Vacina do Butantan contra dengue deve receber aval da Anvisa ainda este ano e chegar a 40 milhões de doses em 2025

Instituto Butantan caminha para obter a aprovação regulatória de sua vacina contra a dengue até o fim deste ano, segundo o Ministério da Saúde. Após o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a expectativa oficial é produzir mais de 40 milhões de doses já em 2025 por meio de parceria com a farmacêutica chinesa WuXi Biologics. A novidade ocorre em meio à redução recente nos registros da doença, mas com o alerta de que a dengue permanece a principal endemia do país.
- Detalhamento do processo de aprovação
 - Produção estimada e parceria internacional
 - Resultados do ensaio clínico de fase 3
 - Cenário atual da imunização no país
 - Queda de casos, mas manutenção de alerta
 - Distribuição regional de casos e óbitos
 - Municípios em situação de alerta
 - Dia D de combate previsto para 8 de junho
 - Investimento em hidratação e assistência
 - Método Wolbachia e outras tecnologias de controle
 - Responsabilidade compartilhada com a população
 - Perspectivas com a nova vacina
 
Detalhamento do processo de aprovação
O pedido de liberação do imunizante encontra-se nas etapas finais de avaliação técnica. A previsão divulgada pela pasta da Saúde estabelece o prazo máximo do último trimestre para a emissão do certificado da Anvisa, condição necessária para distribuição em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS). O cronograma mantém o instituto paulista como protagonista nacional na produção de vacinas, segmento em que já atua há décadas.
Produção estimada e parceria internacional
A fabricação em massa mobilizará instalações do Butantan e estrutura complementar da WuXi Biologics. De acordo com o planejamento oficial, mais de 40 milhões de doses estarão disponíveis ao longo de 2025. O volume anunciado pretende garantir cobertura ampliada e reduzir a dependência de vacinas importadas, além de responder à demanda crescente de municípios com elevado risco de transmissão.
Resultados do ensaio clínico de fase 3
Os dados submetidos à agência reguladora derivam de um estudo de fase 3 conduzido com mais de dez mil voluntários. O levantamento aferiu 79,6 % de eficácia global contra a dengue, índice que se elevou para 89,2 % entre participantes que já haviam contraído o vírus anteriormente. Em indivíduos sem exposição prévia, a eficácia foi de 73,5 %. No quesito segurança, três voluntários (menos de 0,1 %) registraram eventos adversos graves, todos com recuperação completa.
Cenário atual da imunização no país
No momento, o Brasil dispõe de uma vacina licenciada que prioriza crianças e adolescentes de dez a 14 anos em 2.752 municípios classificados como de maior risco. Entre o ano passado e outubro deste ano, os estados receberam 10,3 milhões de doses, enquanto outras nove milhões já estão contratadas para entrega em 2026. A entrada do imunizante do Butantan deve ampliar faixas etárias atendidas e reforçar o estoque estratégico, segundo indica a lógica de distribuição usada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Queda de casos, mas manutenção de alerta
Dados consolidados pelo Ministério da Saúde indicam redução de 75 % nos casos prováveis de dengue em 2025, comparativamente a 2024. Ao todo, o país contabiliza 1,6 milhão de registros neste ano. Quanto aos óbitos, a pasta registrou 1,6 mil mortes, volume 72 % menor em relação ao período anterior.
Embora os números mostrem desaceleração, as autoridades mantêm a vigilância. O ministro da Saúde declarou que a dengue continua sendo a endemia de maior impacto no território nacional e que as mudanças climáticas ampliam a área de circulação do vetor, o mosquito Aedes aegypti.
Distribuição regional de casos e óbitos
O estado de São Paulo concentra 55 % dos casos prováveis e 64,5 % das mortes registradas em 2025. Na sequência aparecem Minas Gerais (9,8 % dos casos, 8 % das mortes), Paraná (6,6 % dos casos, 8,3 % das mortes), Goiás (5,9 % dos casos, 5,5 % das mortes) e Rio Grande do Sul (5,2 % dos casos, 3 % das mortes). O perfil geográfico evidencia a heterogeneidade da transmissão e reforça a necessidade de ações localizadas.
Municípios em situação de alerta
Segundo o 3.º Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), três em cada dez municípios brasileiros apresentam condições favoráveis à proliferação do vetor da dengue, chikungunya e Zika. O levantamento considerou 3.223 cidades entre agosto e outubro. As maiores projeções de incidência atingem as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, com destaque para Mato Grosso do Sul, Ceará e Tocantins.
Dia D de combate previsto para 8 de junho
Como parte da mobilização permanente, o Ministério da Saúde confirmou a realização do Dia D da Dengue no próximo sábado, 8 de junho. A ação faz parte da campanha nacional “Não dê chance para dengue, zika e chikungunya” e terá foco central na eliminação de criadouros domésticos do mosquito. Equipes estaduais e municipais programam atividades de vigilância, orientação comunitária e recolhimento de materiais descartáveis que acumulem água.
Investimento em hidratação e assistência
Para atender pacientes durante os picos de transmissão, o governo anunciou a construção de 150 centros de hidratação em cidades com alta incidência. Essas unidades oferecem suporte clínico essencial para evitar agravamentos, pois a reposição de líquidos é medida fundamental no manejo dos casos sintomáticos de dengue.
Método Wolbachia e outras tecnologias de controle
O combate ao Aedes aegypti também envolve inovações biológicas. A técnica Wolbachia, que introduz uma bactéria nos mosquitos para reduzir a capacidade de transmitir vírus, já está presente em 12 municípios. Em Niterói (RJ), a queda de casos de dengue chegou a 89 %, enquanto as ocorrências de chikungunya recuaram 60 %. O governo federal liberou R$ 183,5 milhões para expandir o método a mais 70 cidades, 13 delas ainda em 2025.
Outras frentes incluem a ampliação das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL), a aplicação da técnica do inseto estéril e a borrifação residual intradomiciliar com inseticidas de longa duração. Todas essas medidas visam diminuir a densidade de mosquitos adultos e interromper cadeias de transmissão.
Responsabilidade compartilhada com a população
Autoridades de saúde reiteram que o sucesso das políticas públicas depende da adesão dos moradores às ações preventivas. Entre as recomendações permanentes estão:
• Instalar telas em janelas e usar repelentes em regiões de transmissão reconhecida;
• Eliminar recipientes que possam acumular água, como pneus, pratos de vasos e garrafas;
• Manter reservatórios e caixas-d'água bem vedados;
• Realizar limpeza periódica de calhas, lajes e ralos;
• Colaborar com agentes de endemias e equipes do SUS durante visitas domiciliares.
Perspectivas com a nova vacina
Com a aprovação prevista e a produção escalonada a partir de 2025, a vacina do Butantan deverá integrar o portfólio de imunobiológicos oferecidos pelo PNI. A combinação de alta eficácia, baixa incidência de efeitos adversos graves e fabricação em grande escala sustenta a expectativa de ampliar a cobertura vacinal e contribuir para a redução sustentada dos casos de dengue no país.
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