Symbian: ascensão e queda do sistema antes de Android e iOS domina o debate quando se fala em plataformas móveis que marcaram época. Criado pela britânica Psion em 1989, o software migrou dos PDAs para os celulares e, no início dos anos 2000, equipou quase 70% dos smartphones vendidos mundialmente.
No auge, Nokia, Siemens, Ericsson e Motorola investiam na empresa que licenciava a base do sistema para cada fabricante customizar à própria maneira, estratégia que foi crucial para a expansão — e, depois, para a derrota do Symbian.
Symbian: ascensão e queda do sistema antes de Android e iOS
A fragmentação ficou evidente à medida que marcas criavam variantes incompatíveis entre si. Enquanto a Nokia apostava no S60, Sony Ericsson e Motorola preferiam a interface UIQ. O resultado foi um ecossistema confuso: aplicativos feitos para um aparelho nem sempre rodavam em outro, o que desestimulava desenvolvedores.
Números ilustram o declínio. De 450 mil unidades vendidas em 2001, o Symbian saltou para 2,1 milhões no ano seguinte e alcançou 300 fabricantes parceiras em 2006. Porém, em 2012, sua participação despencou para 4,4% dos novos smartphones, já sufocado pelo iOS (2007) e principalmente pelo Android, lançado um ano depois.
Além da fragmentação, bugs constantes e falhas de segurança prejudicaram a confiança do consumidor. A tentativa de reação veio em 2008, quando a Nokia comprou todas as ações da Symbian Ltd. e criou a Symbian Foundation, tornando o código aberto e elegendo o S60 como padrão. As atualizações Symbian^1 (2009), Symbian^3 (2010), Anna e Belle (2011) prepararam o terreno para telas sensíveis ao toque, mas chegaram tarde.
Em 2011, a Nokia anunciou parceria com a Microsoft para priorizar o Windows Phone. O último aparelho nativo da plataforma, o Nokia 808 PureView, chegou em 2012; em 2013, a venda de smartphones Symbian foi encerrada e, no fim desse mesmo ano, também o suporte oficial.
Hoje, o sistema sobrevive apenas em mãos de entusiastas, que dependem de desbloqueio e repositórios informais para instalar apps num cenário em que redes 2G e 3G começam a ser desligadas. Como conclui uma reportagem da The Verge, o legado do Symbian foi decisivo para a evolução dos smartphones, mas sua arquitetura fechada e a falta de uma loja unificada abriram caminho para concorrentes mais ágeis.
Em resumo, o Symbian fracassou por estagnação tecnológica, complexidade de desenvolvimento e competição agressiva — o mesmo destino que ameaçou outros projetos, como Windows Phone e Firefox OS. Mesmo assim, seu papel pioneiro na popularização dos “telefones inteligentes” permanece reconhecido.
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Crédito da imagem: Divulgação/Nokia