Trump envia Guarda Nacional para Washington DC e assume controlo da polícia local

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou uma “emergência de segurança pública” em Washington DC e ordenou o destacamento de 800 militares da Guarda Nacional para a capital. A medida, anunciada na segunda-feira a partir da Casa Branca, foi apresentada como resposta a alegados picos de criminalidade e problemas de sem-abrigo na cidade.

Emergência e comando federal da polícia

Segundo o Departamento do Exército, entre 100 e 200 militares estarão no terreno em cada momento, com chegada prevista até ao final da semana. Além do reforço militar, Trump invocou a District of Columbia Home Rule Act para colocar o Departamento de Polícia Metropolitana sob controlo federal. Durante o período de intervenção, a força policial será chefiada pela procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi.

A lei invocada permite ao presidente assumir o comando da polícia durante 48 horas sem notificação ao Congresso; para períodos superiores, é obrigatória comunicação escrita, e o controlo não pode ultrapassar 30 dias. Trump classificou a acção como “dia de libertação em DC”, afirmando que a cidade teria sido “tomada por gangues violentas, criminosos sedentos de sangue e toxicodependentes”.

Dados oficiais contestam cenário de crime em alta

A presidente da câmara de Washington DC, Muriel Bowser, rejeitou a caracterização presidencial. Citando estatísticas do Departamento de Polícia Metropolitana, Bowser recordou que os homicídios caíram 32 % entre 2023 e 2024, atingindo o valor mais baixo desde 2019, e recuaram mais 12 % no início de 2025. A autarca reconheceu um aumento “grave” em 2023, em linha com a tendência nacional pós-pandemia, mas assegurou que a situação está agora controlada.

Para Bowser, “não existem condições especiais de emergência” que justifiquem a intervenção federal prevista na Home Rule Act. A responsável descreveu a decisão como “inquietante e sem precedentes” e manifestou preocupação com a eventual aplicação de leis locais por militares.

Questão dos sem-abrigo e reacção da sociedade civil

Trump prometeu também “acabar com os bairros de barracas” e referiu que as pessoas em situação de sem-abrigo seriam deslocadas para fora da capital, sem especificar o destino. Organizações locais contestaram. Ralph Boyd, presidente da SOME — entidade que presta apoio social em Washington — sublinhou que o número de sem-abrigo individuais diminuiu quase 20 % em cinco anos e considerou que mover as pessoas para outras localidades “apenas transfere o problema para comunidades menos preparadas”.

Grupos de cidadãos concentraram-se nas imediações da Casa Branca com palavras de ordem como “hands off DC” e “protect home rule”. Oradores no protesto acusaram o presidente de procurar controlo político mais do que segurança pública.

Contexto e precedentes

Esta é a segunda activação da Guarda Nacional autorizada por Trump em 2025. Em Junho, o presidente já enviara 2 000 militares para Los Angeles, após distúrbios relacionados com operações de imigração. A última mobilização para Washington DC ocorrera em 2021, na sequência do assalto ao Capitólio.

Nas redes sociais, Trump tem criticado a liderança democrata da capital, responsabilizando-a pela violência urbana e por agressões recentes a funcionários federais. Entre os casos citados está o ataque a um trabalhador do Departamento de Government Efficiency e incidentes envolvendo um congressista democrata e um estagiário.

O Secretário da Defesa, Pete Hegseth, afirmou que os militares “serão firmes e disciplinados”. A Casa Branca garante que o dispositivo permanecerá dentro dos limites constitucionais e voltará à esfera estadual logo que o presidente considere restabelecida a ordem.

Enquanto isso, continua o debate sobre a necessidade, a proporcionalidade e a legalidade da intervenção, num território onde os residentes elegem as autoridades locais mas permanecem sujeitos a supervisão federal distinta dos 50 estados.

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Imagem: bbc.com

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