Tony Blair Gaza: ex-premiê cotado para chefiar transição

Tony Blair Gaza está no centro de negociações diplomáticas que preveem a criação de uma autoridade de transição para administrar o território palestino caso um cessar-fogo seja firmado, revelaram fontes ouvidas pela BBC.
Segundo interlocutores, o ex-primeiro-ministro britânico participa de conversas de alto nível com representantes dos Estados Unidos, da ONU e de nações árabes para definir o futuro de Gaza após o fim da guerra iniciada em 7 de outubro de 2023.
Tony Blair Gaza: ex-premiê cotado para chefiar transição
O modelo avaliado prevê que Gaza seja governada temporariamente por um órgão respaldado pela ONU e financiado por países do Golfo, antes de ser devolvida à autoridade palestina. Em Washington, ganha força a proposta de que Blair assuma a liderança desse organismo, embora seu gabinete destaque que ele “não apoiará qualquer iniciativa que desloque a população de Gaza”.
Em agosto, Blair esteve na Casa Branca em reunião com o então enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que qualificou o plano como “muito abrangente”. Detalhes, no entanto, não foram divulgados. O político britânico já atuou como enviado do Quarteto (EUA, UE, Rússia e ONU) entre 2007 e 2015, período em que focou no desenvolvimento econômico dos territórios palestinos e na viabilização de uma solução de dois Estados.
A movimentação ocorre dias depois de o presidente palestino Mahmoud Abbas declarar na ONU estar disposto a colaborar com líderes mundiais, inclusive Donald Trump, para implementar um acordo de paz baseado em dois Estados, descartando qualquer participação futura do Hamas.
Nesta semana, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram oficialmente o Estado da Palestina, passo seguido por França e Dinamarca. Israel e EUA criticaram a medida, classificando-a como recompensa ao Hamas. Em resposta, o líder trabalhista britânico Sir Keir Starmer afirmou que não há espaço para o grupo islâmico em um governo ou na segurança do futuro Estado.
O conflito já provocou a morte de pelo menos 65.419 pessoas em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas. A Comissão de Inquérito da ONU acusou Israel de genocídio, alegação rejeitada por Tel Aviv.
Para analistas citados pela BBC, a escolha de Blair busca agregar experiência diplomática e apoio financeiro árabe, mas enfrenta resistência devido ao envolvimento dele na Guerra do Iraque em 2003, decisão criticada por basear-se em informações de inteligência consideradas falhas.
A discussão sobre quem comandará Gaza após o conflito é vista como peça-chave para destravar as negociações de paz e responder à pergunta que surge com o reconhecimento palestino: quem governará o novo Estado?
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Crédito da imagem: EPA
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