Vídeos curtos afetam desenvolvimento cerebral de crianças

Vídeos curtos vêm dominando o tempo de tela de crianças e adolescentes, mas essa tendência pode comprometer o desenvolvimento cerebral, segundo novos estudos e especialistas em neurologia.
Levantamento da Hibou Pesquisas e Insights mostra que 54% dos menores de idade dedicam a maior parte do dia ao YouTube e 41% ao TikTok. Com áreas cognitivas ainda em formação, a exposição constante a clipes de poucos segundos preocupa médicos.
Vídeos curtos afetam desenvolvimento cerebral de crianças
Para a neuropediatra Marcela Rodriguez de Freitas, da Academia Brasileira de Neurologia, o sistema de recompensa cerebral é ativado a cada novo vídeo, estimulando a repetição do comportamento e aumentando o risco de dependência digital. A médica alerta que, a longo prazo, o hábito pode afastar os jovens de experiências do mundo real e prejudicar habilidades sociais.
Um estudo publicado na revista NeuroImage identificou que assistir a conteúdos ultrarrápidos provoca desaceleração no processamento de informações, gerando a chamada “névoa mental”. Em crianças, o problema se reflete em menor capacidade de concentração e em déficit de senso crítico, já que o formato não favorece a reflexão sobre o material consumido.
Os impactos ultrapassam a cognição. De acordo com pesquisa da Organização Mundial da Saúde e da Universidade Johns Hopkins, um em cada sete adolescentes de 10 a 19 anos enfrenta algum transtorno mental, e um terço manifesta sintomas antes dos 14. A OMS salienta que o excesso de telas, especialmente de vídeos curtos, pode agravar ansiedade, distúrbios do sono e irritabilidade. O relatório completo está disponível no site da Organização Mundial da Saúde.
Comparado a séries ou filmes, o consumo fragmentado de clipes exige menos esforço intelectual e não estimula narrativas complexas, diz Freitas. “Para o cérebro, o impacto é completamente diferente”, resume a especialista.
Além disso, educadores observam queda na interação presencial. Professores relatam dificuldade crescente em manter a atenção da turma por períodos curtos, reflexo direto do ritmo acelerado das redes sociais.
Para mitigar riscos, os especialistas recomendam limitar o tempo de tela, priorizar conteúdos educativos e incentivar atividades físicas e lúdicas que desafiem a criatividade e a socialização.
Essas conclusões reforçam a necessidade de pais, escolas e plataformas digitais estabelecerem regras claras e promoverem o uso consciente da tecnologia entre os mais novos.
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Imagem: Edit 4 Me/Shutterstock
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