Transplante de órgão: cinco riscos potenciais e os cuidados que os minimizam

Transplante de órgão: cinco riscos potenciais e os cuidados que os minimizam

O transplante de órgão é um procedimento cirúrgico essencial para pacientes que não dispõem mais de alternativas terapêuticas capazes de preservar a função de órgãos como coração, fígado, rim, pulmão ou pâncreas. A intervenção consiste em substituir o órgão doente por outro proveniente de um doador vivo ou falecido, medida que pode restituir a saúde e prolongar a vida do receptor. Embora o resultado clínico seja, na maior parte das vezes, bem-sucedido, a cirurgia envolve riscos que exigem monitoramento intensivo antes, durante e depois da operação.

Índice

Quem realiza e onde se realiza o transplante

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) mantém a maior rede pública de transplantes do planeta. Exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e fornecimento de medicamentos pós-operatórios são disponibilizados sem custo. Hospitais habilitados integram o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), responsável por definir protocolos, distribuir órgãos e fiscalizar as equipes. Dessa forma, centros públicos e privados seguem as mesmas normas de segurança clínica.

Por que o procedimento é necessário

A falência de um órgão vital provoca limitações graves ou risco imediato de morte. Quando medicamentos, diálise ou outros métodos não conseguem compensar a perda de função, a substituição cirúrgica torna-se a única estratégia capaz de restaurar a qualidade de vida. A ampla estrutura brasileira, associada à expertise de equipes multidisciplinares, permite que milhares de pacientes sejam beneficiados anualmente.

Como os riscos são avaliados

Todo candidato ao transplante passa por exames clínicos, de imagem e laboratoriais rigorosos, que investigam compatibilidade imunológica, infecções ativas e condições que possam comprometer o pós-operatório. Doadores também são submetidos a triagem para descartar doenças transmissíveis e neoplasias. Mesmo com esses filtros, cinco complicações podem surgir em maior ou menor frequência. Conhecê-las contribui para o reconhecimento precoce de sinais de alerta e para o acompanhamento adequado.

1. Rejeição do órgão transplantado

A rejeição ocorre quando o sistema imune do receptor identifica o órgão recebido como corpo estranho e inicia resposta para eliminá-lo. O evento pode manifestar-se de forma aguda, horas ou dias após a cirurgia, ou crônica, meses ou anos mais tarde. Na rejeição aguda, surgem calafrios, febre, fadiga, náusea e variações abruptas da pressão arterial. Já a forma crônica provoca deterioração gradual do enxerto, com perda de função e sintomas persistentes de menor intensidade.

Para reduzir esse risco, os pacientes recebem regimes de imunossupressores ajustados de acordo com exames de sangue e avaliações clínicas periódicas. O sucesso dessa estratégia depende de adesão rigorosa ao tratamento e acompanhamento em serviços especializados.

2. Infecções no período pós-operatório

Qualquer intervenção cirúrgica cria portas de entrada para microrganismos. No transplante, a necessidade de medicamentos que diminuem a imunidade eleva a suscetibilidade a bactérias, vírus, fungos e parasitas. Infecções podem ocorrer no local da incisão, no órgão enxertado, no trato urinário ou evoluir para pneumonia.

Entre as medidas preventivas estão profilaxia com antimicrobianos, técnicas estéreis durante a operação, vigilância laboratorial e orientações de higiene pessoal. Caso uma infecção se instale, equipes médicas ajustam antibióticos e, se necessário, modulam a dosagem de imunossupressores para equilibrar combate ao agente e preservação do órgão.

3. Transmissão de neoplasias do doador

Órgãos de doadores são descartados quando exames indicam suspeita de tumor, segundo o Manual dos Transplantes do Ministério da Saúde. Contudo, células malignas microscópicas podem não ser detectadas e migrar para o receptor. Um exemplo raro foi registrado em São Paulo: após receber um fígado, um paciente de 58 anos apresentou câncer no órgão transplantado; testes de DNA comprovaram que as células tumorais tinham origem no doador.

Apesar da baixa incidência, o caso ilustra a impossibilidade de eliminar totalmente o perigo. A triagem clínica, de imagem e laboratorial permanece o recurso mais eficaz para manter a segurança, e hospitais que realizam transplantes seguem protocolos do SNT e práticas internacionais para minimizar eventual transmissão de neoplasias.

4. Contaminação por HIV em circunstâncias específicas

Outro evento incomum envolveu seis receptores de órgãos no Rio de Janeiro em 2024. Dois doadores realizaram exames em um laboratório privado e obtiveram resultado falso negativo para HIV. Entre a exposição ao vírus e a produção de anticorpos detectáveis existe uma janela imunológica de duas a três semanas; se o teste ocorre nesse intervalo, a infecção passa despercebida. Assim, órgãos foram liberados e posteriormente constatou-se a transmissão.

O episódio evidencia que falhas laboratoriais ou coleta em momento inadequado podem gerar resultados incorretos. Entretanto, a ocorrência é muito rara. Exames complementares e métodos de triagem múltipla reduzem o risco, e novos testes são realizados sempre que suspeitas clínicas exigem confirmação.

5. Doença do enxerto contra o hospedeiro

Nessa complicação, os glóbulos brancos doado — o enxerto — atacam tecidos do receptor — o hospedeiro. O quadro é mais comum em transplantes de células-tronco, mas também pode ocorrer após transplante de fígado ou intestino delgado. Sintomas incluem erupções cutâneas, icterícia, febre, dores abdominais, diarreia, vômitos, perda de peso e aumento da predisposição a novas infecções.

A despeito do risco potencialmente grave, tratamentos imunossupressores específicos controlam a reação. Monitoramento clínico cuidadoso permite intervenção precoce, elemento fundamental para preservar a vida do paciente.

Estrutura de acompanhamento no sistema público brasileiro

O Brasil consolidou um modelo integrado que cobre todas as etapas da jornada do transplantado. A Central Estadual de Transplantes avalia cada órgão disponível, verifica documentos, laudos e resultados laboratoriais antes de encaminhá-lo a um centro cirúrgico. Hospitais credenciados executam o procedimento conforme protocolos nacionais que padronizam tempos de isquemia, técnicas de anastomose e uso de imunossupressores.

Após a alta, o receptor continua assistido em consultas periódicas, onde realiza exames para detectar sinais precoces de rejeição, infecção ou outras alterações. Medicamentos como imunossupressores e antimicrobianos são fornecidos pelo SUS, evitando interrupções capazes de comprometer a evolução clínica. Esse acompanhamento integral contribui para que o país seja referência mundial em transplantes.

Conhecer os eventos adversos possíveis — rejeição, infecção, transmissão de neoplasias, contaminação por HIV e doença do enxerto contra o hospedeiro — não diminui a relevância do transplante de órgão. Pelo contrário, reforça a importância de protocolos rígidos, acompanhamento contínuo e participação ativa do paciente no tratamento. Cada etapa, da triagem do doador ao pós-operatório prolongado, foi estruturada para preservar o êxito da cirurgia e garantir que o órgão doado cumpra seu propósito de salvar vidas.

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