Suprema Corte imigração Los Angeles — A Suprema Corte dos Estados Unidos autorizou a continuidade das recentes operações de imigração conduzidas pelo governo federal na área de Los Angeles, revertendo uma liminar que exigia “suspeita razoável” para abordagem de agentes.
Por seis votos a três, a maioria conservadora entendeu que as restrições impostas pela juíza distrital Maame E. Frimpong limitavam excessivamente a atuação do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). A decisão representa vitória para o presidente Donald Trump, que promete atingir recordes de deportação.
Suprema Corte mantém operações de imigração em LA
O relator Brett Kavanaugh escreveu que etnia “não pode, sozinha, constituir suspeita razoável”, mas pode ser “fator relevante” combinado a outros indícios. Já a ala liberal alertou para possíveis violações constitucionais; na dissidência, Sonia Sotomayor afirmou que “incontáveis pessoas foram algemadas apenas por aparência, sotaque ou tipo de trabalho”.
A liminar derrubada havia sido concedida em julho, após organizações de defesa de imigrantes alegarem em documentos judiciais que agentes realizavam patrulhas móveis indiscriminadas, impedindo acesso a advogados. A juíza proibira abordagens baseadas exclusivamente em aparência, idioma ou ocupação — como em canteiros agrícolas, lava-rápidos e lojas de materiais de construção.
Desde junho, quando as batidas começaram, protestos tomaram bairros latinos de Los Angeles. Trump chegou a enviar quase 2 000 integrantes da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais para conter manifestações, medida posteriormente considerada ilegal por outro tribunal federal.
No parecer desta segunda-feira, a Suprema Corte avaliou que as ações do governo têm “boa chance” de serem consideradas constitucionais no julgamento de mérito. Enquanto isso, o Departamento de Segurança Interna argumenta que as abordagens se baseiam no status migratório, não em raça ou língua.
Analistas observam que o aval judicial pode abrir caminho para operações semelhantes em outras cidades. O presidente já sinalizou que decidirá, ainda esta semana, sobre o envio de forças federais a Chicago e continuará reforçando o policiamento em Washington, D.C.
Em nota, a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, classificou a decisão como “perigosa e antiamericana”, dizendo que ela “ameaça o tecido das liberdades individuais”. Grupos de direitos civis prometem recorrer e pressionar o Congresso por limites claros às atividades do ICE.
Enquanto o embate jurídico prossegue, especialistas recomendam que trabalhadores migrantes conheçam seus direitos e mantenham documentos de identificação por perto. Organizações locais oferecem linhas de apoio jurídico gratuito e orientações em vários idiomas.
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(Crédito da imagem: Getty Images)