O primeiro-ministro do Reino Unido, Sir Keir Starmer, declarou perante cerca de 30 países ocidentais que existe um “compromisso inabalável” com a defesa da Ucrânia, sustentado por Washington, e apelou ao aumento da pressão sobre Moscovo para terminar o conflito que dura há mais de 40 meses.
Garantias de segurança em discussão
A reunião, realizada maioritariamente por videoconferência e co-presidida por Starmer e pelo presidente francês Emmanuel Macron, integra a denominada “Coalition of the Willing”. Entre os pontos centrais esteve a criação de garantias de segurança para Kyiv. Segundo fontes do Eliseu, o plano assenta em três pilares: reforço das Forças Armadas ucranianas, possível destacamento de uma força de dissuasão europeia e um “rede de segurança” norte-americana.
O presidente norte-americano Donald Trump, que participou por telefone após o encontro de Paris, indicou estar disponível para apoiar “provavelmente” com meios aéreos. Parceiros europeus consideram o envolvimento dos EUA indispensável para dar credibilidade ao esquema de proteção. O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, afirmou ser crucial obter “clareza” sobre o que cada membro poderá fornecer antes de definir o contributo de Washington. Entre as hipóteses discutidas contam-se apoio de defesa antiaérea e partilha de inteligência.
Volodymyr Zelensky adiantou que recebeu “sinais” positivos dos Estados Unidos relativamente ao papel de fiador. Em Paris, o enviado especial norte-americano Steve Witkoff reuniu-se com o líder ucraniano para detalhar essa participação.
Ceticismo face a Moscovo
Starmer sublinhou que Vladimir Putin “não é fiável” enquanto prosseguir a ofensiva. A confiança num acordo diminuiu após o encontro de Putin com Trump no Alasca, no mês passado. Ainda assim, o presidente norte-americano reiterou à cadeia CBS que pretende “resolver a situação” e mantém “boa relação” com ambas as partes.
Do lado russo, o Kremlin insiste em que nenhum militar ocidental seja destacado para território ucraniano e pretende figurar entre os países “garantes” de um eventual acordo, proposta rejeitada por Kyiv e seus aliados. Putin afirmou ver “luz ao fundo do túnel”, mas advertiu que, sem entendimento, Moscovo “cumprirá todos os objetivos pela via militar”.
Força de dissuasão divide aliados
A Ucrânia procura a formação de uma força de tranquilização com contingentes britânicos, franceses e de outros países europeus. O governo alemão considera prematuro assumir esse compromisso. Rutte respondeu que Moscovo “não tem veto” sobre a presença de tropas aliadas num Estado soberano.
Fontes francesas evocaram a linha de demarcação entre as Coreias, mantida há décadas com forte presença dos EUA, como exemplo de dissuasão eficaz. Para Kyiv, essa demonstração de apoio explícito é “extremamente importante”.
Caminho incerto para a paz
A Ucrânia e os seus parceiros defendem um cessar-fogo como primeiro passo, enquanto a Rússia exige um acordo de paz abrangente antes de suspender operações militares. O Eliseu concluiu que Moscovo “não pretende” incluir um cessar-fogo imediato nas negociações.
Entretanto, Putin reuniu-se em Pyongyang com os líderes da China e da Coreia do Norte, reforçando a mensagem de que a Rússia continua a expandir alianças e a avançar “em todas as frentes” na Ucrânia.
Sem consenso sobre a natureza das garantias ou sobre a ordem dos passos diplomáticos, o encontro de Paris terminou com a reafirmação pública de que o Ocidente manterá ajuda militar e política a Kyiv pelo tempo necessário. Resta agora formalizar os detalhes práticos desse “compromisso inabalável” que Starmer, Macron e a Casa Branca dizem partilhar.