Supernatural chega às duas décadas de existência e, para o seu antigo showrunner Andrew Dabb, a longevidade da produção deve-se sobretudo à mensagem central de que qualquer pessoa pode tornar-se heroína. Em declarações ao portal televisivo TV Insider, o responsável pelas temporadas 12 a 15 salientou que a relação entre os irmãos Sam e Dean Winchester continua a oferecer conforto a diferentes gerações de espectadores, mesmo após o fim da série em 2020.
Uma história sobre heróis improváveis
Lançada no canal The WB a 13 de setembro, a obra criada por Erik Kripke acompanhou durante 15 temporadas a viagem dos irmãos Winchester pelos Estados Unidos, enquanto investigavam lendas urbanas e enfrentavam criaturas sobrenaturais. Dabb, que assumiu o comando criativo na décima segunda temporada, sublinhou que a produção nunca pretendeu apenas mostrar monstros em série. O objetivo principal, explicou, era transmitir que «dois homens comuns podem salvar pessoas em circunstâncias extraordinárias».
O argumentista destacou que Sam e Dean são «incrivelmente competentes» e, apesar dos frequentes conflitos entre ambos, partilham uma ligação de amizade e respeito pouco comum em narrativas centradas em personagens masculinas. Essa dinâmica, acrescentou, permite ao público identificar-se com protagonistas humanos, capazes de falhar e de reconciliar-se, em vez de heróis inalcançáveis.
Relevância sem prémios de peso
Segundo Dabb, o verdadeiro feito de Supernatural não reside em grandes galardões internacionais — distinções que a série nunca conquistou em quantidade —, mas no facto de permanecer popular junto de diferentes faixas etárias. «O legado está em agradar a várias gerações», afirmou, realçando ainda o papel das equipas de argumentistas que, ao longo dos anos, construíram argumentos «duradouros e interessantes», mesmo reconhecendo oscilações de qualidade entre episódios.
O showrunner elogiou igualmente os intérpretes Jared Padalecki (Sam) e Jensen Ackles (Dean), que iniciaram o projeto muito jovens e evoluíram profissionalmente à medida que a narrativa avançava. Dabb considera que o crescimento dos atores refletiu-se no desenvolvimento das personagens, contribuindo para o carinho do público.
Mudanças de bastidores e um spin-off de curta duração
Criada por Kripke depois de quase uma década de tentativas, a série esteve prestes a encerrar na quinta temporada, conforme intenção original do autor. Contudo, o sucesso de audiência levou a Warner a prolongar a história. Após a saída de Kripke, o comando passou por Sera Gamble, Jeremy Carver, Andrew Dabb e Robert Singer, até ao desfecho transmitido em 2020.
Em 2022, o universo ganhou o spin-off The Winchesters, focado na juventude dos pais de Sam e Dean. A produção não chegou a convencer público nem crítica e foi cancelada depois de uma única temporada.
Possível reencontro em The Boys
Embora não exista um plano oficial para celebrar os 20 anos de Supernatural com um episódio especial ou reunião de elenco, algo semelhante poderá acontecer em The Boys. A série da Prime Video, também criada por Erik Kripke, deverá juntar Padalecki e Ackles no arco final, devolvendo à dupla a oportunidade de contracenar num contexto diferente.
Com o marco das duas décadas, Supernatural confirma a sua influência no panorama do entretenimento televisivo. Para Andrew Dabb, a permanência da série no imaginário coletivo demonstra que histórias baseadas em empatia e sacrifício mantêm-se atuais, mesmo num cenário de rápida renovação de conteúdos.
