Valve retira dezenas de jogos adultos da Steam após exigências de empresas de cartão de crédito
A Valve removeu dezenas de jogos com conteúdo adulto da Steam depois de alterar, na semana passada, as diretrizes que regulam títulos voltados para maiores de 18 anos na plataforma. A mudança foi feita para adequar o catálogo às regras de processamento de pagamentos impostas por Visa, Mastercard, PayPal e outras empresas do setor financeiro.
A nova orientação foi incluída na seção “O que você não deve publicar na Steam” em 21 de julho de 2025. O texto, no entanto, utiliza termos genéricos e não especifica com exatidão quais tipos de material passaram a ser vetados, o que gerou incerteza entre estúdios independentes e gerou protestos de parte da comunidade.
Na prática, as companhias de cartão de crédito passaram a ter poder de veto sobre determinados jogos disponibilizados no serviço, influenciando diretamente quais títulos podem continuar à venda. Segundo desenvolvedores, o temor de perder métodos de pagamento essenciais levou a Valve a retirar rapidamente os produtos considerados de maior risco.
A reação foi imediata nas redes sociais. Usuários, criadores de conteúdo e pequenos estúdios classificaram a remoção como censura e abriram uma petição on-line solicitando a reversão da política. O documento superou dez mil assinaturas em poucos dias e pede que a empresa restaure os jogos excluídos e esclareça publicamente os critérios adotados.
A petição apresenta quatro reivindicações principais: fim da restrição a conteúdo adulto legal, garantia de liberdade criativa para os desenvolvedores, maior transparência sobre limites impostos pelas lojas digitais e redução da influência de grupos ativistas no processo de moderação.
O ponto que menciona “influência de ativistas” faz alusão direta à Collective Shout, organização sem fins lucrativos sediada na Austrália que, segundo os próprios integrantes, teria motivado a revisão das políticas. A entidade se empenha há anos em campanhas contra produtos culturais que considera sexualmente violentos.
Em 7 de julho, a Collective Shout publicou uma atualização da campanha “No Mercy” no site Change.org, conclamando apoiadores a pressionar PayPal, MasterCard, Visa e Discover. A solicitação pedia que essas empresas interrompessem o processamento de pagamentos na Steam e na plataforma itch.io, alegando a presença de “centenas de jogos que encenam estupro, incesto e abuso infantil”.
Na mesma linha, a organização enviou carta aberta aos processadores de pagamento pedindo o corte imediato de relações comerciais com qualquer loja digital que hospedasse títulos desse tipo. O movimento aumentou a visibilidade do tema e teria, de acordo com a entidade, contribuído para a recente decisão da Valve.
Após a remoção de diversos jogos, em 19 de julho, a cofundadora da Collective Shout, Melinda Tankard Reist, comemorou publicamente o resultado em uma postagem na rede X. Ela descreveu a medida como “grande vitória” e afirmou que os novos termos adotados pela Steam atendem às exigências feitas pela instituição.
Desde a implementação das diretrizes, um número ainda não confirmado de jogos adultos deixou de aparecer nas buscas da loja. Desenvolvedores afetados relatam cancelamento de páginas, bloqueio de atualizações e, em alguns casos, suspensão de vendas sem aviso prévio. Jogadores que possuíam tais títulos continuam com acesso garantido, mas não podem mais adquiri-los diretamente.
A repercussão levou parte da comunidade a classificar o episódio como “censura financeira”, conceito que descreve a remoção de conteúdo motivada por pressão de intermediários de pagamento, e não por decisão editorial da plataforma. Criadores alegam que a medida limita a diversidade de obras disponíveis e estabelece precedentes para futuras intervenções.
Até o momento, nem a Valve nem as empresas de cartão de crédito envolvidas se pronunciaram oficialmente sobre a extensão dos cortes ou sobre eventuais revisões das novas regras. Também não há sinalização de que os jogos retirados serão reintegrados em curto prazo.
Com as diretrizes ainda em vigor e sem esclarecimentos públicos, os desenvolvedores seguem aguardando orientações mais detalhadas para entender quais conteúdos poderão publicar na Steam daqui em diante.
Fonte: Voxel