Trump manifesta preocupação com a compra da Warner pela Netflix e promete intervir no processo regulatório

O anúncio da compra da Warner pela Netflix colocou o mercado de entretenimento em estado de alerta e atraiu a atenção direta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em declarações públicas feitas no domingo, 7 de dezembro de 2025, o chefe do Executivo norte-americano indicou que planeja acompanhar de perto o processo de aprovação do negócio, orçado em US$ 82,7 bilhões, e que pretende consultar economistas antes de qualquer decisão. A afirmação de que o acordo “pode ser um problema” reforçou a atmosfera de incerteza em torno da transação, que envolve estúdios de cinema, serviço de streaming, desenvolvedoras de games e um portfólio de franquias de grande apelo global.
- A dimensão da compra da Warner pela Netflix
- Por que a compra da Warner pela Netflix preocupa a Casa Branca
- Encontro prévio entre Trump e executivos: sinais de articulação
- Reações políticas à compra da Warner pela Netflix
- Impacto da compra da Warner pela Netflix no mercado de entretenimento
- Próximos passos no processo de aprovação
A dimensão da compra da Warner pela Netflix
O pacote negociado entre as duas companhias compreende quatro eixos principais. Primeiro, os tradicionais estúdios de cinema da Warner Bros., responsáveis por décadas de produções de alto orçamento e bilheterias expressivas. Segundo, o HBO Max, plataforma de streaming que agrega séries consagradas e filmes de catálogo. Terceiro, divisões de jogos como WB Games, Avalanche e NetherRealm Studios, que atuam no desenvolvimento e na publicação de títulos para consoles, PC e dispositivos móveis. Por fim, um vasto acervo de propriedades intelectuais, incluindo Game of Thrones, O Senhor dos Anéis, Friends e Harry Potter.
O valor de US$ 82,7 bilhões (cerca de R$ 441 bilhões) representa um dos maiores movimentos de consolidação já registrados no setor de mídia e entretenimento. Caso aprovado, o acordo ampliará substancialmente a base de conteúdo da Netflix e reforçará sua presença em áreas além do streaming de vídeo, como cinema tradicional e desenvolvimento de jogos eletrônicos.
Por que a compra da Warner pela Netflix preocupa a Casa Branca
Donald Trump manifestou reservas sobre a formação de um novo conglomerado com “grande fatia de mercado”, nas palavras do presidente. Segundo ele, a soma da audiência global da Netflix com o catálogo e a infraestrutura da Warner Bros. elevaria o poder de barganha da empresa, com possível impacto na concorrência e na distribuição de conteúdo em escala global.
Nos Estados Unidos, grandes fusões do setor precisam de aval da Comissão Federal de Comércio (FTC), responsável por avaliar efeitos concorrenciais. Tradicionalmente, a Casa Branca não interfere diretamente nessas análises, mas Trump informou que “estará envolvido” e que ouvirá consultores econômicos antes de opinar. Essa postura foge ao padrão regulatório do país e indica participação presidencial no desenrolar das etapas de aprovação.
Encontro prévio entre Trump e executivos: sinais de articulação
Embora o presidente afirme que nenhuma promessa foi feita, há indícios de que as conversas entre governo e empresa começaram antes da manifestação pública. Em novembro, período em que a Warner Bros. já estava oficialmente à venda, Trump manteve uma reunião reservada com Ted Sarandos, co-CEO da Netflix. A pauta oficial do encontro descreveu “diversos tópicos”, mas, segundo relatos divulgados pela imprensa, o executivo saiu com a impressão de não encontrar resistência imediata da Casa Branca.
A proximidade do governo com interessados no negócio não se restringe à Netflix. A Paramount Skydance, controlada pela família Ellison — conhecida pela relação de longa data com Trump — também disputou a compra e acabou derrotada. Em operações anteriores, a companhia contou com a influência do presidente para viabilizar fusões, inclusive aceitando concessões, como doações à futura biblioteca presidencial, flexibilização de políticas internas de diversidade e cancelamento de conteúdo considerado crítico ao governo.
Reações políticas à compra da Warner pela Netflix
A oposição democrata sinalizou que pretende questionar o acordo citando riscos à competição. Parlamentares alinhados ao partido estudam solicitar audiências públicas e enviar pedidos de informações à FTC sobre possíveis impactos em preços de assinatura e diversidade de produção. Um grupo anônimo de produtores, por sua vez, encaminhou carta a senadores criticando a concentração de licenças e argumentando que a integração vertical entre streaming, cinema e games reduziria oportunidades para estúdios independentes.
No campo republicano, parte dos legisladores deve acompanhar a posição do presidente, sobretudo após declarações que vinculam o tema à necessidade de preservar o “mercado aberto”. Contudo, aliados próximos a conglomerados rivais, como a própria Paramount Skydance, também demonstram preocupação e podem pressionar por restrições adicionais ao negócio.
Impacto da compra da Warner pela Netflix no mercado de entretenimento
Ao unir a liderança global da Netflix em streaming com a tradição cinematográfica da Warner Bros., o novo grupo teria capacidade de produção end-to-end: desenvolvimento de propriedade intelectual, filmagem, distribuição em salas de cinema, lançamento simultâneo em streaming e criação de jogos adaptados de suas franquias. Especialistas temem que a integração desse pipeline reduza o espaço para terceiros licenciar conteúdo ou negociar janelas de exibição.
Na esfera internacional, a soma de catálogos ampliaria a presença da Netflix em mercados onde o HBO Max já possui alcance consolidado, como Europa Ocidental e América Latina. Além disso, o controle sobre franquias de alto engajamento — caso de Harry Potter e O Senhor dos Anéis — pode estimular a produção de spin-offs, séries derivadas e títulos de jogos que reforcem o ecossistema da plataforma.
Próximos passos no processo de aprovação
A Comissão Federal de Comércio deverá abrir, nas próximas semanas, a fase formal de investigação, que inclui pedidos de documentação às empresas, coleta de depoimentos de executivos e análise de dados de mercado. Paralelamente, Trump declarou que chamará economistas para avaliar potenciais efeitos antitruste e prometeu acompanhar pessoalmente cada deliberação. Enquanto isso, parlamentares democratas organizam audiências informais para reunir opiniões de produtores independentes.
Não há prazo definido para a conclusão da análise regulatória, mas, historicamente, transações desse porte podem levar vários meses. Até lá, Netflix e Warner Bros. permanecem como entidades separadas, aguardando decisão que pode redefinir o mercado global de entretenimento.

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