Trump e Putin reúnem-se no Alasca para negociar conflito na Ucrânia

Washington e Moscovo confirmaram que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, têm encontro marcado para 15 de agosto no Alasca, com o objetivo de discutir a guerra na Ucrânia.

Local escolhido e agenda preliminar

A reunião foi anunciada por Trump nas redes sociais e pouco depois validada por um porta-voz do Kremlin, que considerou a escolha do Alasca “lógica” devido à proximidade geográfica com a Rússia. A mesma fonte adiantou que o chefe de Estado norte-americano recebeu convite para uma eventual segunda cimeira em território russo, sem avançar datas.

Até ao momento, Kiev não reagiu publicamente à marcação da cimeira. Um responsável da Casa Branca citado pela cadeia norte-americana CBS News referiu que o formato do encontro “permanece em aberto” e que existe a possibilidade de envolver o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “de alguma forma”.

Propostas de troca territorial em cima da mesa

O anúncio surgiu poucas horas depois de Trump ter admitido que a resolução do conflito poderá implicar cedências territoriais por parte da Ucrânia. “Vai haver trocas de território para benefício de ambos os lados”, declarou o Presidente em Washington, recordando que a guerra provocou numerosas baixas desde a invasão russa de fevereiro de 2022.

Segundo a CBS, a Administração norte-americana procura convencer líderes europeus a aceitarem um acordo que permitiria à Rússia manter a Crimeia e assumir o controlo pleno do Donbass. Em contrapartida, Moscovo abandonaria as zonas que ocupa parcialmente nas regiões de Kherson e Zaporíjia.

O Wall Street Journal revelou, por seu lado, que Putin apresentou proposta semelhante ao enviado de Trump, Steve Witkoff, durante uma reunião recente em Moscovo. Até agora, Zelensky rejeitou qualquer pré-condição que envolva perda de território, e vários aliados europeus mantêm a posição de não reconhecer alterações de fronteira impostas pela força.

Estado do conflito e tentativas anteriores de diálogo

A Rússia controla cerca de 20 % do território ucraniano, mas não registou avanços decisivos nos últimos meses. As contra-ofensivas ucranianas também não conseguiram empurrar significativamente as tropas russas para trás. Três rondas de negociações diretas entre Kiev e Moscovo, realizadas em Istambul, terminaram sem acordo.

Moscovo continua a exigir que a Ucrânia adote um estatuto de neutralidade, reduza substancialmente as Forças Armadas, renuncie a futuros pedidos de adesão à NATO e aceite o levantamento das sanções ocidentais. Entre as reivindicações russas está igualmente a retirada ucraniana das quatro regiões parcialmente ocupadas no sudeste do país e a subsequente desmobilização.

Trump afirmou acreditar na possibilidade de alcançar um entendimento tripartido. “Os líderes europeus querem paz, o Presidente Putin quer paz, e Zelensky também quer paz”, afirmou, acrescentando que o Presidente ucraniano “terá de se preparar para assinar algo”.

Situação diplomática e possíveis sanções

No mês passado, Trump endureceu o discurso contra o Kremlin ao impor um prazo para que Moscovo aceitasse um cessar-fogo, sob pena de enfrentar sanções adicionais. Com a aproximação da data limite, a ameaça económica foi eclipsada pelos preparativos da cimeira no Alasca. Até à tarde de sexta-feira, não foram anunciadas novas medidas punitivas contra a Rússia.

Os dois líderes mantiveram uma conversa telefónica em fevereiro, a primeira desde o início da invasão. O último encontro presencial de um Presidente dos EUA com Putin remonta a 2021, quando Joe Biden se reuniu com o chefe de Estado russo em Genebra.

O resultado das conversações no Alasca poderá definir o próximo passo da ofensiva diplomática. Se avançar, uma segunda cimeira em solo russo colocaria novamente Trump e Putin frente a frente, desta vez possivelmente já com um esboço de acordo sobre a mesa — caso Kiev e os seus parceiros ocidentais o considerem aceitável.

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Imagem: bbc.com

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