Terra regista um dos dias mais curtos de sempre e pode repetir feito em agosto
O planeta completou a rotação de 22 de julho de 2025 em menos 1,34 milissegundos do que o habitual, estabelecendo um dos recordes de dia mais curto desde o início das medições com relógios atómicos.
O que aconteceu
Segundo dados compilados pelo Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) e divulgados pelo portal Space.com, a Terra levou 86 398,66 segundos para girar uma vez sobre o seu eixo nesta terça-feira, 22 de julho. A diferença, embora impercetível no quotidiano, confirma a tendência de aceleração observada desde os anos 1970.
Causas apontadas pelos especialistas
Vários fatores afetam a velocidade de rotação:
- atração gravitacional da Lua, responsável pelo fenómeno de travagem das marés;
- posição do Sol e alterações sazonais na atmosfera;
- variações no núcleo terrestre, atividade sísmica e distribuição de massas oceânicas e glaciais;
- alterações no campo magnético do planeta.
Um estudo publicado em 2020 sugere que o degelo recente e o consequente deslocamento de água para o hemisfério Norte podem contribuir para o atual encurtamento dos dias.
Impacto nos sistemas de cronometragem
Sistemas que dependem de sincronização submilissegundo — satélites, redes de telecomunicações e servidores — utilizam o Tempo Universal Coordenado (UTC) para manter a precisão. Caso a aceleração prossiga, os especialistas admitem a necessidade de retirar um segundo bissexto, processo inverso ao praticado desde 1972.
Perspetivas para agosto
Os modelos do IERS apontam para um dia ainda mais curto em 5 de agosto de 2025, com menos 1,25 milissegundos que o padrão de 24 horas. Apesar da atual rapidez, a tendência a longo prazo continua a ser de desaceleração — estima-se que a rotação abrande cerca de 2 milissegundos por século.
Contexto histórico
A duração de um dia não foi sempre igual. Há cerca de 1,5 mil milhões de anos, o dia terrestre rondava as 19 horas; há 250 milhões de anos, aproximava-se das 23 horas. A maior proximidade da Lua nesse período garantia um efeito de maré mais intenso, afastando-a gradualmente e prolongando os dias até às atuais 24 horas.