Trabalhadores sul-coreanos detidos nos EUA em uma operação de imigração na Geórgia serão enviados de volta a Seul nos próximos dias, após acordo entre os dois governos. O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Cho Hyun, embarcou nesta segunda-feira (9) para Washington a fim de concluir a liberação dos 475 funcionários retidos, dos quais mais de 300 possuem nacionalidade sul-coreana.
O episódio aconteceu em 4 de setembro, quando agentes do Departamento de Segurança Interna dos EUA realizaram a maior ação em um único local já registrada pela agência, dentro de uma fábrica de baterias em construção no complexo da Hyundai, na cidade de West Point, Geórgia. Imagens divulgadas mostram alguns trabalhadores algemados nos pulsos, tornozelos e cintura, provocando indignação em Seul.
Trabalhadores sul-coreanos detidos nos EUA serão repatriados
No domingo (8), o governo sul-coreano anunciou que Washington concordou com a libertação imediata dos detidos e autorizou um voo fretado para transportá-los de volta. De acordo com Cho Hyun, restam apenas trâmites administrativos para que o avião decole, possibilidade prevista “a qualquer momento” nesta semana.
Em audiência no Parlamento coreano antes de deixar Seul, o chanceler classificou a operação como “gravíssima” e disse não ter sido informado previamente. Parlamentares de diferentes siglas criticaram a ação dos EUA e alertaram para efeitos negativos nos investimentos coreanos em território americano. “Como as empresas poderão continuar aplicando recursos se veem seus empregados sendo detidos dessa forma?”, questionou o deputado Cho Jeong-sik, do Partido Democrata.
O presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou apoio à iniciativa da imigração, mas sinalizou no domingo que pretende negociar com Seul um programa de treinamento para que norte-americanos substituam estrangeiros em áreas como montagem de baterias e computação.
Analistas em Seul avaliam que o incidente evidencia o choque entre a meta norte-americana de repatriar linhas produtivas e a limitação de vistos de trabalho, como H-1B e H-2B, para profissionais estrangeiros qualificados. “As empresas terão de repensar suas estratégias, pois dependem de equipes especializadas que, agora, enfrentam barreiras para entrar nos EUA”, afirma Paik Wooyeal, professor da Universidade Yonsei.
Relatórios da Eugene Investment & Securities e da Daishin Securities apontam que a retenção dos trabalhadores pode atrasar o cronograma do novo complexo de baterias, previsto para entrar em operação no início de 2025, impactando diretamente os planos da Hyundai para veículos elétricos no mercado americano.
Cho Hyun informou que parte dos profissionais detidos talvez precise retornar à Geórgia mais tarde para concluir a instalação da planta. Segundo ele, o tema será levado às negociações bilaterais para evitar novos atrasos. “Deixaremos claro que qualquer atraso causa perdas significativas também aos Estados Unidos”, declarou.
À medida que os detalhes finais são acertados, Seul avalia usar o episódio como impulso para negociar a ampliação de vistos de trabalho destinados a cidadãos sul-coreanos qualificados, buscando prevenir futuras interrupções em projetos industriais conjuntos.
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Crédito da imagem: Global News