A Sony deu dois sinais claros de abertura ao mercado multiplataforma: anunciou a chegada de Helldivers 2 à Xbox Series X|S e publicou uma vaga para um diretor sénior responsável por lançar títulos dos PlayStation Studios noutras consolas, PC e dispositivos móveis.
Vaga procura líder para lançamentos fora do ecossistema PlayStation
A oferta de emprego, divulgada nos canais oficiais da Sony Interactive Entertainment, descreve o objetivo de “maximizar a rentabilidade dos jogos PlayStation fora do ecossistema proprietário”. O futuro diretor sénior irá chefiar uma equipa encarregada de porting, gestão de parcerias e publicação em plataformas como Xbox, Nintendo Switch 2, PC e mobile. O anúncio confirma a intenção de encurtar o intervalo entre o lançamento original e a chegada aos novos destinos, replicando a estratégia já aplicada ao PC nos últimos anos.
Esta mudança aproxima a Sony da política adoptada pela Microsoft, que tem colocado franquias internas em sistemas concorrentes. Um reflexo dessa abordagem foi Forza Horizon 5, título que se tornou o jogo mais vendido no PlayStation 5 em 2025, ultrapassando produções da própria Sony.
Helldivers 2 estreia selo PlayStation Studios na Xbox
Paralelamente, a empresa confirmou que Helldivers 2 chega à Xbox Series X|S em 26 de agosto. Será a primeira vez que um jogo com a marca PlayStation Studios é lançado na consola da Microsoft. O diretor do jogo, Mikael Eriksson, garantiu que a versão incluirá funcionalidade de cross-play, permitindo sessões partilhadas entre utilizadores PlayStation, Xbox e PC.
A abertura a plataformas externas não se limita a títulos de serviço. Fontes da indústria referem que projetos paralelos, como spin-offs e colaborações (ex.: Lego Horizon), também podem chegar à Nintendo. No entanto, continua a não existir confirmação sobre franquias de grande orçamento, como God of War ou Marvel’s Spider-Man.
Comunidade divide-se perante o fim das exclusividades
A vaga gerou reações imediatas entre criadores de conteúdo e jogadores. Alguns influenciadores, como Zuby_Tech, anunciaram a transição do seu foco para o PC, alegando perderem motivação em produzir conteúdos centrados na PlayStation. Nas redes sociais, fãs manifestam receio de que a identidade da marca se dilua caso as principais propriedades intelectuais deixem de ser exclusivas.
Outros observadores, como o utilizador Shinobi602 no fórum ResetEra, consideram a decisão natural e benéfica para a sustentabilidade dos estúdios. Para este grupo, a expansão aumenta a base de jogadores, prolonga o ciclo de vida dos títulos e reduz a dependência das vendas de hardware.
A discussão relembra as críticas dirigidas à Microsoft após a aquisição da Activision Blizzard, quando séries como Call of Duty foram confirmadas para plataformas rivais. Tal como então, a principal questão gira em torno de até que ponto as exclusividades continuam a ser factor decisivo na escolha de uma consola.
Tendência pode moldar próximos anos do sector
A Sony não revelou calendário nem lista de jogos que seguirão o percurso multiplataforma. Contudo, a rapidez com que Helldivers 2 migra para a Xbox — menos de um ano após a estreia em PlayStation e PC — sugere um modelo cada vez mais ágil. A empresa procura, assim, equilibrar a venda de hardware com novas fontes de receita derivadas de licenciamento e parcerias externas.
Com Microsoft e Sony a adotarem políticas convergentes, analistas do sector antecipam que o conceito tradicional de “exclusivo de consola” possa ceder lugar a janelas temporárias de lançamento, focadas na rentabilidade imediata e no crescimento das comunidades online.
Para os jogadores, o resultado mais visível será um portefólio de títulos de grandes estúdios disponível em mais sistemas, acompanhado por funcionalidades de progressão cruzada e cross-play. Resta acompanhar se outras editoras de peso, como a Nintendo, seguirão o mesmo caminho ou manterão o modelo fechado que historicamente as distingue.
Imagem: tecmundo.com.br
