes, marcaram presença 24 dignitários estrangeiros, entre eles os chefes de Estado do Irão, Paquistão, Vietname e Zimbabué. A maioria dos líderes ocidentais optou por não participar. A Coreia do Sul declinou o convite e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, também não esteve em Pequim. Os dois representantes europeus presentes foram os líderes da Eslováquia e da Sérvia, que posaram para fotografias com Putin após o desfile.

Mostruário de armamento avançado

A parada, concebida como demonstração de precisão e poder, exibiu novos sistemas de armas, entre eles mísseis nucleares de alcance global, drones de ataque furtivos denominados “loyal wingman”, lasers militares, veículos robóticos apelidados de “lobos” e drones subaquáticos nucleares de grande porte. Tropas de diferentes ramos percorreram a Avenida Changan, enquanto Xi passou em revista as formações a partir de um veículo aberto.

No final do desfile, pombas e balões foram libertados sobre Tiananmen. Os convidados dirigiram-se depois ao Grande Palácio do Povo para um almoço onde foi servido vinho tinto e branco de produção chinesa.

Apelos à paz contrastam com alianças militares

Num brinde de cerca de cinco minutos, Xi Jinping afirmou que o mundo enfrenta uma escolha entre paz e guerra e defendeu que os Estados devem “valorizar a paz” e rejeitar o “regresso à lei da selva”. Embora não tenha citado países em concreto, autoridades chinesas têm classificado anteriormente as tarifas impostas pelos Estados Unidos como comportamento de “bullying”.

Paralelamente, Putin e Kim reuniram-se durante duas horas e meia na Residência de Estado Diaoyutai. Segundo Moscovo, o encontro abordou a participação de militares norte-coreanos na guerra da Ucrânia e revisitou o acordo bilateral assinado em junho. Estimativas apontam para até 15 000 soldados da Coreia do Norte integrados nas forças russas, além do fornecimento de munições. Em troca, Pyongyang terá recebido apoio financeiro e tecnológico para o seu programa de armamento.

Reação de Washington e resposta russa

Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump comentou o encontro numa publicação na sua rede social, acusando Xi de conspirar com Putin e Kim “contra os Estados Unidos da América”. O porta-voz do Kremlin, Yuri Ushakov, classificou a declaração como “irónica”, sublinhando que os três líderes “nem sequer pensam em conspirações” e reconhecem o papel de Washington “na atual situação internacional”.

A reunião tripla e a exibição de tecnologia militar avançada reforçam a mensagem de que Pequim pretende apresentar-se como potência capaz de rivalizar com o Ocidente. Ao mesmo tempo, o discurso de Xi procurou destacar um compromisso oficial com a estabilidade global, deixando nas entrelinhas a crítica à política externa norte-americana.

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