Visual novel: entenda o gênero de jogo focado em narrativa que conquistou o mundo

Visual novels são jogos eletrônicos que priorizam a narrativa em vez de mecânicas complexas. Criado no Japão, o formato combina texto, ilustrações estáticas ou animadas, trilhas sonoras e escolhas interativas, oferecendo uma experiência próxima à leitura de livros, mangás ou animes, mas com participação ativa do jogador.

Nesse estilo, a jogabilidade costuma se resumir a clicar para avançar diálogos e, em momentos decisivos, selecionar opções que direcionam o enredo. Alguns títulos apresentam caminho único — caso das chamadas kinetic novels — enquanto outros contam com múltiplas ramificações e finais alternativos. A simplicidade de comandos destaca a escrita e a ambientação audiovisual, fatores responsáveis pela imersão.

O gênero começou a tomar forma nos anos 1980, no Japão. Um dos primeiros marcos foi The Portopia Serial Murder Case, lançado em 1983 pela Enix, que já trazia investigação policial e narrativa não linear. Em 1988, Snatcher, criado por Hideo Kojima, mesclou ficção científica e suspense, ampliando o alcance do formato. A evolução prosseguiu em 1996 com YU-NO: A Girl Who Chants Love at the Bound of this World, conhecido pelo sistema de múltiplas linhas temporais e pela quantidade de rotas possíveis.

A partir dos anos 2000, avanços de hardware possibilitaram dublagens completas, animações mais elaboradas e integração de elementos de RPG. Exemplos notáveis são Steins;Gate, de 2009, e Danganronpa: Trigger Happy Havoc, de 2010, que combinam narrativas extensas, escolhas significativas e sistemas adicionais de investigação ou resolução de puzzles.

Com a expansão do formato, surgiram vários subgêneros. As dōjinshi são produções independentes desenvolvidas por fãs, geralmente baseadas em franquias conhecidas. Já as eroge incluem cenas adultas dentro de tramas mais amplas, como ocorreu na versão original de Fate/stay night. Quando o foco é exclusivamente erótico, a obra recebe a classificação de nukige.

Outras subdivisões priorizam aspectos emocionais. Os nakige, por exemplo, buscam provocar lágrimas por meio de temas dramáticos e catárticos, enquanto os utsuge abordam histórias sombrias ou existencialistas, conduzindo o jogador a reflexões mais pesadas. A variedade de estilos revela a versatilidade do gênero, que pode abarcar romances leves, dramas familiares ou tramas de horror psicológico.

Diversos jogos ajudaram a popularizar as visual novels fora do mercado japonês. Clannad destaca-se pelo drama familiar, Steins;Gate tornou-se referência em ficção científica ao explorar viagens no tempo, e Danganronpa mistura investigação, suspense e ambientação escolar fatal. Esses três títulos ganharam adaptações em anime que ampliaram a audiência internacional.

Outras obras marcaram o segmento: Phoenix Wright: Ace Attorney, de 2001, combina narrativa com simulação de tribunal e contribuiu para difundir o formato em consoles portáteis; Higurashi no Naku Koro ni, clássico do terror psicológico, celebrou a capacidade das visual novels de lidar com temas perturbadores por meio de texto, áudio e imagens. A lista de exemplos reforça a diversidade de temas e abordagens possíveis dentro do mesmo arcabouço de design.

Hoje, plataformas digitais e a tradução de títulos independentes permitem acesso global ao gênero, que continua atraindo jogadores interessados em histórias profundas e interativas. Das produções independentes aos lançamentos de grandes estúdios, a visual novel consolidou-se como um espaço onde narrativa e interatividade coexistem em equilíbrio.

Fonte: Conteúdo fornecido pelo usuário

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