Startup brasileira leva telecirurgia assistida com IA ao Amazonas e conclui 150 operações

A Diagnext, empresa brasileira dedicada à telemedicina, concluiu uma prova de conceito que empregou inteligência artificial e realidade aumentada para apoiar cirurgias ortopédicas em unidades hospitalares do Amazonas. O projeto, realizado com apoio da Intel, envolveu mais de uma centena de intervenções em três hospitais militares do estado.

Cirurgias remotas com latência inferior a 600 ms

A iniciativa recorreu a óculos de realidade aumentada e câmaras 3D instaladas nas salas cirúrgicas. O especialista remoto, equipado com o dispositivo, acompanhou em tempo real o campo operatório e orientou a equipa local durante o procedimento. Para garantir comunicação estável, a Diagnext utilizou satélites de órbita terrestre baixa e uma ligação Starlink, mantendo a latência audiovisual abaixo dos 600 milissegundos, mesmo com débitos entre 256 e 512 kbps.

As operações concentraram-se em fraturas de menor complexidade, incluindo reconstruções de joelho. De acordo com a startup, cerca de 150 cirurgias beneficiaram do suporte remoto, além de um volume semelhante de exames avaliados em regime de telerradiologia.

Compressão adaptativa acelera transmissão de imagens

Para viabilizar o envio de exames em regiões com conectividade limitada, a Diagnext desenvolveu um sistema de compressão adaptativa de ficheiros DICOM. Testes internos apontam redução média de 75 % a 97 % no tamanho dos ficheiros, sem perda diagnóstica, o que encurtou o tempo de upload de 45 para dois minutos. Relatórios clínicos passaram a ser emitidos em menos de 48 horas.

O mecanismo foi validado por radiologistas num protocolo duplo-cego. Em 8 % dos casos, a versão comprimida apresentou qualidade superior à original, segundo métricas SSIM e PSNR. A tecnologia cobre modalidades como tomografia computorizada, ressonância magnética, radiografia digital e ecografia.

Parceria tecnológica com a Intel

A infraestrutura do projeto assenta em servidores com processadores Intel Xeon de 4.ª geração, responsáveis pelo processamento de vídeo em tempo real, e em mini-PC Intel NUC para estações locais. Portáteis equipados com CPUs Alder Lake de 12.ª geração dão suporte ao pessoal clínico e técnico. Segundo a Diagnext, a plataforma é escalável e pode receber actualizações de software sem troca de hardware.

Operação em rede de hospitais militares

A prova de conceito decorreu a 4 de abril em Manaus, Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira. A escolha da região norte deveu-se à dificuldade de acesso a especialistas, às grandes distâncias e à escassez de infra-estruturas. O exército brasileiro prestou apoio logístico e cedeu as instalações hospitalares.

Durante o período de testes, a disponibilidade operacional atingiu 99,1 %, segundo dados internos. A empresa refere que o modelo pode ser replicado em outras zonas remotas do país ou aplicado em situações de emergência, como desastres naturais.

Próximos passos

Com a prova de conceito concluída, a Diagnext prepara a fase de operacionalização. O projecto recebeu interesse de entidades espanholas que avaliam financiar a extensão do modelo a outras regiões. A startup estuda igualmente a utilização da plataforma em ensino médico, permitindo que estudantes acompanhem cirurgias em directo ou em gravações de alta resolução.

A empresa não descarta o uso futuro de robôs cirúrgicos, mas sublinha que o objectivo imediato é transferir conhecimento humano e encurtar tempos de resposta nos casos de urgência.

A telemedicina ganhou novo impulso após o período de isolamento pandémico e, no Amazonas, apresenta-se como solução para superar dificuldades geográficas. A Diagnext afirma que o êxito da primeira série de cirurgias remotas confirma a viabilidade técnica e económica do modelo, sustentado por compressão de dados, redes de baixa latência e assistência em realidade aumentada.

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Imagem: tecmundo.com.br

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