Vacinação contra Covid nos Estados Unidos perde apoio oficial do governo após o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) decidir retirar a recomendação para a imunização. A mudança reflete a pressão antivacina conduzida pelo secretário de Saúde, Robert Kennedy Jr., que propôs e venceu a votação interna.
Até então, a orientação de vacinar a população contra a Covid-19 estava em vigor desde o auge da pandemia. Com a nova diretriz, o acesso civil aos imunizantes pode ficar mais difícil, já que a cobertura automática pelos planos de saúde, antes obrigatória, deixa de ser exigida.
Vacinação contra Covid: EUA retiram recomendação do CDC
Durante a reunião do comitê, Kennedy Jr. também submeteu outro ponto polêmico: impedir a aplicação da vacina tetraviral em bebês, que protegeria contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora numa única dose. O colegiado decidiu que as quatro doenças deverão ser prevenidas por injeções separadas, medida que especialistas temem reduzir a adesão às campanhas infantis.
O secretário argumentou que “doses únicas sobrecarregam o sistema imunológico”, tese já descartada pela comunidade científica. Críticos lembram que Kennedy Jr. é conhecido por disseminar desinformação, como a alegação – desmentida – de que vacinas causam autismo. Em junho, ele demitiu todos os médicos consultores do departamento e nomeou apoiadores do movimento antivacina.
Outra consequência da retirada da recomendação é o possível aumento de barreiras burocráticas. O comitê avaliou permitir que uma simples receita médica garantisse o imunizante, mas a proposta foi rejeitada. Sem a chancela do CDC, cidadãos poderão enfrentar prazos maiores e custos adicionais para se vacinar.
Apesar da votação, o novo protocolo só entrará em vigor após a assinatura do diretor interino do CDC. Até lá, grupos pró-imunização pressionam para reverter a decisão, apontando o risco de retrocesso no controle da doença. Segundo dados do CDC, a imunização evitou centenas de milhares de hospitalizações desde 2021.
A comunidade médica alerta que a diminuição da cobertura vacinal pode favorecer novas ondas de contágio e variantes. Para eles, a diretriz vai na contramão do consenso internacional de saúde pública, que recomenda ampliar, não restringir, o acesso às vacinas.
Em resumo, a suspensão do incentivo oficial à vacinação contra Covid-19 nos EUA marca uma vitória do movimento antivacina, mas ainda depende de confirmação final. O desfecho pode redefinir a política de imunização no país e impactar campanhas futuras.
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Imagem: Maxim Elramsisy/Shutterstock