Turquia desiste de impor regras do doner kebab na UE

Doner kebab segue livre de novas exigências na União Europeia depois que a Turquia retirou o pedido de reconhecimento “Traditional Speciality Guaranteed” (TSG), medida que teria fixado critérios rigorosos para a preparação do prato em todo o bloco.
A federação turca Udofed pretendia padronizar ingredientes, tipo de carne e até espessura do corte, sustentando que o kebab é um patrimônio nacional exportado pelos imigrantes. As regras proibiriam, por exemplo, o uso de vitela e carne de peru, comuns em lanchonetes europeias.
Turquia desiste de impor regras do doner kebab na UE
O recuo ocorreu em 23 de setembro, após dezenas de objeções apresentadas por governos e associações do setor, principalmente da Alemanha. Segundo o Ministério da Alimentação e Agricultura alemão, o pedido turco foi recebido “com surpresa”, pois o país considera seu kebab — servido em pão achatado, com repolho roxo, picles, cebola roxa e molhos — parte da própria culinária nacional.
A indústria alemã, dominada pela diáspora turca, emprega cerca de 60 mil pessoas e produz aproximadamente 400 toneladas de kebab diariamente, gerando vendas anuais de € 2,4 bilhões. Em toda a Europa, o faturamento chega a € 3,5 bilhões, de acordo com a Associação de Fabricantes de Doner Turcos na Europa (ATDID).
Se fosse aprovado, o selo TSG obrigaria o uso exclusivo de carne bovina de animais com mais de 16 meses, cordeiro acima de seis meses ou coxas e peitos de frango, além de definir lâminas de 3 a 5 mm e restringir marinadas. Um porta-voz da Comissão Europeia confirmou à BBC Turkish que a proposta já caminhava para rejeição antes da desistência. Confira detalhes na reportagem da BBC.
Para ex-ministro alemão de origem turca Cem Özdemir, “o doner pertence à Alemanha” e não precisa de orientação de Ancara sobre como deve ser consumido. A declaração resume o clima de disputa que transformou o espeto giratório em símbolo de identidade cultural para os dois países.
No final, a tentativa de padronização foi arquivada sem acordo, preservando a diversidade de versões do sanduíche em todo o continente. Para os milhões de consumidores europeus, o sabor permanece inalterado — ao menos por enquanto.
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Crédito: Getty Images
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