WhatsApp Desktop Beta abandona versão nativa e passa a operar como web app no Windows

A Meta iniciou a transição do WhatsApp Desktop para um modelo inteiramente baseado em navegador. Usuários da edição Beta no Windows já recebem um aviso indicando que o mensageiro foi “atualizado em aparência e funcionamento” e agora reúne recursos como Canais, filtros de conversa e novas opções para Status e Comunidades.

Na prática, o programa deixa de ser um aplicativo nativo e passa a usar o WebView 2, componente da Microsoft que emprega o motor do Edge para exibir conteúdo web. O software funciona como um contêiner dedicado que carrega código HTML, JavaScript e CSS hospedado nos servidores do serviço, repetindo a lógica do WhatsApp Web dentro de uma janela própria.

A alteração fica evidente no Gerenciador de Tarefas do Windows: surgem diversos subprocessos vinculados ao WebView 2, algo inexistente nas versões anteriores, construídas em plataformas como Electron e, posteriormente, UWP. Essa virada reduz a complexidade de manutenção, pois o aplicativo de desktop passa a compartilhar a mesma base de desenvolvimento da interface acessada pelo navegador.

Visualmente, a diferença é discreta. A tela inicial agora oferece quatro filtros — Tudo, Não lidas, Favoritas e Grupos — além de atalhos específicos para Canais e outros recursos que até então estavam restritos ao ambiente móvel. A organização lembra quase por completo a do WhatsApp Web, reforçando a convergência entre as duas experiências.

Segundo a Meta, a reformulação busca agilizar a entrega de novidades, eliminando redundâncias que exigiam atualizar dois projetos paralelos. A abordagem também ocorre poucos meses depois do lançamento do WhatsApp para iPad, sinalizando uma estratégia de uniformizar as aplicações fora do celular e concentrar esforços em um único front-end.

Para o usuário final, o impacto imediato é limitado. Quem participa do programa Beta pode notar desempenho ligeiramente inferior e maior consumo de memória RAM em comparação com a edição nativa distribuída desde agosto de 2022. Em compensação, a companhia avalia que a nova arquitetura permitirá liberar funções recém-lançadas no iOS e no Android com mais rapidez no computador.

O histórico do WhatsApp Desktop ajuda a explicar a mudança. Inicialmente criado em Electron, o app migrou para a Plataforma Universal do Windows em 2022 e, durante os primeiros meses, recebeu melhorias frequentes. Ao longo do tempo, porém, o ritmo de atualização foi diminuindo, deixando a versão de PC atrás das demais em recursos como Comunidades, figurinhas animadas e mensagens temporárias.

A adoção do modelo de web app reduz a necessidade de reescrever componentes, já que a lógica de interface, as bibliotecas e os testes passam a ser compartilhados. Dessa forma, a Meta pretende cortar etapas de validação, evitar retrabalho e liberar sua equipe para prioridades consideradas estratégicas, como canais de transmissão e ferramentas de automação para empresas.

Do ponto de vista técnico, WebView 2 oferece vantagens adicionais. O componente obtém atualizações de segurança diretamente pelo Windows Update, dispensando a recompilação completa do aplicativo toda vez que há correções no navegador subjacente. Além disso, a compatibilidade com recursos modernos da web viabiliza a implementação de chamadas de áudio e vídeo sem recorrer a plugins externos.

Apesar da reestruturação, a empresa não informou quando a versão nativa será descontinuada para todos. Por enquanto, o novo modelo permanece restrito ao canal de testes no Windows, enquanto o macOS segue operando em uma versão compilada nativamente. A Meta apenas indica que continuará coletando feedback antes de expandir a distribuição.

Quem desejar experimentar o aplicativo remodelado deve aderir ao WhatsApp Desktop Beta disponível na Microsoft Store. A migração do histórico de conversas e o pareamento com o celular mantêm o mesmo procedimento, sem exigir reinstalação completa ou redefinição de vínculo.

Não há previsão oficial para o fim da fase de testes, mas a Meta confirma que a substituição do cliente nativo por um contêiner web é o caminho escolhido para o Windows. Até lá, as duas versões seguirão coexistindo, permitindo que o público opte entre a estabilidade da edição atual e a antecipação de recursos da nova plataforma.

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