Situação catastrófica em Gaza City domina o terceiro dia da ofensiva terrestre israelense, segundo a porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), Olga Cherevko. Ela relatou à BBC que viu um fluxo constante de palestinos caminhando para o sul enquanto tanques avançavam e explosões se repetiam na maior área urbana do território.
Apesar da ordem israelense para evacuar, centenas de milhares de civis continuam na cidade, onde a fome foi confirmada no mês passado. Hospitais operam acima de 180% da capacidade e carecem de insumos críticos, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Situação catastrófica em Gaza City desafia hospitais, ONU
Cherevko percorreu 29 km até Gaza City em 14 horas. Durante o trajeto, a equipe da ONU passou por múltiplos ataques aéreos “muito próximos” ao comboio. “É golpe após golpe”, descreveu. No caminho inverso, pessoas carregavam apenas colchões ou sacos plásticos, muitas sem dinheiro para transporte.
A OMS, por meio do diretor Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que feridos e pessoas com deficiência não conseguem chegar às zonas consideradas seguras. Em postagem no X, ele afirmou que os hospitais restantes correm risco de colapso, pois a violência impede a entrega de suprimentos vitais.
Pelo menos 200 mil palestinos já cruzaram do norte para o sul desde agosto, 55 mil deles desde domingo, segundo dados da ONU. Muitos dormem em calçadas de Deir al-Balah e Khan Younis por falta de abrigo. A UNFPA acrescentou que mulheres estão sendo obrigadas a dar à luz nas ruas, sem acesso a água limpa ou assistência médica.
O Exército de Israel declarou que suas forças estão “desmantelando infraestrutura terrorista e eliminando combatentes” em Gaza City para libertar reféns e derrotar cerca de 3 mil integrantes do Hamas. Testemunhas citaram tanques nos bairros Sheikh Radwan e Tal al-Hawa, onde explosões controladas atingiram residências.
Autoridades médicas locais contabilizaram ao menos 14 mortes por fogo israelense nesta quinta-feira, nove delas dentro da cidade. Desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023, o Ministério da Saúde de Gaza afirma que 65.141 pessoas morreram e 435 sucumbiram à fome. Para mais detalhes, consulte a cobertura da BBC.
Diante do impasse humanitário, especialistas temem que a capacidade hospitalar – hoje de 1.790 leitos para 2,1 milhões de habitantes – entre em colapso total se a ofensiva continuar sem corredores seguros para suprimentos e evacuações médicas.
O avanço militar, o êxodo em massa e o colapso dos serviços de saúde mantêm Gaza City no centro da crise. Acompanhe atualizações contínuas em nossa editoria de Notícias e Tendências e saiba como essa situação evolui.
Crédito da imagem: Reuters