Trabalhar em TI garante empregos e bons salários, mas impõe novos desafios
O sector das tecnologias da informação continua a crescer no Brasil, oferecendo vagas em número superior ao de profissionais disponíveis e salários acima da média nacional. Contudo, a mesma carreira que promete estabilidade e progressão rápida também impõe jornadas prolongadas, necessidade de aprendizagem constante e riscos de sobrecarga.
Crescimento sustentado e ofertas atrativas
Dados da Confederação Nacional de Serviços, em conjunto com a FESESP e o SEPROSP, indicam que o número de profissionais de TI no país aumenta cerca de 4,4 % ao ano desde 2012. Actualmente, existem 722,5 mil trabalhadores activos, mas ainda assim persistem vagas em aberto por falta de mão-de-obra especializada.
Os salários médios rondam os 7,6 mil reais e tendem a crescer à medida que o profissional acumula experiência ou certificações. Além da remuneração base, muitas empresas recorrem a incentivos como trabalho remoto, horários flexíveis e planos de saúde para atrair e reter talento.
A concentração geográfica também é relevante: o estado de São Paulo reúne 39,6 % dos postos de trabalho (cerca de 286,1 mil pessoas), enquanto o Rio de Janeiro responde por 8,8 % (63,5 mil). A distribuição confirma a procura elevada nos principais centros económicos do país, mas não afasta oportunidades emergentes noutras regiões.
Oportunidades de evolução profissional
A rápida transformação digital de empresas e serviços cria um ambiente fértil para quem procura desafios técnicos ou funções de gestão. Novas linguagens de programação, metodologias ágeis e disciplinas como a cibersegurança ou a inteligência artificial abrem caminhos de progressão que podem ser trilhados em prazos curtos.
Essa dinâmica garante empregabilidade: profissionais qualificados tendem a recolocar-se com facilidade, mesmo quando decidem mudar de empresa ou de projecto, o que reforça a percepção de estabilidade no sector.
Pressões sobre equilíbrio pessoal e formação contínua
O outro lado da moeda surge nas exigências quotidianas. Sistemas críticos precisam de disponibilidade permanente, o que leva equipas a ultrapassar horas contratadas para cumprir prazos apertados. Entre as mulheres que actuam em TI, 71 % afirmam trabalhar além do horário para conquistar promoções.
A aprendizagem, por sua vez, não é opcional. Tecnologias e frameworks evoluem a ritmo acelerado; quem não actualiza competências arrisca perder relevância num mercado fortemente competitivo. O ciclo de estudos, certificações e adaptação a novas ferramentas integra-se, assim, na rotina profissional.
Quando recursos humanos escasseiam, a carga de trabalho distribui-se por equipas reduzidas, aumentando o risco de stress e esgotamento. Manter sistemas essenciais a funcionar implica vigília permanente e pode comprometer o equilíbrio entre vida pessoal e carreira.
Ponderar antes de escolher
O cenário é, ao mesmo tempo, promissor e exigente. Para quem valoriza salários competitivos, mobilidade e oportunidades de crescimento, a área de TI representa uma porta aberta. Contudo, a decisão deve considerar disponibilidade para jornadas prolongadas, estudo contínuo e pressão por resultados rápidos. Avaliar estes factores ajuda a alinhar expectativas e a antecipar os compromissos necessários para construir uma trajectória sólida no universo tecnológico.

Imagem: olhardigital.com.br