Trump anuncia plano de 300 mil milhões de dólares para novas fábricas de chips no Arizona
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou que a maior produtora de semicondutores da Ásia pretende aplicar cerca de 300 mil milhões de dólares (aproximadamente 1,5 biliões de reais) na construção de fábricas no território norte-americano.
Seis unidades avançadas previstas para o Arizona
Em entrevista à cadeia televisiva CNBC, Trump indicou que o investimento será concentrado no estado do Arizona, onde a companhia planeia erguer pelo menos seis unidades de produção de última geração. Embora o chefe de Estado não tenha referido o nome da empresa, os detalhes apontam para a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), maior fundição independente do mundo e fornecedora de empresas como Intel, Nvidia, AMD e Qualcomm.
Segundo o presidente, a iniciativa visa aumentar a capacidade de fabrico doméstico de componentes críticos, reduzindo a dependência de fornecedores estrangeiros. A TSMC tinha antes anunciado um pacote de 65 mil milhões de dólares para as suas instalações norte-americanas, valor posteriormente revisto para 100 mil milhões. Agora, o montante divulgado por Trump representa um salto significativo e inclui benefícios fiscais e subsídios federais que, de acordo com previsões da empresa, podem chegar a 200 mil milhões de dólares ao longo da próxima década.
Os planos de expansão da TSMC nos Estados Unidos não são recentes, mas a construção das fábricas deverá demorar vários anos até entrar em operação. As instalações no Arizona contarão com processos de fabrico avançados destinados a responder à procura por chips de alto desempenho em áreas como inteligência artificial, veículos autónomos e equipamentos 5G.
Estratégia industrial e possíveis tarifas sobre semicondutores
Trump reforçou que a produção local de semicondutores é essencial para a segurança económica e tecnológica do país. O presidente adiantou que a Casa Branca prepara tarifas específicas para chips importados, medida destinada a incentivar a fabricação interna e a proteger a indústria dos Estados Unidos da concorrência de mercados como Taiwan e Coreia do Sul.
A aplicação de novas taxas alfandegárias poderá elevar o preço de dispositivos eletrónicos no curto prazo, mas a administração acredita que o impacto será compensado pela criação de emprego qualificado nas novas fábricas. Trump não esclareceu se os 300 mil milhões de dólares representam um compromisso adicional ou se englobam investimentos já anunciados pela empresa asiática em rondas anteriores.
Circulam ainda rumores de que a TSMC poderia adquirir parte da divisão de fundição da Intel para contornar eventuais tarifas. Fontes ligadas ao setor consideram esse cenário improvável, dado que a Intel enfrenta desafios técnicos para avançar na sua própria linha de produção e não manifestou interesse público em vender ativos estratégicos.
Os Estados Unidos competem atualmente com vários países pela liderança no fabrico de semicondutores, sector considerado crítico para a economia digital. A China investe fortemente em capacidade interna, enquanto Taiwan e Coreia do Sul mantêm posição dominante em tecnologias de ponta. A aposta norte-americana em incentivos fiscais e subsídios pretende recuperar terreno perdido ao longo das últimas décadas.
Próximos passos e impacto no mercado
Analistas industriais estimam que as primeiras linhas de produção no Arizona só estarão prontas na segunda metade da década, dado o tempo necessário para construir fábricas de alta complexidade, instalar equipamento e qualificar mão-de-obra. Mesmo assim, o anúncio de Trump já provoca reacções no mercado, influenciando planos de investimento de concorrentes e estratégias de clientes.
Se concretizado, o investimento de 300 mil milhões de dólares reforçará o papel dos Estados Unidos no fornecimento global de semicondutores e poderá alterar cadeias de abastecimento utilizadas por fabricantes de automóveis, empresas de telecomunicações e produtores de equipamento informático. No entanto, observadores recordam que o sucesso do projecto dependerá de incentivos governamentais contínuos, estabilidade regulatória e capacidade das novas fábricas para manterem avanços tecnológicos face à competição internacional.

Imagem: tecmundo.com.br