Unitree H2: novo robô humanoide de 1,80 m demonstra dança, luta e força para uso cotidiano

O lançamento do Unitree H2 marca mais um avanço na busca por robôs humanoides capazes de executar atividades tipicamente humanas. Apresentado pela Unitree Robotics, o equipamento bípede apareceu em vídeo realizando passos de dança, simulando movimentos de luta e exibindo roupas como um manequim animado. A demonstração pública, feita na segunda-feira, 20 de outubro de 2025, reforça o interesse crescente em máquinas que aliam mobilidade, destreza e interação social.

Origem do projeto e transição da primeira para a segunda geração

A família de humanoides da Unitree surgiu com o modelo H1, cuja principal característica era a velocidade; a fabricante priorizou a locomoção rápida como diferencial inicial. Na segunda geração, o foco mudou: o H2 recebeu melhorias direcionadas ao manuseio de objetos e ao aumento da força dos atuadores. Essa mudança se reflete em articulações mais robustas, ampliação do torque nos motores elétricos e no refinamento do equilíbrio dinâmico, elementos que sustentam as novas habilidades demonstradas publicamente.

Enquanto o H1 chamava atenção por correr em linha reta e se manter estável em altas velocidades, o novo modelo pretende ir além do deslocamento. A aposta da Unitree é aproximar o robô de tarefas quotidianas que exigem manipulação, como segurar utensílios, abrir portas ou movimentar cargas leves. Essa guinada estratégica acompanha a tendência do mercado, que vê nos humanoides uma ferramenta potencial para serviços de apoio em residências, comércios e linhas de produção.

Estrutura física e design do Unitree H2

Com 1,80 m de altura e peso aproximado de 70 kg, o H2 assume dimensões comparáveis às de um adulto. O esqueleto utiliza alumínio de grau aeronáutico, liga de titânio e plásticos de engenharia de alta resistência, combinação que proporciona rigidez e leveza relativa. O revestimento frontal do rosto recebeu acabamento prateado e inclui contornos de olhos, lábios e nariz, detalhes que ajudam o robô a exibir expressões simples, recurso útil para interações mais naturais com pessoas.

A liberdade de movimento é outro destaque. O robô possui 31 graus de liberdade, distribuídos pelos principais conjuntos articulares. Esse número indica como as juntas podem ser comandadas de forma independente, oferecendo flexibilidade ampliada para gestos finos, agachamentos ou movimentos largos de braços e pernas. Na prática, é o que torna possível coreografias rítmicas e sequências de golpes simuladas no vídeo de apresentação.

Sensores de visão e percepção ambiental

Para interpretar o espaço ao redor, o H2 combina câmera binocular com amplo campo de visão e um sensor LiDAR 3D. O conjunto permite escaneamento panorâmico, medição de profundidade em 360 graus e reconhecimento de pessoas ou objetos em tempo real. Em ambientes dinâmicos, a fusão desses sensores aumenta a precisão dos mapas tridimensionais gerados a cada instante, reduzindo riscos de colisão e contribuindo para trajetórias mais suaves.

Microfone e alto-falante integrados complementam o sistema perceptivo, facilitando diálogos curtos ou comandos de voz locais. A presença de áudio bidirecional também serve a notificações sonoras, orientação de usuários e eventuais chamadas rápidas em cenários corporativos.

Arquitetura eletrônica, autonomia e conectividade

A alimentação energética fica por conta de bateria de lítio com autonomia estimada em três horas. Esse intervalo cobre demonstrações prolongadas, rotinas domésticas de curta duração ou operações em turnos breves de atendimento. Para manutenção de software, o equipamento aceita atualizações OTA, recurso que elimina a necessidade de cabos ou intervenção física frequente.

Nos protocolos sem fio, o robô incorpora Wi-Fi 6 e Bluetooth 5.2, tecnologias que oferecem maior largura de banda, menor latência e maior alcance em comparação com gerações anteriores. Nas aplicações práticas, essa conectividade sustenta a transmissão de dados de telemetria, vídeo em alta definição e integração com redes corporativas ou residenciais.

Processamento interno e variante avançada

A Unitree disponibiliza duas configurações de computação. O modelo básico utiliza processador Intel Core i5, enquanto a edição voltada a tarefas mais exigentes traz Intel Core i7 aliado ao módulo Jetson AGX Thor da Nvidia. O acréscimo do chip voltado a inteligência artificial eleva a capacidade de processamento paralelo, fundamental para algoritmos de visão computacional, aprendizado de máquina e controle de movimento em tempo real.

Nessa configuração superior, redes neurais podem ser treinadas ou executadas de forma local, reduzindo dependência de servidores externos e melhorando a resposta de sistemas de detecção ou predição de trajetórias. Essa autonomia computacional é valiosa em fábricas, onde instabilidades de rede não podem interromper o fluxo de produção.

Aplicações previstas pela fabricante

Segundo a Unitree, o H2 foi projetado para atuar em residências, estabelecimentos comerciais e ambientes industriais. No lar, a intenção é que o robô realize tarefas como transporte de objetos leves, apoio a pessoas com mobilidade reduzida ou simples companhia interativa. Em comércios e hotéis, a máquina poderia assumir funções de recepção, orientar clientes ou carregar bagagens pequenas, iniciativas que demandam percepção do entorno e comunicação clara.

Já na indústria, a ênfase recai sobre a manipulação segura de componentes, inspeção visual repetitiva e suporte logístico em áreas onde a presença humana é limitada por questões de ergonomia ou segurança. O porte físico semelhante ao de uma pessoa facilita a adaptação do humanoide a instalações construídas para trabalhadores humanos, dispensando modificações estruturais onerosas.

Demonstradores de performance: dança, luta e passarela

A exibição pública incluiu três blocos ilustrativos. Primeiro, o H2 executou passos de dança sincronizados, evidenciando coordenação fina entre tronco, quadris e membros inferiores. Depois, mostrou katas de artes marciais, com socos e esquivas que dependem de aceleração repentina e realinhamento rápido do centro de massa. Por fim, desfilou usando diferentes peças de vestuário, tarefa que ressalta o controle de equilíbrio, pois roupas alteram levemente a distribuição de peso e o espaço disponível para movimentos dos braços.

A combinação dessas provas de conceito reforça a versatilidade do hardware: o mesmo conjunto de motores e sensores suporta tanto expressões artísticas quanto esforços físicos de maior intensidade. Para a fabricante, tais demonstrações servem não apenas ao marketing, mas também a ensaios de robustez dos componentes em condições variadas.

Situação comercial e próximas etapas

Até o momento, a Unitree Robotics não divulgou o preço de venda do H2. A percepção é de que o valor final dependerá da configuração escolhida, especialmente pela presença opcional do módulo de IA avançada. Além do novo humanoide, o portfólio da empresa inclui os modelos G1 e R1, orientados a nichos de consumo diferentes. O cenário competitivo reúne ainda nomes como Tesla, Boston Dynamics e Figure, todos empenhados em acelerar a chegada de robôs bípedes ao mercado de massa.

Com a revelação do H2, a Unitree amplia a disputa tecnológica em torno da mobilidade humana sintética. A implementação de 31 graus de liberdade, sensores 3D e conectividade moderna indica que a companhia pretende posicionar seu robô como ferramenta multifuncional, apta a operar em ambientes até então restritos a operadores humanos. Caberá agora aos potenciais clientes avaliar a maturidade do sistema, a adequação de custo e a segurança antes de adotar o humanoide em aplicações reais.