Warner recomenda acordo com a Netflix e aconselha acionistas a rejeitar proposta da Paramount

Warner Bros. Discovery pediu formalmente que seus acionistas aprovem a venda de seus estúdios e catálogo para a Netflix, rejeitando a oferta hostil apresentada pela Paramount Skydance, mesmo que a segunda traga um valor financeiro total superior.
Warner reforça apoio à Netflix em disputa bilionária
O posicionamento foi divulgado em 17 de abril, marcando a fase mais explícita da disputa entre duas propostas que buscam o controle de um dos portfólios mais influentes do entretenimento mundial. Segundo o conselho de administração, o pacto firmado com a Netflix, classificado como “vinculante”, oferece previsibilidade desde o primeiro dia, pois já contém compromissos financeiros definidos e não depende de captação adicional de recursos no mercado.
No centro da transação estão os estúdios de cinema e televisão da Warner, além do arquivo histórico que reúne franquias, séries e filmes de grande valor estratégico. Caso a negociação avance, a Netflix passará a deter tanto a produção quanto a distribuição desse conteúdo, incorporando ainda o serviço de streaming HBO Max ao seu ecossistema.
Como o acordo com a Netflix foi estruturado pela Warner
A oferta da Netflix avalia a Warner em US$ 27,75 por ação. Embora esse valor implique um montante global menor do que a proposta da concorrente, os executivos destacam dois elementos decisivos:
1. Compromissos financeiros já garantidos: a Netflix não precisará obter capital extra para concluir a compra, reduzindo o risco de interrupção do processo.
2. Escopo claramente delimitado: a transação cobre estúdios, catálogo audiovisual e HBO Max, concentrando-se em ativos que, na visão da diretoria, geram fluxo de receita imediato e sinergia na distribuição em escala mundial.
Para a Warner, essa combinação agrega valor aos consumidores — que ganham acesso mais amplo aos títulos — e à comunidade criativa, beneficiada por uma rede de distribuição expandida. O conselho sustenta que a união entre o alcance global da Netflix e a capacidade de estúdio da Warner cria um caminho mais direto para crescimento sustentável.
Warner avalia oferta hostil da Paramount
A Paramount Skydance optou por uma abordagem hostil, enviando sua proposta diretamente aos acionistas sem o aval da diretoria da Warner. O lance estipula US$ 30 por ação, com pagamento majoritário em dinheiro, totalizando US$ 108,4 bilhões. Além dos estúdios e do streaming, a compra abarcaria canais de TV tradicionais, como CNN e TNT Sports, mantendo todo o conglomerado integrado.
A direção da Warner reconhece que o valor nominal é maior, porém sublinha a ausência de garantias equivalentes às vistas no trato com a Netflix. Como a Paramount teria de captar recursos adicionais, a operação ficaria sujeita a oscilações de mercado que poderiam travar ou encarecer o processo antes da conclusão.
Critérios que levaram a Warner a preferir a Netflix
No comunicado ao mercado, a cúpula administrativa destacou uma série de fatores que, em sua análise, reduzem o risco de execução do acordo preferencial:
Menor incerteza regulatória: a estrutura enxuta do negócio com a Netflix concentra-se em ativos de produção e distribuição digital, enquanto a integração plena proposta pela Paramount englobaria redes de notícias e esportes, áreas sujeitas a maior escrutínio antitruste nos Estados Unidos.
Prazo de implementação mais curto: ao não depender de reestruturação societária ampla nem de aprovação para canais lineares, a transação com a Netflix tende a cumprir um cronograma mais objetivo.
Estabilidade financeira: com recursos já previstos, a Netflix apresenta, segundo a Warner, menor chance de contingências que poderiam alterar as condições econômicas oferecidas aos acionistas.
Embora a diferença de preço por ação seja clara, a diretoria argumenta que a expectativa de conclusão segura supera a vantagem imediata em dólares, especialmente quando consideradas possíveis barreiras regulatórias e de financiamento envoltas na oferta hostil.
Próximos passos para Warner, acionistas e reguladores
Com o posicionamento oficial do conselho, a decisão migra para a assembleia de acionistas, que deverá votar qual das propostas aceitar. Paralelamente, autoridades de concorrência nos Estados Unidos acompanham o desenrolar das conversas, avaliando como cada modelo de aquisição poderia impactar a dinâmica do setor de streaming e a concentração de mercado.
Enquanto a orientação da diretoria aponta para a Netflix como parceira mais segura, a Paramount segue habilitada a tentar convencer investidores de que sua oferta superior em valor nominal compensa eventuais incertezas operacionais. A disputa, portanto, permanece aberta até que o quórum de voto requisite confirme uma das alternativas.
A data exata da deliberação ainda não foi divulgada; contudo, o conselho reforça que o acordo com a Netflix é vinculante e pode avançar imediatamente após o sinal verde dos acionistas e dos órgãos regulatórios competentes.

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