Tecnologia WhoFi identifica pessoas através de Wi-Fi com 95% de precisão
Investigadores da Universidade La Sapienza, em Roma, apresentaram uma solução que reconhece indivíduos observando apenas a forma como o corpo altera os sinais de Wi-Fi. O sistema, designado WhoFi, foi descrito num artigo disponibilizado em 17 de julho na plataforma arXiv e obteve 95,5 % de acerto durante os testes.
Identificação sem câmaras nem linha de visão
A equipa recorreu a dois routers TP-Link N750 comuns para gerar o sinal sem fios. À medida que as ondas atravessam o espaço, sofrem pequenas alterações de amplitude e fase provocadas por ossos, órgãos e outros componentes do corpo humano. Essas mudanças ficam registadas nas Channel State Information (CSI), um conjunto de dados que descreve as características do canal de propagação.
Com base nas CSI, algoritmos avançados filtram anomalias, corrigem desvios de sincronização e extraem padrões exclusivos de cada pessoa. Nos ensaios, 14 voluntários circularam pelo ambiente usando diferentes combinações de roupa e acessórios. Mesmo com estas variações, o WhoFi distinguiu os participantes com uma taxa de sucesso superior a iniciativas semelhantes, que raramente ultrapassam 75 %.
Ao dispensar câmaras, o método contorna limitações típicas de videovigilância, como iluminação deficitária, ângulos desfavoráveis ou obstáculos físicos. Além disso, paredes e objetos não comprometem a deteção, uma vez que o sinal Wi-Fi atravessa barreiras não metálicas com relativa facilidade.
Aplicações potenciais e riscos para a privacidade
Segundo os autores, o WhoFi pode reforçar a segurança em espaços sensíveis, monitorar acessos a instalações industriais ou identificar ocupantes durante operações de emergência. Também é apontada a utilização em retalho, permitindo reconhecer clientes recorrentes e personalizar ofertas.
Contudo, a mesma capacidade levanta preocupações. A onipresença de redes Wi-Fi em locais públicos e privados facilitaria o rastreio de indivíduos sem necessidade de telemóvel ou outro dispositivo, ampliando o potencial de vigilância não autorizada. Especialistas em privacidade alertam que faltam salvaguardas jurídicas específicas para este tipo de recolha biométrica invisível.
Próximos passos da investigação
Ainda em fase de protótipo, o WhoFi depende apenas de software especializado e equipamentos de rede de baixo custo, o que pode acelerar a sua disseminação. A equipa de Roma pretende agora testar o sistema em cenários mais complexos, com número superior de participantes e ambientes com múltiplas fontes de interferência, para validar a escalabilidade da solução.
Enquanto não se definem normas de utilização, a tecnologia confirma a evolução dos métodos de identificação biométrica e reforça o debate em torno do equilíbrio entre segurança e direitos individuais.

Imagem: tecmundo.com.br