Trump confirma encontro com Putin no Alasca para discutir fim da guerra na Ucrânia
Washington, 9 de agosto de 2025 — O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que se reunirá com o homólogo russo, Vladimir Putin, no próximo dia 15 de agosto, no estado do Alasca, com o objetivo de discutir um possível desfecho para a guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
Primeiro encontro bilateral desde 2021
Num comunicado publicado na rede Truth Social, Trump referiu que “o tão aguardado encontro” ocorrerá na próxima sexta-feira, sublinhando tratar-se da “primeira cimeira Rússia-Estados Unidos em quatro anos”. A última reunião deste nível aconteceu em junho de 2021, em Genebra, quando o então presidente Joe Biden se encontrou com Putin.
Trump indicou que pretendia reunir-se “mais cedo”, mas que “questões de segurança” adiaram o agendamento. Apesar da insistência do Kremlin em envolver o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, nas negociações, Trump afirmou aceitar ver-se com Putin mesmo sem a presença de Kiev, gerando preocupação nas capitais europeias quanto a um eventual recuo no apoio ocidental à Ucrânia.
Pressão económica reforçada contra Moscovo
O anúncio surgiu no mesmo dia em que o Canadá, em coordenação com o Reino Unido e a União Europeia, decidiu baixar o teto máximo para o preço do crude russo exportado por via marítima, de 60 para 47,60 dólares por barril. A medida, divulgada pelos ministros canadianos François-Philippe Champagne (Finanças) e Anita Anand (Negócios Estrangeiros), visa reduzir as receitas de Moscovo e limitar o financiamento do esforço militar russo.
Os tetos para produtos refinados de alto valor (100 dólares) e de baixo valor (45 dólares) mantêm-se inalterados. Paralelamente, Trump assinou um decreto que impõe um tarifário adicional de 25 % sobre as importações indianas de petróleo russo e ameaçou aplicar sanções a outros países que prossigam compras semelhantes.
Possível troca de territórios em cima da mesa
Questionado por jornalistas na Casa Branca, o Presidente norte-americano mostrou otimismo quanto a um entendimento. Referiu a existência de progressos “muito próximos” e adiantou que um eventual acordo poderá envolver “recuperação e troca de regiões”, sem especificar quais. “Será complexo, mas haverá ajustes vantajosos para ambas as partes”, afirmou.
Bloomberg noticiou, horas antes, que Washington e Moscovo ponderam um plano que consolidaria alguns ganhos territoriais russos, ao passo que Kiev recuperaria outras zonas. Trump não confirmou a proposta, mas admitiu que “haverá trocas” caso se alcance um cessar-fogo.
Realidade no terreno mantém-se dura
Enquanto decorrem as manobras diplomáticas, o conflito prossegue ao longo de um frente de mil quilómetros. No leste, a região de Pokrovsk, em Donetsk, continua sob intenso bombardeamento russo. Segundo um comandante ucraniano identificado apenas pelo indicativo “Buda”, “negociar é impossível; a única via é derrotar o invasor”.
No norte, na fronteira de Sumy, as forças ucranianas tentam impedir a deslocação de reforços inimigos para Donetsk. Já no sul, na zona de Zaporizhzhia, uma unidade de artilharia — liderada pelo oficial com o indicativo “Varsóvia” — sublinhou que “não há alternativa senão resistir” para travar o avanço russo.
Análises contrastantes sobre vontade de paz
O Instituto para o Estudo da Guerra, sedeado em Washington, avalia que Putin “não demonstra interesse real em encerrar o conflito” e aposta no desgaste prolongado da Ucrânia e dos aliados ocidentais. Em sentido inverso, Trump declarou acreditar que o presidente russo “deseja a paz tanto quanto Zelenskyy”.
Em discurso noturno, o chefe de Estado ucraniano afirmou existir possibilidade de chegar a um cessar-fogo se “a pressão internacional adequada” for mantida sobre Moscovo. Zelenskyy tem defendido que qualquer acordo deve incluir a recuperação total da integridade territorial da Ucrânia.
Próximos passos
O encontro de 15 de agosto decorrerá sob forte dispositivo de segurança no Alasca. A Casa Branca não divulgou agenda detalhada, mas fontes governamentais indicam que, além da situação na Ucrânia, serão abordados temas como controlo de armas nucleares e estabilidade energética global.
Trata-se de uma oportunidade para testar a disposição das duas potências em influenciar o rumo da guerra. Caso não haja avanço concreto, Trump advertiu que poderá impor “sanções adicionais” contra a Rússia, mantendo o prazo que fixou para o Kremlin apresentar sinais de compromisso com a paz.

Imagem: Sean Boynton Global Ne via globalnews.ca