Transplante de útero em mulher trans ainda é desafio

Transplante de útero em mulher trans ainda é desafio médico. A perspectiva de uma gestação após o implante do órgão motiva personalidades como a influenciadora Maya Massafera, mas especialistas alertam que o procedimento segue limitado a mulheres cis com infertilidade uterina absoluta.

Desde o primeiro transplante bem-sucedido em 2014, mais de 100 cirurgias resultaram em nascimentos saudáveis em pacientes que nasceram sem útero ou o perderam por doenças. No Brasil, um marco ocorreu em 2016, quando uma receptora gerou o primeiro bebê oriundo de doadora falecida na América Latina.

Transplante de útero em mulher trans ainda é desafio

Para mulheres trans, contudo, a realidade é diferente. Diferenças anatômicas na pelve e a ausência de ovários dificultam a vascularização do órgão e a produção hormonal necessária à gestação. Até hoje, o único registro de tentativa ocorreu em 1931, quando a artista dinamarquesa Lili Elbe passou por um implante experimental e faleceu meses depois por rejeição e infecção.

Pesquisas contemporâneas tentam reduzir esses obstáculos. Estudo da Universidade da Pensilvânia revisou critérios médicos e éticos, defendendo que futuros avanços podem garantir segurança e equidade reprodutiva para pessoas trans e não binárias.

Entre os maiores entraves estão o uso prolongado de imunossupressores, o ajuste de doses hormonais femininas e a criação de um suporte ligamentar capaz de manter o útero estável durante a gestação. Segundo o cirurgião ginecológico Richard Smith, que integrou a primeira equipe britânica a realizar o procedimento, a viabilidade para mulheres trans pode levar de 10 a 20 anos.

Mesmo em mulheres cis, o transplante permanece experimental no Brasil e não é oferecido pelo SUS. A cirurgia exige doadora compatível, internação prolongada e custo elevado. Após o nascimento do bebê, o útero é removido para reduzir riscos associados aos fármacos antirrejeição.

Para quem considera o procedimento, especialistas recomendam avaliação multidisciplinar envolvendo ginecologia, endocrinologia, psicologia e ética médica. “É fundamental alinhar expectativas e compreender que a ciência ainda trilha o caminho até a plena segurança”, reforça Smith.

Enquanto a medicina avança, narrativas como a de Maya Massafera ampliam o debate sobre direitos reprodutivos, lembrando que o sonho da maternidade também faz parte da vivência trans.

No momento, mulheres trans que desejam filhos podem recorrer à adoção ou à gestação de substituição, alternativas reconhecidas e regulamentadas no país.

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Crédito da imagem: Shutterstock

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