A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) concluiu a avaliação ambiental solicitada pela SpaceX e autorizou a empresa a aumentar de 50 para 120 o número anual de lançamentos do foguete Falcon 9 a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida.
Parecer aponta impacto «não significativo»
O relatório final da FAA indica que a ampliação das operações «não afectará de forma significativa o ambiente humano». A agência examinou alterações no ritmo de missões, a construção de uma nova zona de aterragem para até 34 propulsores reutilizáveis por ano e o consequente tráfego de viaturas e maquinaria pesada no complexo militar.
Entre as condições impostas constam:
Protecção da vida selvagem: iluminação direccionada para minimizar perturbações a tartarugas-marinhas durante operações nocturnas e estudos prévios sobre populações de gaio-da-Flórida e cobra-índigo-oriental.
Gestão de águas residuais: a FAA concluiu que é «altamente improvável» que as descargas do sistema de dilúvio utilizado na plataforma cheguem a cursos de água próximos. A questão sofreu escrutínio adicional depois de a SpaceX ter sido alvo de processos no Texas por alegados impactos similares na Starbase.
Licenças finais ainda pendentes
Apesar do parecer positivo, a empresa de Elon Musk necessita de uma actualização da licença de lançamento emitida pela FAA e da aprovação do Departamento da Força Aérea, proprietário do terreno onde se situa a plataforma. Só depois destes passos legais a cadência de missões poderá, de facto, atingir os 120 voos anuais.
O reforço operacional em Cabo Canaveral pretende dar resposta à procura de lançamentos comerciais, missões governamentais norte-americanas e à colocação de novos satélites da constelação Starlink.
Expansão na Costa Oeste
Paralelamente, a SpaceX apresentou planos para executar até 100 lançamentos Falcon por ano a partir da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia. A movimentação visa equilibrar a oferta entre as duas costas dos EUA e reduzir constrangimentos meteorológicos ou logísticos num único local.
Falcon 9 e Starship na mesma estratégia
Com 70 metros de altura e primeiro estágio reutilizável, o Falcon 9 consolidou-se como o veículo mais activo do sector. Já a Starship, com 123 metros e capacidade para transportar 150 toneladas ou até 100 pessoas, continua em fase de testes no Texas, mas poderá ser lançada futuramente tanto na Flórida como na Califórnia, segundo documentos entregues pela empresa.
O objetivo declarado é utilizar a Starship em missões lunares, marcianas e em cargas pesadas para órbita terrestre. A coexistência dos dois sistemas integra-se na estratégia de curto prazo: manter uma cadência elevada de voos Falcon 9 para gerar receita, enquanto se desenvolve o veículo de próxima geração.
Cadência recorde de lançamentos
A SpaceX lidera actualmente o mercado mundial de lançamentos orbitais. Em 2023, o Falcon 9 voou mais de 90 vezes, estabelecendo um novo recorde anual para um único tipo de foguete. Caso as licenças finais sejam concedidas, a capacidade de 120 missões anuais apenas a partir da Flórida colocará a empresa num patamar sem precedentes no sector aeroespacial.
O parecer agora emitido representa, assim, mais um passo no processo regulatório, mas não o último. A decisão final cabe, ainda, à FAA e às autoridades militares, que irão avaliar se todos os requisitos de segurança, infraestrutura e protecção ambiental são cumpridos antes de cada lançamento.