Warner Bros. Discovery mantém acordo com a Netflix e rejeita proposta maior da Paramount

Warner Bros. Discovery decidiu seguir adiante com a fusão proposta pela Netflix, afastando uma investida da Paramount Skydance que, embora financeiramente superior, não convenceu o conselho da companhia sobre viabilidade e alinhamento estratégico.
- Warner Bros. Discovery avalia propostas e opta por Netflix
- Detalhes financeiros das ofertas para a Warner Bros. Discovery
- Escopo de ativos e estratégia de integração na Warner Bros. Discovery
- Resistência política e escrutínio antitruste sobre a Warner Bros. Discovery
- Repercussões do acordo da Warner Bros. Discovery no mercado de streaming
- Próximos passos formais para a Warner Bros. Discovery e a Netflix
Warner Bros. Discovery avalia propostas e opta por Netflix
O conselho de administração da Warner Bros. Discovery examinou duas ofertas concorrentes em um curto intervalo de tempo. A primeira, apresentada pela Netflix, previa uma estrutura combinando dinheiro e ações que avalia a empresa em aproximadamente US$ 83 bilhões em termos de valor empresarial. A segunda, liderada pela Paramount Skydance, totalizava cerca de US$ 108 bilhões. Mesmo diante do montante expressivamente maior, os executivos da WBD concluíram que a alternativa capitaneada por Ted Sarandos oferecia maior previsibilidade financeira, menor dependência de financiamento externo e um cronograma de integração considerado mais eficiente.
Com essa decisão, a Warner consolida a rota traçada originalmente, na qual a Netflix assume o controle de um conglomerado que abrange marcas como HBO, HBO Max, Warner Bros. Pictures e uma biblioteca de franquias emblemáticas do cinema e da televisão.
Detalhes financeiros das ofertas para a Warner Bros. Discovery
No acordo aprovado, cada ação ordinária da Warner Bros. Discovery será comprada por US$ 27,75, definindo um valor de mercado próximo a US$ 72 bilhões para os acionistas e um valor empresarial total de US$ 83 bilhões. A transação combina pagamento em espécie e distribuição de ações da Netflix, criando uma relação de troca ainda sujeita a confirmação definitiva nos documentos finais de fusão.
A oferta da Paramount, apesar de mais robusta em valor global, envolvia aquisição de um conjunto de ativos maior, o que diluiria parte do prêmio efetivo destinado aos acionistas da WBD. Além disso, a oferta rival dependia de capital significativo proveniente de investidores estrangeiros. Essa dependência foi classificada pelo conselho como um risco, sobretudo em um cenário de possível objeção regulatória e flutuações cambiais.
Um segundo componente decisivo foi a cláusula de rescisão solicitada pela Netflix. Caso a empresa de streaming desista da compra, compromete-se a pagar uma multa de US$ 5,8 bilhões, valor descrito pela gestão como “sem precedentes” em transações do setor audiovisual. O dispositivo foi interpretado como um sinal de compromisso irreversível, atuando como proteção aos interesses dos atuais acionistas da WBD.
Escopo de ativos e estratégia de integração na Warner Bros. Discovery
O desenho do negócio com a Netflix concentra-se na configuração de um portfólio híbrido entre exibição em salas e distribuição digital. Enquanto a Paramount pretendia absorver praticamente todo o conglomerado, a Netflix limitou a compra a ativos estratégicos, preservando segmentos que poderiam ser vendidos ou reorganizados posteriormente. Entre os itens confirmados na transação estão:
• Biblioteca histórica de filmes e séries, incluindo produções da Warner Bros. Pictures.
• Serviços premium sob a marca HBO e a plataforma HBO Max.
• Estúdios de televisão responsáveis por séries de alto impacto.
• Franquias consolidadas como parte do catálogo, a serem exploradas em novos formatos.
Com a nova configuração, a Netflix abandona o modelo exclusivo de produção própria e licenciamento pontual, migrando para uma integração vertical típica dos grandes estúdios de Hollywood. Os co-CEOs Ted Sarandos e Greg Peters reiteraram compromisso com as chamadas “janelas tradicionais” de exibição, indicando que filmes da Warner continuarão a chegar primeiro às telonas antes de desembarcar no streaming. Não foram prometidas exclusividades absolutas para salas de cinema, mas o período entre estreia e disponibilidade online seguirá os padrões vigentes na indústria.
Resistência política e escrutínio antitruste sobre a Warner Bros. Discovery
A expansão da Warner Bros. Discovery sob o guarda-chuva da Netflix atraiu reações no meio político dos Estados Unidos. Parlamentares republicanos enviaram ofícios a órgãos responsáveis pela concorrência, entre eles a Federal Trade Commission (FTC) e a Divisão Antitruste do Departamento de Justiça, solicitando investigação aprofundada. Um desses documentos partiu do representante Darrell Issa, que expressou preocupação sobre possível concentração de mercado em segmentos de televisão por assinatura e streaming.
Produtores independentes e cineastas também pediram ao Congresso uma análise criteriosa, alegando risco de restringir oportunidades para empresas menores na distribuição de conteúdo. No Executivo, o presidente Donald Trump declarou publicamente que poderá vetar a operação caso entenda que ela prejudica a livre concorrência.
Diante do cenário, consultores de mercado apontam que o processo regulatório pode se estender até 2026, prazo considerado razoável para transações de porte semelhante. Durante esse intervalo, a Netflix e a WBD operarão em regime de exclusividade de negociação, sem poder aceitar novas propostas rivais, salvo em situações especificadas em contrato.
Repercussões do acordo da Warner Bros. Discovery no mercado de streaming
A decisão da Warner Bros. Discovery altera os prognósticos para o setor de mídia digital. Líder em número de assinantes globais, a Netflix ganhará acesso imediato a um catálogo de franquias com décadas de reconhecimento, incluindo propriedades que competem diretamente com marcas da Disney e da Comcast. Analistas preveem redistribuição de verbas publicitárias e intensificação da disputa por talentos criativos, já que a união projeta uma companhia com maior capacidade de investimento na produção de conteúdo original e licenciado.
Para a Paramount, a recusa representa revés estratégico. Em documentos enviados ao corpo jurídico da WBD, a empresa alegou falta de isonomia no processo de seleção de propostas e pediu a formação de um comitê independente. Mesmo que a solicitação não tenha sido atendida até o momento, executivos da Paramount argumentam que o obstáculo regulatório enfrentado pela Netflix poderá reabrir conversas no médio prazo.
Próximos passos formais para a Warner Bros. Discovery e a Netflix
Com o alinhamento interno garantido, Warner Bros. Discovery e Netflix agora devem finalizar o acordo definitivo de fusão. O documento precisará detalhar estrutura societária, divisão de governança e mecanismos de compensação entre acionistas. Concluída essa etapa, o pacote seguirá para avaliação dos reguladores federais, processo que incluirá audiências públicas e possivelmente mudanças de escopo para mitigar preocupações concorrenciais.
Até que a aprovação governamental seja obtida, as duas empresas permanecerão independentes. Caso as autoridades vetem a transação ou imponham condições consideradas inviáveis, a multa rescisória de US$ 5,8 bilhões será aplicada, segundo cláusula já aceita pelas partes. O cronograma atualmente projetado aponta para conclusão das deliberações regulatórias ao longo do ano-fiscal de 2026, informação que serve de referência para investidores e para o mercado de produção audiovisual mundial.

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