Trump ameaça emissoras de TV ao declarar que canais “97% contra” seu governo podem ter a licença cassada, em meio à polêmica suspensão do apresentador Jimmy Kimmel pela ABC.
Falando a repórteres no voo de volta dos EUA após visita ao Reino Unido, o presidente citou dados internos que apontariam cobertura “massivamente negativa” das grandes redes. “Eles recebem licença pública e só me dão má publicidade; talvez devêssemos tirá-la”, afirmou.
Trump ameaça emissoras de TV: licença pode ser revogada
A declaração foi feita um dia depois de a Disney-owned ABC retirar Jimmy Kimmel Live! do ar por tempo indeterminado. O comediante ligou o assassino do influenciador conservador Charlie Kirk ao movimento Maga, apesar de a polícia de Utah ter apontado ideologia de esquerda no suspeito. A decisão da ABC ocorreu após o presidente da Federal Communications Commission (FCC), Brendan Carr, ameaçar sanções contra afiliadas que exibissem o monólogo.
Carr aplaudiu a Nexstar Media Group, dona de centenas de estações e em processo de fusão de US$ 6,2 bi com a Tegna, por anunciar que não transmitirá o programa “por tempo previsível”. Já a Sinclair Broadcasting, principal afiliada da ABC, programou um especial em homenagem a Kirk no horário antes ocupado por Kimmel.
Setores democratas reagiram. O ex-presidente Barack Obama classificou a suspensão como “novo patamar perigoso de cancelamento” promovido pelo governo. Sindicatos de roteiristas e atores defenderam a liberdade de expressão, enquanto celebridades como Ben Stiller chamaram a punição de “injusta”.
Entre críticos de Kimmel, o empresário Dave Portnoy argumentou que a medida representa “consequências”, não censura. O apresentador Greg Gutfeld, da Fox, acusou o comediante de culpar deliberadamente aliados de Kirk pelo crime.
Charlie Kirk, 31, cofundador da Turning Point USA, foi morto a tiros em 10 de setembro numa palestra em Utah. A viúva, Erika Kirk, assumiu a liderança da organização. O suspeito Tyler Robinson, 22, responde por homicídio qualificado, com promotores buscando pena de morte.
A controversa fala de Trump relança o debate sobre o poder regulatório da FCC e a proteção à Primeira Emenda, tema recorrente em anos eleitorais nos Estados Unidos.
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Imagem: Getty Images