Weleda investiga testes nazistas com creme em Dachau

Weleda investiga testes nazistas com creme em Dachau após a divulgação de novos indícios de que um creme antifrio da empresa teria sido usado em experimentos com prisioneiros do campo de concentração.

A fabricante suíça de cosméticos naturais encomendou à Sociedade Alemã de História Corporativa (GuG) um estudo que deve ser concluído em 2027. A investigação aprofunda apontamentos do historiador Anne Sudrow, que relatou a encomenda de matérias-primas ao jardim do campo de Dachau e a suposta aplicação do produto em testes conduzidos pelo médico da SS Sigmund Rascher.

Weleda investiga testes nazistas com creme em Dachau

Segundo Sudrow, até 300 prisioneiros podem ter sido submetidos aos experimentos entre agosto de 1942 e maio de 1943, período em que até 90 pessoas morreram em banhos de gelo, de acordo com a revista alemã Der Spiegel. O objetivo seria avaliar se o creme retardava a hipotermia em soldados alemães expostos ao frio extremo.

Em comunicado, a diretora-executiva Tina Müller reiterou que a companhia “condena veementemente as atrocidades do Nacional-Socialismo” e que “nunca mais” é princípio inegociável. A executiva prometeu “reapreciação completa” dos eventos, garantindo acesso total aos arquivos, inclusive atas do conselho da época.

Um relatório de 2023, também conduzido pela GuG, já havia reconhecido o pedido de 20 kg do creme por Rascher, mas não encontrara prova de que a Weleda soubesse do uso em prisioneiros. O novo estudo buscará lacunas não tratadas anteriormente e confrontará as conclusões do livro de Sudrow, encomendado pelo Memorial do Campo de Concentração de Dachau.

Dachau, instalado em 1933 nos arredores de Munique, manteve cerca de 200 000 detentos e registrou mais de 40 000 mortes até sua libertação em 1945. Muitas dessas vítimas sucumbiram a experimentos médicos, contexto em que se insere a atual apuração sobre a Weleda. Informações adicionais sobre o local podem ser consultadas no site do Memorial de Dachau (https://www.kz-gedenkstaette-dachau.de), considerado referência em documentação histórica.

A empresa, fundada em 1921 por Rudolf Steiner, é hoje conhecida pela linha Skin Food e por práticas de cosméticos naturais. A expectativa é que os resultados do inquérito definam medidas de reparação e transparência sobre qualquer envolvimento com o regime nazista.

Para acompanhar outras atualizações sobre ciência, tecnologia e responsabilidade corporativa, visite nossa editoria em Ciência e tecnologia e fique por dentro das tendências.

Crédito da imagem: Alamy

Posts Similares

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.