Vida em Marte: estudo reforça ambientes habitáveis em Jezero é a conclusão de uma pesquisa publicada no Journal of Geophysical Research que analisou minerais coletados pelo rover Perseverance. O trabalho identifica múltiplas interações entre rochas vulcânicas e água líquida, ampliando as evidências de que o Planeta Vermelho poderia ter sustentado organismos microscópicos em diferentes períodos.
Os cientistas mapearam 24 minerais na Cratera Jezero — local onde o robô pousou em 2021 — e comprovaram que todo o terreno passou por sucessivos episódios de atividade aquática. A descoberta surge dez dias depois de a NASA anunciar possível bioassinatura em rochas do Cânion Safira, na mesma região.
Vida em Marte: estudo reforça ambientes habitáveis em Jezero
Assinado pela pesquisadora Eleanor Moreland, da Universidade Rice, o artigo revela três estágios de interação água-rocha. Na fase mais antiga, fluidos quentes e ácidos formaram minerais como greenalita e hisingerita, menos propícios à vida. Em estágios posteriores, já com águas mais frias e neutras, surgiram minnesotaíta e clinoptilolita, condições consideradas mais favoráveis a microrganismos. Por fim, a presença de sepiolita — típica de ambientes alcalinos e gelados — indica um longo intervalo potencialmente habitável.
Os dados foram obtidos pelo instrumento PIXL e processados pelo algoritmo MIST, desenvolvido na Rice. Segundo Moreland, o sistema usa milhares de simulações estatísticas, semelhantes às empregadas em previsões de furacões, para atribuir níveis de confiança a cada mineral detectado. O catálogo resultante orienta a escolha das amostras que devem ser seladas e enviadas à Terra.
O retorno desse material, entretanto, enfrenta obstáculos. O programa Mars Sample Return, previsto para 2035, passa por revisão após cortes no orçamento da agência norte-americana. Enquanto isso, a China avança com a missão Tianwen-3, que pretende trazer 500 gramas de solo marciano até 2031, podendo superar os Estados Unidos na corrida por evidências de vida em Marte.
Moreland destacou que as rochas de Jezero registram passagens de fluidos quentes para águas alcalinas, “mais de uma vez, em diferentes eras”, reforçando o potencial biológico do local. Ainda assim, somente análises laboratoriais em solo terrestre poderão confirmar se as assinaturas são orgânicas ou fruto de processos exclusivamente minerais.
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Crédito: NASA/JPL-Caltech/ASU